20. Encontrando uma Pista

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Através do vidro da janela do carro, Sakura e Orochimaru avistaram o que seria um cemitério sendo engolido por uma neblina naquele resto de madrugada. As paredes cinzentas com uma cerca de metal enferrujado e pontas que lembravam flechas para rasgar a carne daqueles que quisessem pular o muro do local ermo. O veículo estacionou debaixo da sombra de uma árvore velha e com folhas murchas. O quarteto saiu do carro e seguiram para dentro das ruínas da cidade dos mortos. Sakura cruzou os braços, se encolhendo de frio enquanto Orochimaru lhe fazia companhia com olhares desconfiados para os dois do futuro que caminhavam na frente e com passos determinados.

Gatos pretos foram vistos passando correndo feito vultos assombrosos pelas brechas dos túmulos e os seus olhos brilhavam como criaturas demoníacas. Uma coruja passou rasgando o véu da noite por cima da cabeça de Sakura que gritou assustada e o animal pousou no galho de uma árvore, encarando com os seus olhos imensos os intrusos. O050 se aproximou de uma cripta e empurrou com a ajuda de S050 a tampa que ecoou rouca no ar. De dentro, foi retirado uma mala preta com armas e munições.

— Por que vocês guardam armas dentro de uma cripta? — Sakura questionou com uma expressão de espanto e nojo.

— Ninguém ousaria incomodar os mortos, não acha? — S050 respondeu com um sorriso que revelava as rugas nos cantos da boca.

— Cada um terá uma arma! — O050 entregou e Sakura ficou espantada.

— Eu nunca segurei uma arma em minha vida! — sentiu o peso do objeto e nem mesmo sabia como segurar.

— Essas parecem diferentes das armas que já vi. — disse Orochimaru.

— É porque estas são do futuro! Do nosso futuro! — o outro respondeu. — Não se preocupem! É fácil de usar! Apenas destravem a arma, apontem e apertem o gatilho!

Ensinou para eles e sem querer, Orochimaru atirou. Um flash de luz atingiu um túmulo que explodiu, espalhando pedaços de concreto queimado pelo ar como se tivesse sido atingido por um forte raio durante uma tempestade. O cientista ficou incrédulo e logo o seu rosto exibiu um entusiasmo quase infantil.

— Que foda! É uma arma que solta laser!

— Você ficou louco? Poderia ter nos matado! — Sakura se zangou e ele apenas riu.

— Tomem cuidado! Se essas armas atingirem um ser humano, pode despedaçá-lo por completo! — alertou a outra. — Temos que ir! A nossa viagem vai durar um dia!

— Vocês têm um plano? Como faremos para entrar no laboratório? — Sakura questionou.

— Não se preocupe! Temos tudo planejado! Apenas sigam as nossas instruções e tudo dará certo! — sorriu. — Vamos!

...

Fugaku pediu para que o seu filho, Itachi, ficasse ao lado do casal Haruno como uma forma de impedi-lo de entrar no quarto de Sakura. O Uchiha achou melhor lidar com isso sozinho e evitar fortes emoções para o primogênito. O corredor estava escuro, mas ainda podia avistar as silhuetas dos objetos através da luz lunar que invadia pela pequena janela ao final. A porta estava fechada e girou a maçaneta redonda e fria, percebendo que a mesma estava destrancada. Procurou pelo interruptor enquanto tateava as paredes até finalmente acender a luz.

A claridade revelou um cômodo típico de uma adolescente da época com pôsteres de bandas pop formadas por garotos que faziam sucesso na juventude. A decoração recorria para tons branco e rosa, cores que Sakura gostava. Não havia sujeira no piso ou manchas nas paredes. A cortina esvoaçava lentamente pelo vento que entrava pela janela aberta e Fugaku se aproximou, observando a casa do vizinho ao lado separada por uma cerca de madeira.

A cama ainda permanecia bagunçada, revelando que quando saiu de casa pela última vez, não arrumou os lençóis. Nada foi encontrado na pequena bagunça, nem debaixo do travesseiro ou sob o colchão. Abriu as portas do guarda-roupa e encontrou peças dobradas e organizadas por momentos. As roupas que usava para ficar em casa estavam distantes das que usava para sair. Puxou as gavetas e observou roupas íntimas, meias e alguns acessórios aleatórios guardados por ali.

Se encaminhou até a escrivaninha, onde alguns livros de romance estavam lado a lado de pé. Cadernos escolares se encontram empilhados junto com um estojo cheio de lápis e canetas de diversas cores. A mochila estava no chão e Fugaku abriu, mas nada achou além de objetos do colégio. Decidiu abrir as gavetas da escrivaninha e achou um diário rosa lacrado por um cadeado. Os seus olhos brilharam por deduzir que talvez alguma pista se encontrasse ali. Em silêncio, escondeu o objeto no bolso por dentro do sobretudo e após não ter encontrado mais nada, saiu do local e desceu a escada.

Itachi se aproximou do seu pai e o casal Haruno se levantou do sofá com olhares questionadores.

— Então? Encontrou alguma coisa?

— Não! — mentiu. Não foi de maldade, mas não poderia correr o risco de estragar a investigação com o desespero de Itachi. — Preciso continuar investigando. Ainda existem pessoas para serem interrogadas.

Itachi ficou frustrado.

— Eu sinto muito por vocês estarem nessa agonia! Eu também desejo descobrir o que aconteceu com Sakura. — os pais baixaram a cabeça. — Eu preciso ir! Itachi, volte para casa! Não deixe a sua mãe sozinha e nem o Sasuke!

— Certo... — suspirou e viu o seu pai partir.

...

Da mesma forma que Ino Yamanaka foi interrogada, Temari também foi. Contudo, a garota loira e de face sisuda morava praticamente sozinha e dividia o ambiente com dois amigos, Gaara e Kankuro. Compartilhavam o mesmo colégio e conseguiam se manter com alguns trabalhos de meio período ou quando os pais da menina enviavam alguma quantia de dinheiro. Apesar de tudo o que aconteceu, ao saberem da morte de Sakura ficaram em choque e não esperavam que algo assim fosse acontecer. A própria Temari achou que a culpa foi de Ino e que a mesma poderia ter feito algo por causa dos seus ciúmes em relação ao Sasuke, mas quando soube que a Yamanaka estava fora da lista de suspeitos por não ter qualquer prova contra ela, Temari se calou.

No final das contas, Fugaku se retirou da casa sem nada importante e que pudesse ajudar nas investigações. De repente, avistou uma movimentação por parte dos policiais e franziu o cenho se aproximando.

— O que aconteceu?

— Recebemos a informação de que houve uma explosão numa residência! — respondeu um dos policiais.

— Uma explosão? Como isso aconteceu?

— Não sabemos ainda! Os bombeiros estão indo até o local! — Fugaku pensou sobre essa situação. Achou suspeito e encarou o colega em sua frente.

— Mande um grupo de peritos até o local! Qualquer informação importante, me avise!

— Sim, senhor! — partiu e Fugaku seguiu até a delegacia com pressa para descobrir o que tinha dentro do diário de Sakura.

Consertando o Passado (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora