capítulo 4

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"Ela é mó gata é tem uma cara que não vale nada"

Anna Estrella🫀

Acordei com a luz do sol no rosto, continuei paralisada olhando para o teto, sentindo as meninas deitadas ao meu lado.

Depois de tudo que aconteceu hoje de madrugada, só tô tentando esquecer.

O que tá sendo bem difícil.

As imagens vem pela minha cabeça e o fato de eu ter dúvidas se aquele animal colocou em mim ou não, tava me irritando.

Lembro de poucas coisas.

Amanda: Bom dia amor. - Escutei a voz doce dela e continuei olhando para cima.

Sua mão foi em meus cabelos e fechei os olhos, tentando não chorar.

Fernanda: Bom dia. - Abri os olhos novamente e forcei um sorriso.

Anna: Bom dia. - Me levantei, senti uma dor na barriga e fiz careta.

Fernanda: Tá bem? - concordei.

Levantei a blusa masculina branca e vi um hematoma roxo.

Olhei para meninas que encarava aquilo e abaixei a blusa.

Anna: Preciso de um banho e roupas limpas - Elas concordaram e entrei no banheiro que tinha ali no quarto.

Pelo que me disseram, dormirmos na casa do tal Ret.

Foi ele que me salvou do cara e tenho que falar com ele.

Deixei a água cai sobre meu corpo e as lágrimas foram junto.

Meu corpo ficou mole e eu caí de joelhos no chão chorando.

A dor se estalou no meu peito.

O ódio, a culpa e a angústia era presente.

Tudo era presente ali.

Senti as mãos do cara e comecei a chorar de novo, as imagens vieram.

Me sentia suja, e eu só queria me limpar e tira aquela dor.

Enfiei minhas mãos no meu cabelo e abaixei a cabeça.

Puxei meus cabelos e gritei começando a chora mais ainda.

Escutei a porta sendo aberta e mãos me abraçarem.

Fernanda: Calma - a água caiu sobre nós, o medo tava ali, a culpa e o jeito que eu me sentia suja.

Amanda: tá tudo bem meu amor. - Sua voz era de choro.

Deitei em seu colo e senti a mão da Fernanda sobre as minhas.

(...)

Vesti a roupa que a Fernanda tinha me arrumado.

Amanda: Onde achou essas roupas? - Falou e a Fernanda a olhou.

Fernanda: Paiva me levou pra comprar aqui no morro mesmo.

Amanda: Ele tá aqui? - perguntou e ela concordou.

Fernanda: Os três - Penteava o cabelo - Lá embaixo, sentando tomando café na maior tranquilidade nem parecem que são traficantes.

Ri.

Anna: Pelo menos o café eles tem que tomar tranquilos né? - Virei pra elas.

Amanda: Tem certeza que quer conversar com o Ret? Ele é... muito sério, frio... Sei lá - Falou - Ele me dá medo.

Fernanda gargalhou.

Amanda: Ri mesmo, otária! - falou irritada cruzando os braços.

Fernanda: Ele não é tanto assim não - Olhamos pra ela.

Amanda: Já viu o jeito que ele encara a pessoa? Parece que tá lendo a alma, sabe de todos os pecados que já cometi. Deus me livre! - Fez o final da cruz.

Ri junto a Fernanda.

Fernanda: Vamos descer, tô com fome - Concordei.

Descemos e eu observava cada detalhe dessa casa, coisa mais linda, arrumada, maioria das cores era preta e branca.

Minhas cores favoritas.

Entramos na cozinha e eu já escutei vozes.

Paiva: Matar ele na praça? Tá maluco? - Levantei o olhar vendo os três carinhas sentando ali na mesa.

O moreno foi o primeiro que percebeu nossa presença, depois o Paiva e por último o Ret que tomava uma xícara de café.

O olhar dele caiu sobre mim e ficamos nos encarando por algum tempo.

É Amanda, você tem razão.

Th: sentem aí, meninas... - sentamos na mesa.

Levantei o olhar pro Ret que me encarava ainda.

Sorri de lado envergonhada e desviei o olhar pro Paiva.

Paiva: tá tudo bem? - Concordei um pouco incomodada.

Th: Sinto muito pelo o que aconteceu mina, o cara vai pagar pelo que fez.  - Olhei para ele e concordei.

Anna: Obrigada! - Sorri sincera - Mas esse cara aí, não morreu?

Perguntei com dúvida.

Paiva: Não, ainda não - Murmurei um "hum"

Anna: Eu quero ver ele... - Falei baixo, mas senti o olhar deles em mim.

Fernanda: É o que?! - Olhei para ela.

Anna: Quero ver o cara que me estuprou
- Falei.

Th: Por que se quer ver ele? - Perguntou sério e eu o olhei desviando o olhar.

Ret: Se ela que ver o cara, deixa ela. Pode ter certeza que tem um motivo - Olhei para ele que me olhava-Não é?

Anna:Sim... - Falei olhando aqueles olhos.

Paiva: Meu irmão? - continuei olhando pra ele que não desviava o olhar por nada.

Me senti desafiada.

(...)

Anna: Podemos conversar? - Seu olhar caiu sobre mim ele concordou e ser levantou.

Fui atrás dele e fomos para parte de trás da casa, tinha uma piscina enorme.

Ret: Diz aí pô. - Sentou na cadeira e sentei na sua frente.

Soltei o ar pela boca e o encarei.

Anna: Queria te agradecer por te me ajudando...

Ret: isso não é de agradecer não mina, fiz o que é certo.

Anna: E, eu também queria saber, não lembro muita coisa, não sei se fui ou não... Você sabe.

Ret: quando cheguei ele tava se masturbando - Engoli em seco - a mão dele tava na tua parte íntima, mas eu não sei se ele chegou a entrar em ti.

Meus olhos se encheram de água e virei o rosto.

Fechei os olhos e respirei fundo.

Olhei novamente pra ele que me encarava.

Ret: Por que quer ver ele?

Anna: Quero tirar minha dúvida - sorri falsa.

Ret: Não acha que isso vai te doer mais? - Ele me encarava, em nem um momento parou de me olha.

Anna: Não, acho que não vou conseguir viver com o peso da dúvida -Falei.

Ret: De qualquer forma você foi vítima de abuso sexual, mina. Você estava desacordada sendo tocada sem seu consentimento.  - Pisquei várias vezes tentando assimilar a cada palavra.

Ok, não precisava disso, mas tudo bem.

Ele levantou e me olhou.

Ret: Saio daqui a pouco, te aviso quando tiver saindo - Não disse nada, ele saiu e continuei olhando pra frente.

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