Finalmente um descanso

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Eu me debati feito um peixe depois que é capturado pelo anzol e não fez diferença alguma para ele, pelo contrário, parecia estar tudo na mais perfeita paz enquanto me carregava. Quando chegamos em frente a um portão enorme com o brasão que eu conheci recentemente ele me pôs no chão.

-- Se fugir termino de cortar seu braço. 

-- Nossa que amável. -- Desviei o olhar, a forma de Sanemi de lidar com a proteção é muito grossa e assim adentramos a casa, logo de primeira fui guiada até o quarto de banho onde limpei meu corpo e substitui minhas vestes por um traje com kimono branco padrão para descanso, depois segui até onde  eu dormiria e percebi que havia outro futton.

-- O médico já esta aqui, só pediu para que a senhorita vestisse isso. -- Ela me entregou duas peças para por por baixo do kimono a modo de cobrir meus seios e a peça íntima e claramente concordei. -- O médico virá agora e em breve traremos o seu café da manhã.

Notificou e concordei. O doutor se apressou pedindo para que eu removesse o kimono e quando viu minhas costas suspirou:

-- A senhorita está envenenada, na verdade não sei como ainda está de pé, a coloração de suas costas indica que esse veneno está progredindo lentamente. -- Não me importei, com tal fato, mas estou orgulhosa por ter sobrevivido.

-- O senhor já viu isso antes? -- Fiquei curiosa e ele passou a analisar minhas costas com algo em mãos, pois eu sentia o metal frio encostar em meu corpo.

-- Na verdade sim, o vilarejo de onde vim um vez apresentou essa mesma característica em um estalajadeira, não consegui salvá-la, mas utilizei o que coletei de seu corpo como estudo. Só não compreendo como está viva menina. 

Ele sabe que sou uma caçadora, então deveria aderir isso a respiração, mas ao invés disso se questiona, respirei pesado e me dei por vencida recordando de todo o veneno que injetei nas partes removíveis do demônio antes de o tingir seriamente. 

-- Não sei se isso ajuda, mas eu o envenenei diversas vezes. -- Senti algo frio ser passado em minhas costas.

-- Então tá explicado senhorita.

-- Provavelmente meu veneno retardou o kekkijutsu dele. -- Conclui.

-- Senhorita tente dormir de bruços sim? Agora verei sua barriga. -- O médico se apressou em olhar a parte da frente do meu corpo onde o Oni havia me perfurado me informando que por pouco não tive um órgão perfurado e depois dos devidos cuidados ele me deixou descansar e acabei pegando no sono tão rápido que não comi, na madrugada acordei com fome e notei que o futton ao meu lado estava ocupado, no início pensei que seria um membro do esquadrão de caçadores, mas notei os fios claros como a lua e o semblante tão sereno que nem parecia o Hashira que mandaria qualquer um para onde o sol não bate, me aproximei lentamente apenas para notar seus fios úmidos e sentir seu cheiro. Se um dia tiver vergonha ela morreu ao me deparar com a possibilidade de observar Sanemi Shinazugawa.
Meu braço foi agarrado e seu peso rolou por cima de mim que ofeguei com a dor de encostar as costas no assoalho frio.

-- O que pensa que está fazendo? -- Ao se dar conta de quem eu sou, ele me liberou e se sentou no próprio futton.

-- Eu vi um mosquito e tentei matar nada demais.

-- Garota não minta pra mim, fora que eu não estava completamente adormecido. -- E assim minha vergonha voltou.

-- Olha acredite no que você quiser, seu ogro, minhas costas estão doendo. -- Revirei os olhos me levantando e evitando um contato direito.

-- Sua displicência é que fez isso.

-- Falou o cara que se corta... -- Sussurrei torcendo pra ele não escutar porém, foi em vão, então decidi mudar de assunto rapidamente:

-- Por que você me trouxe pra cá?

-- Os outros estavam á muitas horas de distância e você era a única ferida gravemente.

-- E por que ainda está aqui? -- Ok, creio que dessa vez fui muito invasiva e ele me olhou descrente.

-- Primeiro pirralha isso aqui é uma casa de descanso e segundo não lhe devo satisfações, agora vai dormir e cala a boca pois, amanhã tenho outra missão.

Revirei meus olhos e notei que minha comida estava disposta em uma bandeja e fui até lá sorrindo alegremente, apesar do peixinho esta frio estava tudo tão gostoso que comi fazendo um cadinho de barulho, mais um pouco e gritaria Umai como Rengoku-san faz quando vai almoçar conosco na casa da minha mestra.
Quando acabei deitei novamente e fechei meus olhos feliz da vida e  notei que Sanemi-sama parecia me observar.

O sol estava forte e meu traje devidamente limpo e costurado ao ponto de não parecer que rasgou, coloquei minhas vestes por cima das faixas enquanto minha facas estavam sobre o futton.

-- Escuta, conseguem me arrumar algumas glicínias e um pilão?  -- Uma das moças assentiu e quando voltou trazia consigo bem mais do que pedi, além do pilão e o socador, me trouxe faixas de tecido e enlaces de bambu, tratei de agradecer de imediato e comecei a amassar as plantas, depois peguei aquela papa e passei nas minhas lâminas e esperei secar, dentro das bainhas coloquei o restante do líquido e por fim sujei algumas glicínias ainda intactas com seu próprio sumo e as envolvi em tecido as amarrei com o bambu e enfiei dentro da nova bolseta que recebi, amarrei em meu traje deixando o compartimento de fácil acesso perto da minha mão esquerda e por fim calcei minhas meias e botas, prendi meu cabelo e olhei para a moça. -- O doutor pediu para que tomasse isto e levasse esses caso sentisse dor ou precisasse lutar. -- Peguei o copo com dois comprimidos e um líquido esverdeado ao qual estava claro que se tratava de chá verde, tomei tudo me deliciando e aceitei os bolinhos que ela me deu e assim reorganizei a bolseta colocando a comida no fundo tapada com papel depois um tecido e enfim meus venenos e remédio.
O ritual de boa sorte foi feito e na porta pronta para partir avistei Liguei a minha espera.

-- VÁ PARA A BASE REPORTAR SUA MISSÃO! SENHORITA MITSURI LHE ESPERA, SENHORITA SHINOBU TAMBÉM! VÁ PARA BASE!

-- Eu já ouvi Kugumi! -- Comecei a andar tranquilamente seguindo meu corvo quando outro o interceptou e no ar eles pareciam conversar.

-- MUDANÇA DE PLANOS, VÁ COM O HASHIRA DO VENTO PARA A ESTALAGEM DOS CONSTRUTORES. BOATOS DE QUE UM ONI ESTA DANDO FIM NOS TRABALHADORES E ATRASANDO A CONSTRUÇÃO DA PONTE! -- Revirei meus olhos, não é possível, será que não tem mais ninguém pra trabalhar com ele?

Desviei meu olhar observando Sanemi aceitar as bênçãos de boa sorte e depois seu corpo que pairava sobre ele lhe dizendo a missão sem ser tão escandaloso quanto Kugumi e por fim ele parou ao meu lado.

-- Espero que não me atrapalhe.

-- E eu que você para de reclamar. -- Sussurrei o notando sorrir, não sei porque mas creio que esse Hashira goste de ser provocado.







𝐕𝐞𝐧𝐝𝐚𝐯𝐚𝐥 | 𝐒𝐚𝐧𝐞𝐦𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora