Não mais Tsuguko...

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Eu estava ansiosa, prostrada no chão em posição de respeito ao clã Ubuyashiki, sentia minha respiração pesar, mil e uma coisas passavam por minha cabeça, como por exemplo o fato de eu ser expulsa por ter burlado algumas regras ou ainda pior, ter que arcar com as consequências por ter matado um cretino humano ou os outros que surreri por não valerem nada, o mestre Ubuyashiki adentrou a saleta acompanhado de sua dama.

-- Levante-se criança. -- Sua voz serena me fez obedecer tranquilamente e me sentei em posição de lótus.

-- Sn...

-- Mestre antes de tudo eu preciso falar. Agradeço muito por terem me aceitado no esquadrão e entendo que mereço qualquer que seja a punição, só que... -- Ele levantou a mão e eu me calei:

-- Criança ninguém vai te expulsar, eu recebi o relatório de sua missão primeiro por Fuyumi que mandou seu corvo com informações detalhadas e depois por Kugumi, o seu corvo. Agora gostaria de ouvir de você mesmo. -- Respirei pesado antes de contar sobre minha missão fui clara e objetiva desde o começo, não queira tomar seu precioso tempo com detalhes.

-- Então é exatamente como eu esperava. -- Ele respondeu deixando-me confusa.

-- Sn você está apta para ser uma Hashira, seu novo cargo, já se encontra disponível. -- Fiquei em silêncio, não esperava por isso, na verdade não sei como proceder com um assunto tão sério.

-- E se eu não o quiser? Quer dizer, eu não tenho uma respiração para estar no nível dos outros. -- Senti como se um peso saísse das minhas costas

-- Sn, mas de uma vez você provou que não precisa de uma respiração para fazer o seu serviço. E antes que diga que foi Sayu que matou o oni, saiba que ela explicou em detalhes o que fez, agora criança se está temerosa vá para casa e pense sobre isso. Voltaremos a conversar a respeito dentre alguns dias. -- Concordei e me despedi, no caminho para a casa de minha mestra, minha cabeça parecia que ia explodir. Tinha tanta coisa mal contada e tantas desculpas que eu poderia dar a respeito dessa proposta, meu corpo parecia ressoar como se meus medos me consumissem, e por mais que eu buscasse outra saída quem me vinha a mente ao melhor a situação que me dominava era a cena da mansão onde eu beijei Sanemi, seguida da minha luta dentro da caverna, tudo se misturava tão bem que estou começando a achar que não sei mais separar as coisas. Eu não deveria me importar tanto com isso, uma grande Hashira reconheceu o meu valor, três deles me treinam constante então por que eu ainda sinto esse receio de não ser o suficiente para esse cargo?

Respirei pesado e parei de pensar nisso, conforme andava pela estrada em direção a casa da minha mestra, fiz de tudo para espairecer meus pensamentos, mas quanto mais eu tento pior fica. No fim cheguei a mansão da pilar do amor ao anoitecer.

-- Cheguei. -- Informei deixando minhas armas e meus sapatos no canto.

-- Sn?

-- Sim. -- Comentei alto percebendo que ela estava distante.

-- Venha até o jardim eu estou aqui. -- Sem demora segui reto pelo corredor descendo a pequena escada de madeira e abrindo a porta de correr, ao adentrar a pilar do amor estava sentada ao redor de uma mesa totalmente montada com muita comida e uma decoração em tons de rosa e algumas flores.

-- O que é tudo isso? -- Perguntei.

-- AH ELA AINDA NÃO CHEGOU? -- Levei um susto pela voz alta de Rengoku-sama.

-- Deixem isso de lado, não acho que essa comemoração vá deixá-la feliz.

-- Iguro-san, a Sn é muito descrente.

Ah não. Meus mestres estão aqui porque souberam do ocorrido, que merda!

-- Espero que arque com as consequências de ser uma Hashira. -- Obanai-sama comentou e Assenti.

-- DEIXE DISSO, ela vai acabar fugindo! ESTOU ORGULHOSO!

Ai caramba como é que eu vou negar agora com todos felizes desse jeito?

-- Muito obrigada, certamente sei que esse título carrega o dobro das responsabilidades. -- E é por isso que eu neguei, claro que essa última parte mantive pra mim.

-- Ótimo vamos comer! -- Mitsuri sussurrou e pelo restante da noite comemos e conversamos a respeito das possíveis missões e de como seria o treino, depois eu e o mestre Obanai apostamos para ver quem comeria mais e é claro que deu empate e agora ambos estão dormindo. Como a mansão tem muitos quartos não há preocupação e eu simplesmente estou no meu cantinho, depois de um bom banho e das minhas armas arrumadas estou na sacada do meu quarto observando o fim da noite, são tantas questões a resolver a respeito desse cargo que só quero descansar, assobiei duas vezes ouvindo o bater das asas e o grasnar próximo indicando que Kugumi viria, dei espaço para ele passando por minha porta e depois fechei.

-- CROC! SN Agora é uma Hashira!

-- Kugumi fica quieto, eu não aceitei ainda tá legal.

-- CROC! SN TEM QUE ACEITAR!

-- Kugumi para de berrar! A casa tá cheia de Hashira e todos tem uma audição dos infernos!

-- CROC! Tá bom. CROC!Agora aceita, quero ser o corvo de uma Hashira, uma Hashira forte que sabe socar oni como ninguém, fora a comida!

Tive de rir, meu corvo estava tentando me animar.

-- Kugumi você é um bom amigo. -- Fiz carinho em seu bico e discretamente tirei o pano amarrado de cima da mesinha, ao abrir as asas dele bateram duas vezes. Eu sempre guardo comida pra ele.

-- CROC! SN SOVINA SÓ ISSO? -- E ele sempre reclama, como eu gosto desse corvinho!

Depois da implicância e de ameaçar deixá-lo dormir ao relento, Kugumi calou a boca, deitou no travesseiro dele e foi dormir assim como eu, que ainda preciso assimilar minhas escolhas, eu sabia exatamente que no momento em que me tornei Tsuguko poderia evoluir, mas, não sei se estou pronta para ser uma Hashira.

𝐕𝐞𝐧𝐝𝐚𝐯𝐚𝐥 | 𝐒𝐚𝐧𝐞𝐦𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora