capítulo 28

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* Aviso⚠️ Esse capítulo contém cenas de morte e sangue. Estejam avisados.*

Ace

Hoje era sábado, eu havia levantado cedo e saído para dar uma volta pra relaxar um pouco, afinal de contas, ultimamente eu fiquei tão estressado com tudo que isso acabou sendo ruim para mim. Fui até a casa de Vitor, já que ele era o único com quem dava pra conversar sem ficar ouvindo gritos e barulho, eu sei que ele estava mais amigo de Ake do que de mim, mas ele era inteligente, e como eu bem conheço Vitor, sei que ele tinha alguma ideia do que estava fazendo.
Cheguei na “casa” dele e logo toquei na campainha, depois de alguns minutos, um homem um pouco mais velho que eu abriu a porta, ele estava vestido com uma roupa formal, provavelmente deveria ser um mordomo.

— Com o que posso ajudar?– o homem falou olhando para mim, como se estivesse me julgando.
— Eu sou amigo do Vitor, vim ver ele.
— Só um momento.– o mordomo fechou a porta na minha cara e me deixou lá esperando.

Após um tempo esperando, o mordomo voltou e falou para mim entrar, assim que entrei olhei o grande interior do lugar e fiquei esperando alguém aparecer. Vitor apareceu descendo as grandes escadas do lugar, ele estava com uma camisa polo azul claro e uma calça jeans, além dos tênis all star brancos, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo com algumas mechas soltas. Assim que ele desceu as escadas, andou até mim e estendeu a mão para um aperto de mão, eu puxei ele e deu um abraço forte, depois disso ele se afastou e ajeitou a roupa.

— Ao que devo sua presença aqui, Ace?– ele falou colocando as mãos nos bolsos das calças.
— Queria conversar com alguém, e você é a única pessoa sensata que dá pra conversar.
— É claro, mas porque você quer conversar?
— Vitor… eu sei que você tá conversando com o Ake e que ele deve ser legal, mas eu não suporto ele e agora eu não posso ficar irritado por que se não eu vou morrer.
— Como?– ele perguntou confuso.
— Eu meio que tô morrendo. Fui no médico e ele falou que eu vou virar um animal de novo, sem consciência, sem noção de nada.
— Não pode ser…– ele falou colocando a mão na boca.– Quando que isso começou?
— Um dia depois que eu bati no Ake.
— Faz praticamente uma semana.
— É.
— Ace, porque não falou antes? Eu sou seu amigo.– ele falou parecendo preocupado.
— Você é meu amigo mas mesmo assim você ficou do lado do Ake.
— Patético– ele falou olhando para mim.– Ainda que eu seja seu amigo, não posso apoiar você quando você tenta agredir alguém.
— Mas…
— Eu sei que você não gosta dele e que ele foi rude com você, e ele também é uma pessoa horrível, as coisas que ele falou pra você não foram certas e além disso tudo, ele não é nada divertido. Ele só fala da escola humana e dos humanos que vivem lá, e eu não tenho paciência pra ele.– Vitor falou passando a mão no rosto.
— Quer dizer que você ainda é meu amigo?!!!
— Eu sempre fui, porém eu sou inteligente, diferente dos outros que realmente acreditam que você não queira falar com ele. Achei que o Rudolf iria ser mais inteligente nessa situação. De qualquer forma, você deveria se explicar com os nossos amigos, e aproveitar para contar isso.
— Eu sei que tenho que fazer essas coisas, mas é tão difícil dizer pra alguém que você tá morrendo, quero dizer, é difícil para os outros, mas eu não quero ter que dar satisfação pra eles.
— É, só que “eles” são seus amigos e você não pode esconder isso para sempre.– ele falou cruzando os braços.
— Ok, eu conto, mas espero que eles parem de andar com o Ake.
— Eu não posso garantir nada.
— Eu já sabia que você diria isso.
— Tá bom, você quer comer alguma coisa?
— Sim, por favor.

Fiquei um bom tempo na casa de Vitor até olhar o relógio e ver que já eram 11:25, me despedi dele e fui para a minha casa, passei em um açougue antes de ir e comprei carne, muita carne, eu estava com muita fome, talvez fosse por eu estar me transformando em um animal, mas de qualquer maneira, eu tinha que aproveitar enquanto eu ainda podia falar.
Depois de chegar em casa, eu almocei e dormi um pouco, fiquei sem fazer nada por um tempo, e depois de alguns minutos deitado comecei a sentir aquelas dores no corpo, aquilo doía tanto, eu aguentava muita coisa mas isso era demais pra mim, meus ossos pareciam quebrar e o som era horrível, minha cauda balançava agitada e minhas orelhas estavam baixas, eu sabia que isso iria acontecer uma hora ou outra, eu sempre fui tão impulsivo, e nada acontecia comigo depois de tudo o que eu fazia, acabei me dando mal no final.
Me levantei ainda sentindo dor e fui até o banheiro, me olhei no espelho e vi que minhas presas estavam maiores, minhas garras estavam para fora e eu não conseguia controlar nada, meu corpo estava agindo sozinho, e eu só conseguia observar enquanto me transformava em um animal por completo aos poucos.

Um amor em vermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora