Chapeuzinho
Já faziam algumas semanas que estávamos na casa da minha vó, fizemos muitas coisas, saímos com a minha família e também com meus amigos, Ace ficou mais amigo dos meninos e também ficou mais amigo dos meus amigos, tudo estava sendo muito divertido e memorável. Hoje eu iria sair com meu tio, ele queria me levar para caçar, ele fazia isso muitas vezes nos finais de semana, por incrível que pareça, fiquei surpresa quando ele chamou Ace para ir junto, acho que meu tio estava começando a gostar mais dele, e isso era muito bom. Fomos com a caminhonete do meu tio até a floresta e logo que chegamos, descemos e começamos a andar, depois de alguns minutos, chegamos em um lugar e logo fomos andando mais devagar enquanto fazíamos silêncio.
— Aqui tá bom.– meu tio disse baixo.
— Mas não tem nenhum animal por aqui.– Falei olhando para os lados.
— O intuito é esperar, porque se nos aproximarmos de um animal, ele pode escutar e fugir.– Ace falou me olhando.
— Ah, pelo jeito você já caçou antes.– meu tio disse preparando a arma.
— É, de vez em quando.
— Tá, então a gente espera agora?
— É.Ficamos sentados no chão, enquanto esperávamos algum animal aparecer, depois de um tempo, um cervo apareceu. Meu tio falou para ficarmos quietos e logo apontou a arma para o animal, ficamos observando atentamente o animal, delicado e frágil, acho que era um cervo macho, por conta dos chifres grandes. Continuamos a observa-lo por um bom tempo, olhei para Ace para ver sua expressão e o mesmo estava com um olhar profundo, seus olhos vermelhos brilhavam um pouco, ele olhava para o cervo atentamente, como se analisasse o animal para que pudesse ataca-lo. Ace estava com um sorriso apavorante, suas presas a mostra e ele parecia comer o cervo com os olhos, suas garras afiadas estavam expostas, ele só espera o momento certo para ataca-lo. Segurei em seu braço e então ele me olhou, apenas mexi a boca esperando que ele entendesse, repetindo algumas vezes “Não faça isso!”, o mesmo concordou com a cabeça, meu tio continuava a olhar o animal com a arma apontada para ele, em um gesto lento, meu tio segurou a arma firmemente e colocou o dedo no gatilho, logo mais, puxou o mesmo e um barulho alto ecoou pela floresta, passarinhos voaram e o vento de suas asas fez as árvores balançarem. Olhamos para o animal e o mesmo não foi atingido, achamos que não aconteceria nada, mas então quando o cervo correu, Ace pulou de onde estávamos e começou a perseguir o animal, meu tio achou que ele estava louco, pois não alcançaria o animal, mas logo Ace saltou e agarrou o animal com suas garras. O cervo caiu no chão e logo começou a se contorcer, Ace se aproximou novamente e então matou o animal quebrando sua cabeça. Após isso, eu e meu tio nos aproximamos de Ace e do cervo, ele estava abaixado mas logo se levantou e então suas orelhas apareceram, ele havia vindo sem nada para cobrir a cabeça, apenas estava escondendo suas orelhas no cabelo como havia feito alguns dias. Assim que meu tio viu as orelhas de Ace, apontou a arma para ele, não teria como enganar meu tio dizendo que era uma fantasia, estávamos no meio da flores e meu tio tinha visto ele correr em toda a velocidade atrás do cervo.
— Você?!!! Você é uma daquelas coisas!!!– meu tio falou firme, apontando a arma na direção de Ace.
— Eu, eu…– Ace engoliu em seco.
— Você veio com minha irmã e minha sobrinha, o que estava pensando?!!! Você iria mata-las?!!!
— Não!! Eu nunca faria isso. Eu posso…– ele tentou se aproximar.
— Não dê nenhum passo!!!– meu tio disse destravando a arma.
— Titio, não acho que…
— Você fique quieta!! Bem que eu suspeitei de algo, ele nunca falava quando falávamos com ele, só depois que você o cutucava. Era por causa das orelhas de… de lobo!– assim que falou a última palavra, um sorriso surgiu no rosto do meu tio.
— Não, Titio!!!
— Siiiiim. Querendo ou não, eu acabei encontrando a besta que eu queria. Sua cabeça vai ficar linda na minha estante.
— Que?!!!
— Não Titio!!!!Quando meu tio colocou o dedo no gatilho Ace tentou correr, mas logo meu tio puxou o gatilho, corri um pouco e pulei em cima de Ace, depois disso nós dois caímos no chão, me levantei um pouco e logo olhei para Ace, o mesmo estava se contorcendo um pouco, olhei para seu corpo e logo vi o motivo. A bala tinha atingido sua perna, a mesma estava sangrando muito e ele mordia os lábios para aliviar a dor. Meu tio se aproximou e logo abaixou para que visse melhor, o sorriso em seu rosto havia sumido e agora ele olhava para Ace com preocupação. Não consegui evitar de chorar com tudo que aconteceu, senti vontade de bater no meu tio, mas não o fiz, apenas derramei lágrimas, as quais desciam por meu rosto branco.
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Um amor em vermelho
Historia CortaEra uma vez uma garota, que ganhou de sua vó uma capa vermelha e a usava todos os dias, então nomearam-na de Chapeuzinho Vermelho, porém, um dia sua mãe decidiu se mudar para outra cidade, onde a jovem chapeuzinho teve de se adaptar. Animais evoluíd...