Capítulo 20: Uma Sombra, Parte 2

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     Algo acordou Dragomir no meio da noite, ele se sentia cansado, exausto e um sentimento ruim dominava seu corpo, quase como um instinto, ele pegou seu mangual. Ele então, dirigiu-se para a sacada da casa, e viu algo chocante.
     Diferente do belo aspecto azulado que a cidade tinha durante a noite, ela agora estava esverdeada, além de muito mais escura, não havia pássaros no céu, edifícios estavam em chamas e pessoas corriam desesperadas pelas ruas abaixo da casa. Guardas gritavam em élfico para os civis, mas Dragomir não entendia o que diziam.
     Olhando desesperado ao seu redor, Dragomir avistou Núlian em uma armadura que parecia ser feita de gelo e portando uma espada cristalina.
     — NÚLIAN, O QUE DIABOS ESTA ACONTECENDO?! — gritou Dragomir, em desespero, seu peito estava sendo tomado por um medo que nunca havia sentido antes.
     O medo crescia. O medo dominava. Dragomir não conseguia pensar em mais nada além de fugir, se esconder, e morrer…
     — SAÍA JÁ DAÍ! NÃO É SEGU… — Núlian subitamente foi interrompido. Dragomir sentiu extrema dor, seu corpo gritava e ardia, antes de apagar completamente, Dragomir sentiu extrema dor em suas costelas.


     Dragomir fora acordado por diversas vozes ao seu redor, figuras embaçadas estavam acima de si.
     — Dragomir, irmão, acorde! — disse uma das figuras.
     A visão do meio-dragão lentamente voltava ao normal, revelando Amis, Bentley, Hakon, Amir, Dalibor e Björn à sua frente.
     — O que aconteceu? — disse Dragomir, lentamente, recobrando a consciência e se sentando.
     Ao inclinar-se para se levantar, sentiu uma dor excruciante na barriga. Suas costelas estavam quebradas.
     — Fique parado, se não a magia não vai funcionar direito! — vociferou Amis, com as mãos emanando um brilho verde sobre a barriga de Dragomir.

     Subitamente, todos ouviram o som de uma explosão próxima à eles, logo em seguida, viram Núlian correndo em sua direção.
     — LEVANTEM-SE LOGO, ELES ESTÃO VINDO! — gritou Núlian.
     De repente, da esquerda do elfo, uma aura curvada esverdeada em formato de lâmina o atingiu, arremessando-o para longe do grupo, levantando uma grande nuvem de poeira.
     Em meio à poeira, todos conseguiam ver uma figura humanoide, trajada em uma armadura negra, nas mãos, uma grande lâmina parecia emanar um brilho esverdeado, semelhante a cor de uma esmeralda. O que mais chamava atenção na imagem da criatura estava próximo à cabeça, chamas esmeraldas crepitantes pareciam consumir um crânio esbranquiçado.
     — Que porra é essa? — questionou Bentley, com a voz trêmula.
     Todos sentiam o mesmo sentimento, a mesma sensação de temor que havia se instaurado no peito de Dragomir momentos atrás, agora consumia os corações de todos os outros ao seu redor.
     — A gente tem que sair daqui logo! — disse Hakon, agarrando Dragomir e o apoiando acima de sua cabeça. Amir notou a dificuldade do meio-demônio em carregar Dragomir e instantaneamente agarrou o meio-dragão e o colocou sob suas costas.
     — Nem pense em me agradecer — disse Amir.
     Todos começaram a correr na direção oposta em que a criatura estava, passando pelas ruas da cidade, onde viam os guardas apavorados olhando para todos os lados, como se procurassem algo, ou alguém.
     Passado certo tempo, quando estavam próximos à saída da cidade, logo à frente das escadarias que levavam para a floresta, o grupo foi surpreendido. A mesma criatura que havia atacado Núlian surgiu na frente de todos, como se aparecesse em meio às sombras do local.
     — Para onde pensam que vão? A festa acabou de começar — ecoou uma voz, vinda de dentro do crânio esbranquiçado da figura — Nós ainda temos muito a fazer por aqui — finalizou.
      — Nós? — questionou Dalibor.
     — Sim, nós — respondeu a figura. Ao seu lado, outras figuras de igual aparência surgiram, totalizando um grupo de oito seres de aparência fantasmagórica e amedrontadora. A figura principal começou a caminhar lentamente para frente, dando risadas lentas enquanto encarava o grupo.
     Amis deu um passo à frente, colocando-se entre as figuras e seus irmãos. Em seguida, apontou seu cajado para a figura central e disparou um de seus raios de energia, que atingiu a lateral esquerda do peito da criatura.
     — Olha só, parece que alguém aqui ainda é capaz de lutar — debochou a figura atingida pelo raio — Deixe-me retribuir o gesto — completou.
     A figura então esticou seus braços, e da ponta dos dedos de sua manopla, uma energia escura começou a se formar, e então, ela apontou seus braços na direção de Amis, disparando um raio de energia escura de tamanho quase igual à altura da elfa.
     De repente, ergueu-se do chão uma mureta grossa de cristal, barrando o ataque e impedindo-o de acertar Amis. Atrás do grupo, a alguns metros de distância, encontrava-se Núlian, agachado e com uma de suas mãos encostadas no chão, com uma aparência gélida. Um filete de sangue escorria da testa do elfo, cobrindo um de seus olhos.
     — SAIAM DE PERTO DELES, DEIXEM-ME ASSUMIR DAQUI! — gritou Núlian, levantando-se e brandindo sua espada, correndo em direção do grupo logo em seguida.
     — Ele não vai aguentar muito tempo, temos de ajudá-lo — disse Amis, virando-se para o grupo.
     — BJÖRN, HAKON E DALIBOR! AJUDEM OS CIVIS A ENCONTRAREM OUTRA SAÍDA! — vociferou Dragomir, colocando-se em pé novamente — Os outros, ajudem Núlian! — completou.
     Dragomir brandiu seu mangual, que era feito especialmente para ele. O pomo tinha um formato oval que dava lugar a extremidades pontudas, o cabo era envolto em tiras de couro vermelhas, a corrente que ligava o punhal da arma à sua extremidade era muito mais longa que o comum, chegando a ter mais de seis metros de comprimento. Ao invés da bola de espinhos padrão, o mangual de Dragomir tinha o formato da ponta de uma lança.
     Essa arma era perfeita para o estilo de luta de Dragomir, pois seu tamanho e aparência indicava alguém lento e com grande força, mas Dragomir fora treinado para surpreender seus inimigos, ele era extremamente ágil e forte, e lutava girando e saltando para manter velocidade em seus golpes.

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