Capítulo 35: Ira

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     Reyni patrulhava as ruas de Iylvien, o sol já havia desaparecido, dando lugar a um brilho azulado preenchendo a cidade. Sua armadura e a de seus companheiros causava um som metálico que ecoava pelas ruas vazias da cidade élfica.

     — Vocês viram? — perguntou um dos seus companheiros, portando uma lança de lâmina curvada, semelhante a uma glaive — Alguns dos forasteiros foram embora hoje.

     — Sério? Estranho, eu vi aquela Ur-Adûnai na biblioteca hoje, tem certeza de que foram embora? — perguntou um segundo soldado.

     — Eu vi eles indo até o portão com as malas prontas, não pude olhar muito, tinha que…

     A marcha do grupo foi interrompida abruptamente quando destroços voaram em sua direção, enormes blocos de rocha arremessados diretamente em sua direção. Alguns soldados foram instantaneamente esmagados, tornando-se não mais do que uma pasta de carne e sangue espalhados pelo chão.

     — Mas que po- Reyni foi interrompido enquanto se levantava, uma enorme mão agarrando sua garganta. Em meio à poeira e escombros, Reyni conseguiu discernir a figura de um enorme homem, musculoso. Mas o que mais chamou sua atenção não foi o corpo musculoso, a respiração ofegante ou a cabeça de um de seus companheiros, uma expressão de puro horror em seu rosto, presa pelos cabelos na mão daquele enorme homem.

     Foram seus olhos, completamente envoltos em escuridão e ódio.

     Amir não hesitou por um segundo quando chegou à muralha de Iylvien.
     Não tinha tempo para dar a volta.
     Não tinha paciência para isso.

     Com um simples movimento, retirou diversos amontoados de rocha e terra do solo ao seu redor, em um segundo movimento, os arremessou na muralha com tanta brutalidade que os pedregulhos a atravessaram como se tivessem sido arremessados por catapultas.

     Em um veloz movimento, avançou contra os destroços e a poeira que se levantaram com tamanha destruição, no meio do caminho, deparou-se com um guarda, de armadura e espada na cintura. Surpreendendo-o com um golpe e jogando contra o chão.

     O pescoço do guarda se partiu com um simples puxão das duas mãos de Amir.

     Com a cabeça do guarda em uma de suas mãos, sendo segurada pelos cabelos escuros, Amir se levantou, apenas para encarar um segundo guarda aparecendo no meio da poeira. Usando a mão livre, Amir agarrou o pescoço do rapaz à sua frente, ergueu facilmente o rapaz, sufocando-o enquanto a poeira se dissipava ao seu redor, revelando corpos destroçados pelos pedregulhos e soldados amedrontados, encarando-o.

     — ALGUÉM CHAME REFORÇO! — disparou um dos guardas, partindo para cima de Amir, sacando uma espada curta da bainha em sua cintura.

     O meio-gigante apenas bateu o pé no chão e uma enorme estaca feita de rocha e pequenos metais se ergueu na direção do guarda antes que ele pudesse desviar. A ponta afiada do pedregulho trespassou o estômago do guarda, manchando mais ainda o solo de sangue enquanto a vida se esvaia de seu corpo.

     Pessoas já gritavam ao redor, haviam aberto as portas e janelas para ver o que ocorria quando a muralha fora quebrada, apenas para encarar a carnificina que se iniciava.

     Sem mais demora, Amir forçou ainda mais o aperto no guarda à sua frente, sufocando-o. O elfo se debateu, socou e chutou o meio-gigante, até mesmo arriscou um golpe com uma faca que levava consigo, mas em outro movimento de Amir e a mão do guarda estava esmagada entre dois enormes pedregulhos.

     Amir assistiu a vida lentamente deixar o corpo daquele guarda.

     O meio-gigante largou o corpo, uma enorme marca roxa cobria toda a extensão do fino pescoço. Quando o corpo atingiu o chão, um alto som metálico ecoou pela cidade, semelhante a um sino.

     Com o alarme, todos ao redor finalmente se tocaram e começaram a sair de dentro de suas casas, se amontoando na rua. Amir golpeou alguns homens e mulheres, matando-os no mesmo instante, seu punho atravessando-lhes a cabeça, o estômago ou qualquer outra região do corpo que fosse atingida.

     Aquela rua estava banhada em sangue e cheia de corpos quando todos terminaram de fugir. Mais alguns esquadrões de soldados se aproximavam, guerreiros brandiam espadas longas, atiradores já disparavam flechas e virotes, alguns poucos feiticeiros conjuravam chamas na direção do meio-gigante.

     Uma batalha intensa tomou início alí, Amir não fazia o mínimo esforço para desviar dos virotes e flechas, muitos se partiam ao atingir seu corpo, no entanto, as chamas conjuradas conseguiam lhe causar certo dano ao ponto de pequenas queimaduras surgirem em seu corpo. O elemento surpresa já havia se dissipado, mesmo os simples guardas da cidade eram habilidosos o suficiente para esquivarem de pelo menos dois ou três golpes de Amir, mas poucos conseguiam causar-lhe algum dano. Os guardas saltavam e rolavam a todo momento, atacando e recuando, em contrapartida, Amir buscava agarrar algum de seus membros, para então desmembrar ou esmagar o elfo. Aquela rua já se tornava pequena para o amontoado de entranhas e corpos.
     Muitos, desmembrados.
     Muitos, retorcidos.
     Muitos com a cabeça esmagada.
     Todos mortos.

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