Capítulo 37: Tragédia

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     No único momento que ele não podia aparecer.

     Ele apareceu.

     Björn.

     Parado, no meio da rua, a apenas alguns metros de distância de onde Núlian e Vadrik haviam selado Amir, que continuava a se debater e urrar, buscando sair.

     — Quem é aquele? — questionou Vadrik.

     — BJÖRN! SAÍA JÁ DA… — Núlian não conseguiu terminar a frase.

     Um estrondo ecoou.

     Grilhões se partiram.

     Rochas emergiram do chão.

     Núlian e Vadrik foram arremessados em direções opostas, muitas casas de distância de onde Amir agora se levantava.

     Livre.

     E possesso.

     Björn não conseguia entender o que via em sua frente. Quando saiu de seu treinamento, estava sendo carregado por Amis, que dizia para ele não fazer perguntas e obedecê-la. Ela o carregava para fora de Iylvien, de onde ele conseguia ouvir sons de destruição e gritos de desespero.

     Sons de morte e terror.

     Sem dificuldades, Björn desvencilhou-se de sua irmã e começou a correr em direção à cidade. Algo o tornava mais rápido, a cada passo, sentia o vento impulsionando-o para frente, como se alguém o empurrasse.

     Cada vez mais forte.

     Cada vez mais rápido.

     Enquanto corria pelas ruas da Cidade Esmeralda, notava que diversas rochas haviam se erguido do chão. Muitos corpos de elfos mortos. Muitas casas haviam sido destruídas.

     "Amir deve estar lutando contra algo" pensou Björn.

     O som da batalha ecoava pela cidade, som de rocha se movendo. A batalha era intensa.

     Björn sentiu um forte aperto no peito. Seu estômago se revirou.

     Não podia ser verdade.

     Tinha que ser mentira.

     Ao se virar em uma esquina, Björn se deparou com uma visão traumatizante.

     Corpos.
     Muitos corpos.
     Corpos. Empalados.
     Por rochas.

     Eram guardas de Iylvien, elfos que queriam a todo custo defender a cidade. E morreram o fazendo.

     Voltando a correr, desesperado, os olhos de Björn enchiam-se de lágrimas.

     Até ele virar uma esquina, e ver.
     Amir estava acorrentado, preso ao chão. Envolta dele, Núlian e um outro elfo de barba longa e grisalha o encaravam.

     — AMIR!!! — gritou Björn. O nome saiu com uma dor lancinante sobre o peito.

     Björn assistiu os dois elfos se virarem para ele. Viu o de barba longa perguntar algo para Núlian. Ouviu as palavras que Núlian tentou gritar para ele.

     E viu Amir se soltar.

     O meio-gigante, no momento de distração dos dois elfos, pôs as mãos sob o chão. E subitamente, rochas se ergueram da terra como punhos, atingindo Núlian e o outro elfo, mandando-os para muito longe.

     Björn viu Amir se levantar.

     E olhar em sua direção.

     Björn sentiu um pavor profundo quando aqueles olhos, tomados por uma escuto maligna, encararam ele.

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