POV CAROL
Somente de noite retornei a falar com Gabriel, ele alegou que não era necessária minha volta. O enterro iria ser feito em pouco mais de meia hora e eu nunca conseguiria chegar em L.A antes disso. Ainda que soubesse que a culpa não é de forma alguma dele, estava com raiva, por não me escutar, por fazer tudo na correria.
Após o telefona tomei um banho demorado, sentindo a água escorrer por meu corpo e praticamente abraçar-me, relaxando minha musculatura. Ergui o rosto de modo a deixar que as gotas quentes caíssem sobre ele, misturando-se com algumas lágrimas que não fiz questão de segurar.
Coloquei um blusão preto, com as mangas compridas demais, um short de pijama e minhas tradicionais pantufas. Já havia passado da meia noite e, apesar de me sentir exausta, um calafrio subia por meu corpo ao pensar em deitar.
Priscila: Psiu... - virei-me, Priscila estava escorada na porta do seu quarto. - ... achei algo aqui que pode nos distrair. - Indicou com a cabeça o lugar onde estava. Fui até lá.
Um sorriso brotou em meus lábios ao ver várias peças de quebra cabeça espalhadas no chão, algumas almofadas ao redor e uns petiscos sobre a mesinha de cabeceira.
Priscila: Não sei se vai gostar disso, mas pelo menos ocupa a mente. - Encolheu os ombros.
- Eu adoraria montar esse quebra cabeça com você, Pri. - Sorri, quase infantil, sentando-me sobre uma das almofadas. Ela retribuiu o sorriso e fez o mesmo.
Após quase meia hora jogando soltei uma das peças com raiva.
- Isso não encaixa. - Reclamei, fechando a cara. - Priscilaaa... - chamei manhosa, ela levantou a cabeça, fitando-me.
Priscila: Calma aí, irritadinha. - Pegou a peça que eu coloquei ao lado. - Precisa ter paciência.
- Mas não encaixa. - Cruzei os braços. Pouco tempo depois, meu queixo caiu incrédulo quando ela conseguiu encontrar o lugar da peça. - Não vale, você é muito melhor que eu. - Fiz um bico.
Priscila: Mentira...
- Nem é. - retruquei. - Montou quase toda a cidade enquanto eu só terminei algumas nuvens idiotas. - Ela gargalhou.
Coloquei meus cabelos úmidos por cima do ombro e observei Priscila terminar de encaixar a última peça. Bati palmas, animada.
- Temos que enquadrar. - Disse orgulhosa.
Priscila: E depois Bia me mata por acabar com o jogo tranquilizante dela. - Sorriu. - Deixamos aí até enjoarmos, depois colocamos de volta na caixa. - Assenti.
- Mas você desmonta, não tenho coragem. - Comuniquei em meio a um bocejo. Levei a mão aos olhos coçando-os.
Priscila: Sono? - Assenti. - Precisa descansar. - Disse com a voz terna.
- É acho que... - outro bocejo. - ... Sim.
Levantei-me, estava receosa em pedir que ela ficasse comigo, esgotei sua energia hoje, fazendo-a ficar acordada até as três da manhã, já faz tempo que percebi que ela não aguenta mais o peso dos olhos, provavelmente eles já estão ardendo, implorando para serem fechados, mas ela ficou comigo, bravamente, até terminarmos de montar o quebra cabeça.
Sai do quarto, após dar boa noite, e fui para o meu, deitando-me e me tapando até a cabeça. Suspirei, é impossível ficar aqui sozinha. O silêncio parece ensurdecedor. E diversos pensamentos ruins vieram em minha mente, fazendo as lágrimas retornarem.
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O Intercambio 2 - CAPRI
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