POV CAROLYNA
Que loucura foi essa?! Em um segundo estava acordando calmamente e no seguinte estou com as forças esgotadas e o corpo suado. Os locais por onde passaram os lábios de Priscila ainda queimavam minha pele. Olhei para seu rosto e a vi sorrindo à toa.
- O que foi? – Ri de sua expressão.
Priscila: Oi?! – Pareceu despertar do seu transe. – Nada. – Apertou levemente meu nariz.
Estiquei a mão e acariciei seu rosto. Ela fechou os olhos por um instante, porém logo voltou a me encarar.
- Você é tão linda. – Sussurrei, sem conseguir conter as palavras.
Priscila: Eu?! – Fechou um olho e franziu levemente o nariz. – Capaz. - Inclinou a cabeça e roçou os lábios por minha bochecha. – Você que é linda.
- Boba. – Bati de leve em seu peito. – Vamos preparar alguma coisa para comer? – Sugeri. Ela assentiu, porém, demorou séculos para sair da cama. – Priscila. – Joguei um travesseiro em cima dela após já ter vestido minhas peças intimas e um roupão. – Pretendo chegar a tempo de preparar o café e não o jantar. – Debochei. – Sai daí preguiçosa. – A puxei pela mão.
Priscila: Só mais cinco minutinhos. – Colocou o braço sobre o rosto.
- Nem mais um minuto. – Disse decidida. Ela resmungou um pouco. – Vou descendo, se não aparecer ficará com fome. – Dei o aviso e fui para a cozinha.
Desajeitadamente comecei a preparar algumas coisas para comermos, senti quando os braços de Priscila envolveram minha cintura, ela colocou meus cabelos para o lado e roçou os lábios por meu pescoço antes de chupá-lo. Fechei os olhos por um momento.
- Vai me deixar cheia de marcas. - Reclamei.
Priscila: Nada que uma maquiagem não esconda. - Revidou com a minha própria frase, piscou o olho e saiu da cozinha.
Toma Carolyna. Paga pela língua agora.
Respirei fundo, desliguei o fogão e fui para sala. Pri estava sentada em uma das poltronas, fitando uma parede vazia. Sentei em seu colo, ainda que sem permissão ou aviso prévio, envolvi os braços em torno de seu pescoço e esperei que me olhasse.
- Psiu. – Passei meu nariz por sua bochecha, acariciando. – Desculpa pelo que disse ontem? – Sussurrei contra sua pele. – Hum? – Depositei um beijo no canto de seus lábios. E logo após mais um. E outro. E outro. Até que ela sorrisse.
Priscila: Sempre consegue o que quer? – Deu-se por vencida, passando os braços em torno de meu corpo.
- Quase. – Brinquei, sorrindo. - Sei que fui meio estúpida. – Suspirei. – E que, se eu bem conheço essa sua cabeça, já deve ter pensando que sou formada na arte de esconder chupões pelo corpo. – Rimos.
Priscila: E não era para pensar? – Arqueou uma sobrancelha.
- Talvez. – Mordi sua bochecha. – Mas era só naquele momento, porque eu estava brava.
Priscila: Ah é?! – Apertou os braços em minha cintura. – Por quê?
- Quem sabe seja porque acordei sozinha?! – Olhei-a, jogando a indireta. Ela ficou calada por uns segundos, processando o que falei.
Priscila: Ok, culpada. – Ergueu as mãos, se rendendo, porém não falou nada mais sobre isso. – Não está sentindo um cheiro de queimado?
Aspirei o ar e levantei no segundo seguinte correndo para a cozinha.
- Mas que merda, eu achei que tinha desligado essa porra. - Xinguei, descobrindo que minhas panquecas haviam queimado. Pri veio atrás rindo. – Vou ter que fazer tudo de novo. – Rolei os olhos.
Priscila: Se servir para alguma coisa, já me disseram que a prática leva a perfeição. – Debochou.
- Não, não serve para a nada.
Priscila: Carolyna, posso te fazer uma pergunta indiscreta? – Escorou-se na soleira da porta.
- Pode. – Tentei espantar a fumaça e o cheiro de queimado com o pano de prato.
POV PRISCILA
- Com quantos mulheres e caras você já dormiu? – Cruzei os braços. Ela parou o que estava fazendo e virou-se para me encarar.
Carol: Quer mesmo saber? – Assenti, um pouco insegura. – Priscila, sinceramente, isso importa? – Soltou o pano de prato e deu alguns passos para frente. – Eu tive uma vida depois do que passou entre a gente. – Focou aqueles olhos castanhos em meu rosto. – E, digamos que não sou mais tão ingênua quanto antigamente.
- Só diga Carolyna, quantos.
Carol: Eu não sei quantos, Priscila. – Fechei os olhos, para suportar o baque. – Nunca parei para contar. – Encolheu os ombros. – Foram...algumas pessoas. – Sua mão tocou meu braço. – Está passando bem? Priscila, você está branca. – Disse alarmada.
- Não, tudo bem. – Sentei lentamente na cadeira da cozinha. – Eu só... – respirei fundo. - ... não esperava.
Carol: Priscila, eu cresci. – Agachou-se na minha frente, apoiando as mãos em minhas pernas. – Não ia ficar minha vida toda sentada esperando que voltasse.
- Não foi uma decisão unicamente minha rompermos.
Carol: Eu sei. – Falou rapidamente. – Sei que concordei. – Suspirou. – Precisávamos viver, quebrar barreiras, nos aventurarmos...
- Desculpe. – Murmurei. – É que eu te olho e parece que nunca estivemos separadas. – Franzi o rosto. – Não sei... é estranho.
Carol: Sabe por que se sente assim? – Tocou-me o queixo, acariciando-me com sua mão quente e macia. Neguei. – Porque com você e, veja bem, unicamente contigo, eu não consigo deixar de parecer somente uma menina boba. – Coloquei minha mão sobre a sua. – É tudo diferente porque quando me toca eu me sinto... – baixou o olhar, falhando a voz.
- Sente...?
Carol: Me sinto amada.
POV CAROLYNA
Um sorriso brotou no canto de seus lábios e eu senti um alivio percorrer meu corpo ao notar que não falei uma bobagem tão grande. Ela fez menção de responder, porém eu impedi.
- Deixe-me explicar. – Pedi, ela me olhou, pacientemente. – Quando me chamou de pequena, foi exatamente assim que me senti... – baixei o olhar, buscando as palavras certas. - ... é incrível a capacidade que tem de desabrochar o lado menina que há em mim ao mesmo tempo que instiga a mulher que eu me tornei. – Sua mão pousou sobre a minha. – Eu não sei se é tua forma de ser, mas todo o carinho e a atenção que tem comigo fazem com que eu me sinta protegida e como já te disse, amada.
Priscila: Há vários gestos meus que são voltados só para você. – Sorri, levemente. – Espero que com o tempo consiga os reconhecer. – Assenti. Ela pousou um delicado beijo em minha bochecha. – Nós amadurecemos aqui... – tocou em sua cabeça. – Mas na essência ainda somos somente duas jovens atrapalhadas. – Rimos.
O celular de Priscila tocou nos despertando, desviei o olhar do seu e virei novamente para as panelas, na tentativa frustrada de recuperar alguma panqueca.
Priscila: Bia! – Exclamou a voz rouca atrás de mim. – Como vão as coisas por aí? – Sua voz foi ficando distante à medida que ela se afastava.
Coloquei as duas mãos sobre o balcão e baixei a cabeça, tentando recuperar o ar que ela sempre me rouba ao fitar-me de forma tão intensa.
Virei e a olhei de relance decidindo que daqui para frente irei desvendar todos os mistérios de Priscila e descobrir como ela se sente em relação a tudo que está acontecendo.
Ainda que me machuque, estou colocando em jogo meu coração.
~*~
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Intercambio 2 - CAPRI
FanfictionAlways in our heart! TODOS OS DIREITOS RESEVADOS A @secrettdixx - Históriɑ originɑl de Cɑmren - ɑdɑptɑçα̃o pɑrɑ Sɑriette - adaptação para Capri