Capítulo 36

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POV PRISCILA

Recebi algumas saudações próximo ao palco, conversei com médicos, com leitores, com pessoas comuns... Vi minha vida passar em frente a meus olhos em segundos. Quando consegui fugir da enxurrada de perguntas e assuntos, que me migravam para uma realidade tão dolorosa, respirei aliviada. Porém, assim que me virei, no estreito corredor que leva de uma extremidade a outra do palco choquei-me com Carol.

Ela estava a alguns passos de distância. Os cabelos postos para trás da orelha, os olhos inchados e doloridos. O rosto molhado pelas lágrimas. Uma das poucas e únicas pessoas que presenciou muito mais do que eu falei a pouco. Meu coração bateu descompassado ao vê-la tão frágil. E em questão de um piscar de olhos ela estava em meus braços.

Seu corpo tremia enquanto o choro que ela estava segurando voltou átona. Deixei o mais próximo de mim que consegui, ninando, acolhendo. Não havia o que ser dito, não era momento para discussões ou longas explicações. Não era necessário recordar fatos tristes ou cutucar feridas. Era algo irreal. Era somente Priscila e Carolyna e toda uma mesma história passando por nossas cabeças.

Beijei os cabelos, fechando os olhos. Algumas lágrimas escorreram por minha bochecha, vê-la chorar é, sem dúvidas, meu ponto fraco. Aspirei seu perfume, comprimindo-a mais próxima a mim.

POV CAROLYNA

E novamente estava em seus braços, sentindo-me estupidamente frágil. Não queria assusta-la, mas, naquele momento, não havia a remota possibilidade de ainda existir um resquício de autocontrole em meu corpo. Não depois de tudo que ela falou. Não depois do filme que passou por minha cabeça.

Me espremi contra ela, como alguém que precisa de proteção. Necessitava desesperadamente senti-la. Praticamente solucei de alivio quando ela não me rejeitou, quando me aceitou, envolvendo-me carinhosamente. Escondi meu rosto em seu pescoço enquanto molhava com minhas lágrimas. Sentia-me tremer, angustiada. O turbilhão de emoções que se apossou de mim me fez aperta-la ainda mais. Priscila compreendeu meu tremor e afagou-me os cabelos, balançando o corpo levemente, tranquilizando-me sem dizer uma palavra sequer.

Gabriel: Carolyna, estive procurando-lhe por toda a parte. - Surgiu, em minhas costas. - Oh, perdão se interrompo, mas, minha querida, têm alguns pais querendo falar com você. - Virei-me, sem tentar disfarçar o fato que estava chorando. Seria ridículo.

- Diga-lhes que agora eu não posso. - Sussurrei, decidida.

Gabriel: Lamento, mas não posso fazer isso. Eles tem compromissos. - Fitou-me, sondando minha reação.

- Gab, agora não. - Disse mais alto e com a voz firme.

Priscila: Vá... - sussurrou. Fitei, seus olhos eram ternos e também estava banhado de lágrimas. Eu não queria ir. Tentei bater o pé e ficar, mas tanto Gab quanto Priscila insistiram. Foi voto vencido.

Conversei com o mais rápido possível, após, obviamente, dar um trato em meu rosto e voltei para onde estava com Sarah pela última vez.

Ela não estava mais lá.

Revirei a ONG atrás dela, porém não a encontrei em ligar algum.

POV PRISCILA

Fraqueza. Essa é a palavra chave que descreve meu estado nesse momento. Sinto-me como uma telespectadora da minha vida. o encontro com Carol trouxe muito forte a emoção que eu vinha contendo, desbloqueou pensamentos que eu tinha prendido, desenterrou um passado que realmente não se deixa apagar. O baque foi tanto que sai desnorteada, quando não a tive mais junto a mim. Ela sempre foi meu ponto de paz. O que me mantinha fixa no chão. O que me mantém racional... Para protege-la, unicamente. Quando ela saiu para atender quem quer que precisasse da sua ajuda me senti sem rumo. E eu soube que não adiantava ficar lá e esperá-la, porque ela ia querer falar e eu sequer consigo me entender agora, imagina entende-la.

O Intercambio 2  - CAPRI Onde histórias criam vida. Descubra agora