Capítulo 26

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POV PRISCILA

Ambas estamos completamente exaustas, Carol insistiu em colocar minha camiseta, alegando não se sentir bem dormindo sem nada, com isso acabei vestindo apenas um short antes de praticamente desmaiamos na cama.

No meio da noite, notei-a inquieta em meus braços, mexia-se muito, incomodada com algo. Afrouxei a pressão que fazia involuntariamente em torno de seu corpo, no mesmo segundo ela sentou. Fitei-a, sonolenta, vendo-a com os cabelos levemente bagunçados e os olhos pequenos.

- O que aconteceu? – Questionei com a voz rouca e arrastada.

Carol: Mosquito. – Murmurou com voz de tédio. Não consegui controlar o riso. – Amanda é fresca, deve haver algum veneno por aqui.

Joguei as cobertas para o lado e levantei, Carol ficou de pé na cama com o maxilar trancado, estreitando os olhos. Uma palma soou no ar, olhei-a.

Carol: Droga, não matei. – Reclamou. Controlei-me para não rir.

- Me dê dois segundos.

Sai do quarto, cambaleando, atrás de um veneno, por sorte o encontrei na cozinha.

Quando retornei Carol saltava na cama tentando dar tapas na parede.

Carol: Diabo, não acerto.

Apertei o spray passando-o em volta de toda a cama.

- Se ele não morrer agora, não morrerá mais. – Garanti, ela sentou.

Carol: Já me picou. – Fez um bico, coçando furiosamente a perna. Fui ao seu lado e passei o dedo sobre a picada, impedindo-a de seguir se arranhando.

Ela ergueu os olhos, chocando-se com meu olhar, seus lábios macios novamente estavam próximos demais, chamando-me.

- Linda... – sussurrei, acarinhando seu rosto.

POV CAROLYNA

Estávamos com muito sono para fazer algo mais do que deliciar nos com um delicado beijo sobre os lábios. Após o incidente com o mosquito a noite ocorreu tranquila, dormi aconchegada em seus braços, onde, felizmente, acordei na manhã seguinte.

Priscila: Bom dia, dorminhoca. - A voz suave de Pri soou como o canto dos pássaros aos meus ouvidos. Aspirei profundamente, em busca de seu perfume, porém o cheiro de café fresco me fez despertar mais rápido.

- Hmmm, que cheiro gostoso.

Priscila: Obrigada, tomei banho ontem. - Disse maliciosamente, me fazendo rir. Quando a fitei logo notei a bandeja ao seu lado. - Achei que fosse acordar com fome...

Sentei preguiçosamente, recebendo o mais doce sorriso.

- Sabe o que eu quero antes de comer?

Priscila: O que? - Uma pequena ruga se formou entre suas sobrancelhas e eu soube que ela faria qualquer coisa para me deixar plenamente satisfeita. Como se o simples fato dela estar ali já não desse conta do recado.

- Um beijo.

Suas feições relaxaram, ela sorriu e prontamente roçou os lábios pelos meus, mordiscando levemente, sua mão veio ao meu rosto, acariciando, enquanto sua língua lentamente cobria o espaço de minha boca que foi feito sob medida para se completar com ela.

Senti uma sensação gostosa, como se não me faltasse mais nada no mundo, como se a presença de Pri por si só bastasse para me fazer feliz. Meu coração batia descompassado e minha cabeça relutava em admitir algo que meu coração havia descoberto a muito tempo.

Ainda sou completamente apaixonada por ela.

O barulho irritante do meu celular fez com que me afastasse dela, grunhi enquanto respirava fundo e o atendia.

- Sim?!

***** - Carolyna? – Uma voz rouca e completamente conhecida soou receosa, me fazendo sorrir.

- MALUUUU!!! - Exclamei, alegre.

Malu: Ai meu Deus, é você mesmo. – Respondeu. – Estava tenebrosa de descobrir que você havia mudado o telefone e esquecido de me passar o novo.

- Imagina se ia fazer isso. – Pri me observava com uma ruga entre as sobrancelhas. Nem havia me ligado que estava falando em Português, de tão automático que foi ao escutar a voz de Malu.

Malu: Estou pensando em tirar umas férias e ir te visitar. – Informou.

- Sério?! Vem mesmo... – disse sincera. - ... sinto falta das nossas loucuras.

Malu: Irei, marcamos direitinho no próximo mês. – Concordei.- Liguei porque te vi na capa de uma revista. – Arregalei os olhos. - Obviamente, comprei-a, estavam elogiando teu trabalho com a ONG. – Respirei aliviada. – Senti um orgulho imenso de você.

Uma ternura se apossou de mim ao ouvir tais palavras. Conversamos mais uns assuntos banais, quando desliguei meu coração estava aquecido por saber que amigos sempre serão amigos, não importando a distância que exista entre eles.

Olhei para o lado e notei que Priscila havia pego no sono. Uma risada contida escapou de meus lábios, coloquei as mãos em frase a eles, para não deixar que ela soasse muito alta. Acomodei-me ao seu lado, brincando com o seu cabelo e me sentindo novamente plena, enquanto imaginava essa cena - dela dormindo ao meu lado - como algo familiar. Pela primeira vez em tempos, pensei nela como minha Mulher.

POV PRISCILA

Sai do transe que o sono causa, ficando levemente consciente, ainda que não o bastante para abrir os olhos. Senti os dedos pequenos de Carolyna acariciando meus cabelos, me mantive quieta, aproveitando o chamego.

Ouvi sua voz suave sussurrar algo distante, como se estivesse falando consigo mesma. Meu coração deu um baque ao escutar claramente ela me chamando de meu amor. Depois de tantos anos, as palavras que antes eram costumeiras, foram o suficiente para causar um reboliço em todo meu ser.

Céus, como eu queria escutar que ela falasse que ainda me ama... eu preciso que ela diga. Já perdi oportunidades demais para estar aqui, agora vai ter que valer a pena.

Não que já não esteja valendo, obviamente.

Abri os olhos, sabendo que minha farsa não ia colar por muito tempo, Carol rapidamente tirou as mãos de meus cabelos e arregalou os belos olhos ao notar que eu estava desperta. Não demorou muito para suas feições relaxarem.

Carol: Que soninho... – falou com uma voz levemente infantil, roubando-me um sorriso.

- Venha cá. – Puxei-a, obrigando que deitasse ao meu lado.

Carol: Ficaremos na cama o dia todo? – Brincou.

- Hm, não é uma má ideia. – Respondi, com um tom malicioso. Ela bateu em meu ombro, soltando a gargalhada gostosa que é uma marca unicamente dela.

Virei o rosto para apreciar seu sorriso, porém me choquei com seus olhos. O brilho intenso e indiscutível que havia neles deixaram claro que há coisas que não precisam necessariamente serem ditas. Elas ficam subentendidas. Nesse caso... sim, eu também te amo, meu amor.

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O Intercambio 2  - CAPRI Onde histórias criam vida. Descubra agora