Capítulo 15

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POV PRISCILA

Girei a caneta que segurava entre os dedos enquanto olhava fixamente para a tela do notebook. A tela em branco. Suspirei pesadamente e passei as mãos pelos cabelos, está impossível me concentrar para iniciar o novo capítulo. Fechei os olhos recapitulando o que vinha sendo minha vida nesses anos que fiquei longe da bela morena que está no andar de cima.

Não posso dizer que pulei de cama em cama, mas certamente tive bastante amantes. Homens fortes, musculosos, de traços bem masculinos e que me deixavam confusa e mulheres elegantes, com lábios doces e corpos esculturais. Mulheres que tentavam me inspirar. Mulheres para as quais eu sorria. Quem dera esse sorriso chegasse aos olhos. Foi infernal para dizer o mínimo. Não conseguia sobre hipótese alguma me apaixonar por qualquer uma dessas pessoas.

Minha carreira abriu um leque de oportunidades nos quais me agarrei com muita gana e dedicação. Já que não encontrava um amor, os inventei em meus livros. Que ironia que a maiorias de minhas personagens principais tinham olhos castanhos e o jeito de Carol.

Conheci o lado bom e o degradante da fama. Meus leitores são participativos e gosto de ficar entre eles. Porém às vezes preciso do mais absoluto silêncio e não o encontro.

Preguei um sorriso no rosto, no início somente para meus leitores, depois para a imprensa, até que não o tirei mais dos lábios. Qualquer um com o mínimo de inteligência conseguia ver que eu não era tão feliz quanto aparentava.

Eu queria ser. Eu queria acreditar que era. Mas sempre faltava algo, algo que viesse para encher meus dias de cor novamente e me tirar da mesmice que vinha sendo.

E então apareceu uma atraente mulher com um abajur na mão no meio do meu banho.

POV CAROL

Desci as escadas tentando não fazer muitos ruídos, Priscila estava com a cabeça entre as mãos, aparentemente cansada. Tive o impulso de afagar seus cabelos e beijar sua nuca, somente para a ver arrepiada.

Controle-se Carolyna.

Priscila: Hey, está aí há muito tempo? – A rouquidão de sua voz me despertou, terminei de descer as escadas.

- Não queria te atrapalhar.

Priscila: Imagina, já encerrei por hoje. – Levantou-se e se escorou na cadeira que acabara de empurrar. – Dormiu um pouco? – Neguei, notei-a se aproximando.

Parou em minha frente e esticou a mão, tirando uma mecha de cabelo que estava em minha face, continuamente acariciou o local. Engoli seco enquanto mirava seus lábios.

Priscila: Está cansada. – Não foi uma pergunta.

- Priscila... – sussurrei. - ... O que sente? – Fechei os olhos por uns segundos. Ela ficou calada por um tempo, antes de responder.

Priscila: Sinto...me olhe. – Tocou meu queixo com delicadeza, fazendo-me a encarar. - ...sinto cócegas no coração. – Prosseguiu - não esperava te rever, mas quando aconteceu foi como se eu sempre estivesse ansiando por isso. – Respirei fundo. – E você está tão linda... – estreitou os olhos ao falar.

- Obrigada, eu... – limpei a garganta. -... não sei porque perguntei isso.

Ela sorriu pelo canto dos lábios então inclinou a cabeça em minha direção e pousou um delicado beijo na trave de minha boca, na sequência se afastou e subiu em direção aos quartos.

POV PRISCILA

Fiquei um bom tempo pelo andar de cima, a proximidade com Carol era perigosamente tentadora, mas tudo ainda não passava de uma loucura. Vivi três anos de minha vida sem ela, três anos aos quais julguei estar fazendo tudo direito. Talvez esse tenha sido meu erro. Eu não nasci para ser normal.

O Intercambio 2  - CAPRI Onde histórias criam vida. Descubra agora