POV CAROLYNA
Fechei o notebook que estava sobre minha mesa com força. Inferno, mais uma vez me desconcentrei. O movimento na ONG é tranquilo, talvez por ainda ser muito cedo, normalmente nesses momentos raros eu cuido da parte administrativa, que é também, curiosamente a que eu mais odeio. Porém hoje não havia maneira daqueles papéis capturarem minha atenção, por isso quando o telefone tocou eu me lancei em sua direção afobada e ansiosa para ter uma desculpa plausível para fugir do que fazia.
- Alo. - Disse empolgada.
Amanda: Carolyna! - A voz soou, tão animada quanto a minha. - Oh, que saudades.
- Sim, também sinto sua falta. - Sorri, encostando-me na cadeira. - Como está meu futuro afilhado?! Tem o alimentado direito?!
Amanda: Ainda que eu não fosse responsável, o que acredite, eu sou, minha esposa não deixaria nosso filho ser prejudicado de forma alguma. - Rimos. - Enfim, que tal um jantar aqui em casa amanhã?
- Eu posso dar uma passadinha aí... - mordi meus lábios. - ..., mas minha prima está comigo e ficará só mais alguns poucos dias, então combinei com ela que as noites ela decide o que quer fazer, já que eu trabalho no turmo inverso.
Amanda: Mas venha com ela, teremos o prazer de recebe-la.
- Parece a dona de um hotel falando... - murmurei, ela gargalhou. - Eu prometo que falarei com ela, então tem retorno a ligação, ok?
Amanda: Tudo bem. - Concordou, logo nos despedimos, mas antes Amanda acrescentou com a voz levemente distante e um tanto nostálgica... - E, Ca...
- Sim?
Amanda: Eu realmente estou com saudades.
E algo em sua entonação deixou claro que ela não fala somente do contato físico.
- Gab! - O chamei, quando o vi passando pelo corredor, ele parou escorado na minha porta e acenou. - Você acha que eu mudei?
Gabriel: Hã?
- É, nesse tempo, durante os anos...
Gabrie: Obviamente, você amadureceu. - Enrugou a sobrancelha. - Porque?
- Porque sinto que as pessoas que eu mais prezo no mundo não gostam dessa nova Carolyna. - Suspirei. - E se eles não aprovam eu não sei se quero ser assim.
Gabriel: Oh, meu bem, você só deve mudar se não estiver satisfeita com quem é. - fitei-o, atenta. - Não o faça pelos os outros, quem a ama verdadeiramente acabará por aceitá-la tal como é.
- Gab, eu não sei quem eu quero ser. - admiti, tristemente. - Meu mundo desmoronou. - Senti o nó em minha garganta se iniciar. - Porque só o que eu faço é ter medo.
Gabriel: De que? - Finalmente entrou na sala, encostando a porta.
- De decepcionar. - Mordi o canto de meus lábios. - Só que tentando acertar eu errei cruelmente.
Gabriel: É esse seu problema. - Aproximou-se, se agachando em minha frente. - Você sempre quer agradar os outros e abraçar ao mundo, mas aí vai uma novidade, seus braços são pequenos demais para isso. - Sorriu. - Abrace-se primeiro, para depois fazê-lo com o próximo. - Assenti, sentindo-me estupidamente fragilizada. - Venha cá. - Puxou-me até que o abraçasse. - Você é jovem, livre e desimpedida, não se foque tanto no trabalho. - Sussurrou-me. - Faça mais o que seu coração manda, é época de tentar errar, tentar de novo...
- Como você sabe que o problema está na ONG? - Murmurei.
Gabriel: Eu não sou tão desatento assim, desde que voltou da viagem está diferente. - Acariciou-me os cabelos. - Teu brilho nos olhos constante se apagou. - Contive as lágrimas. - É óbvio que todos sabem que você é louca pelo que faz, mas há momento que claramente você não queria estar aqui, compreende?
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O Intercambio 2 - CAPRI
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