Capítulo 32

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POV PRISCILA

Suspirei, passando as mãos ainda um pouco trêmulas pelos cabelos, afastei-me da janela, soltando o telefone, recolhi tudo que estava sobre a mesa e abandonei a sala. Olhares curiosos se focaram em meu rosto, ignorei-os, sem paciência.

Caminhei em passos firmes, decidida a alcançar a saída e me enfurnar em casa. Mas...

Gildo: Senhorita Caliari. - Chamou-me. Girei os tornozelos, arqueando uma sobrancelha. – Estiveram te procurando.

Respirei fundo e me aproximei do balcão, soltando os papeis que trazia nas mãos, enquanto esperava ele prosseguir.

Gildo: Ela não deixou nome...

- Ela? – Franzi o cenho. – Era minha irmã?

Gildo: Não, certamente não era a senhorita Amanda. – Afirmou.

- Deixou recado? – Ele negou. – Diabos, o que essa pessoa queria?

Gildo: Somente perguntou se a senhorita estava na sala, decidi comunicar por não saber se esperava por alguém.

- Como ela era?

Gildo: Estatura mediana, cabelos médios, ondulados e não olhei bem, mas talvez castanho... – estreitou os olhos, forçando-se a lembrar de mais. - ... Olhos intensos.

Cambaleei. O baque veio forte, fazendo a cor sumir de meu rosto e o nó na garganta parecer estrangular-me.

Gildo: Sente-se bem? – Questionou, apreensivo. – Gostaria de um copo de água? – Neguei com a cabeça, incapaz de responder com palavras.

Não sei como cheguei até o sofá. Meu pulso estava acelerado, o suor em minhas mãos molhava as folhas que carregava. Meu corpo estava trêmulo. Somente com a hipótese de ela estar tão perto... quase podia sentir o aroma doce espalhado pela recepção.

Engoli seco. A vontade de ligar para ela e perguntar porque não subiu, porque não me procurou, era praticamente torturante. Céus, só Deus sabe o quanto me faria bem saber que ela sentiu minha falta. Eu tive a certeza de que assim que a visse nada mais iria importar, eu simplesmente a tomaria nos braços. Indiscutivelmente não tenho nenhum poder sobre mim quando ela se aproxima.

POV CAROLYNA

O café já havia esfriado, meus lábios formavam uma expressão de derrota, soltei a colher, cansada de ficar remexendo na xícara em minha frente. Meus pensamentos estavam longe. Ou talvez, nem tanto. Estavam há duas quadras.

Os olhos, malditos olhos encantadores, surgem em minha cabeça cada vez que fecho os meus. Inferno. É impossível viver assim. O arrependimento já havia brotado em meu coração a muito tempo, porém eu não o deixava se propagar. Hoje, desisti.

Desisti porque é inevitável pensar que poderia ter entrado em sua sala e ser recebida com um lindo sorriso. Trocaríamos um ou dois beijos e ela me perguntaria como passei a noite, ainda que tivesse sido, provavelmente, em seus braços. Eu iria fazer birra até a tirar do trabalho e a arrastar até a cafeteria comigo, dividiríamos um pedaço de torta e iríamos ficar rindo à toa. Sabendo que o mundo não tem importância quando estamos juntas.

E certamente eu já teria terminado de tomar o café a séculos.

Suspirei cansada. Cada dia que passa eu sinto o abismo entre eu e Pri aumentar. E perco mais e mais a coragem de a enfrentar. De correr o risco de a ver me dispensando.

Meu celular tocou, olhei o visor. Luna.

- Olá, princesa. - Atendi, prontamente. Minha prima, agora com quase seus onze anos vibrou do outro lado da linha ao me contar a novidade.

O Intercambio 2  - CAPRI Onde histórias criam vida. Descubra agora