Capítulo 30

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POV CAROL

Eu sou um fracasso.

- É tudo culpa minha. – Respirei fundo. – Eu nunca deveria ter tirado essas férias, como pude ser tão irresponsável?! – Disparei. E segui no mesmo fôlego. – Acalme-se Gab, estou retornando para L.A agora mesmo. Pela manhã já estarei aí.

E dessa vez não há nada que consiga me convencer a não voltar.

Estiquei-me para alcançar a mala vazia que havia posto sobre o guarda roupa, com as mãos tremulas e o coração martelando angustiadamente dobrei algumas camisetas antes de socar tudo em minha bagagem. Em menos de dez minutos já havia pegado todas minhas tralhas e colocado em frente à porta.

Subi novamente até voltar para onde estava Pri. Por um segundo, enquanto a olhava adormecida, os problemas pareceram diminuir consideravelmente. Sentei em silêncio ao seu lado, esticando a mão até tocar em seus cabelos. Meu olhar caiu terno sobre seu rosto, enquanto sentia os olhos marejarem.

- Meu amor... – sussurrei. - ... desculpe-me por isso, mas eu já estou correndo o risco de perder a ONG por culpa de minha irresponsabilidade. – Funguei, com a voz tremula. – Não iria suportar que o mesmo acontecesse com nós daqui a uns anos. – Uma lágrima solitária cortou meu rosto. – Eu nunca vou me esquecer desses dias, foram simplesmente mágicos. – Segui com o tom de voz cada vez mais baixo. – Porém eu não consigo dar conta de um amor e de meu trabalho ao mesmo tempo. – Respirei fundo. Com meu coração dilacerado. – E não posso te meter nessa e estragar com sua vida. Deixar-te será a melhor coisa que poderei fazer por você. – Afastei a mão de seu rosto. – Se for para ser, o destino irá nos juntar novamente, se não terei a certeza que, apesar de tudo, não estava escrito que iríamos ter um felizes para sempre.

Fitei-a por mais uns segundos, antes de deixar o local. Peguei minhas coisas e sai para a noite gélida e vazia.

Ao bater à porta não olhei para trás.

Nenhuma vez.

~*~

POV PRISCILA

O clarear do dia adentrou por entre as frestas das cortinas. O calor do sol contra meu rosto fez com que me despertasse, ainda que o ar em volta estivesse um tanto quanto frio. Estiquei o braço, buscando pelo corpo de Carolyna, para aquecê-la.

Encontrei o lugar vazio.

Abri os olhos preguiçosamente, enquanto bocejava e tentava superar a preguiça matinal.

- Carol? – Chamei, com a voz rouca e arrastada. Silêncio.

Levantei, arrepiando-me com o ambiente gelado. A porta do banheiro estava aberta, indicando que lá ela não estava. Desci, vendo a sala vazia e ainda escura. Entrei na cozinha e também não a encontrei. Cogitei a possibilidade de ela ter acordado cedo e haver decidido ir buscar o café na Nona. Não levou dois minutos para que me ocorresse um estalo e eu voltasse correndo para o segundo andar... notando o quarto vazio, sem nada.

Senti minhas pernas bambearem e força dissipar de meu corpo. Cai sentada sobre o colchão, sofrendo o impacto doloroso e silencioso de dar-me conta que ela havia ido embora.

Minha cabeça girava e senti minha garganta fechar. Meus olhos ardiam e as lágrimas incontidas já desciam em um gesto mudo de solidariedade ao que meu coração sentia.

Eu não conseguia encontrar um motivo lógico para sua partida, não havia sequer um bilhete, nada. Absolutamente nada que me provasse que isso estava mesmo acontecendo.

Já fazia tempo que não chorava tanto quanto agora. Os soluços foi consequência de toda a dor, meu corpo tremia e eu não sabia o que fazer para conseguir me deter.

O Intercambio 2  - CAPRI Onde histórias criam vida. Descubra agora