Capítulo 7

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ATENÇÃO AOS GATILHOS: Ataques de pânico, convulsões (+18). ⚠

   Era manhã, acordei cedo e desci para tomar o café da manhã, comi algumas frutas com cereal e leite e saí para correr. Em partes era bom estar no meu corpo humano outra vez, mas estar na forma de lobo me deixava mais ágil, e sobre o controle das minhas habilidades. Enquanto corria, consegui ouvir muitos sons de pessoas, crianças, animais, até mesmo da brisa empurrando as folhas nas árvores. 

 Entrei na floresta tentando me afastar ao máximo das pessoas e do som dos carros, enquanto corria concentrada na trilha minha visão ficou turva como a de um lobo, comecei a me lembrar. Perdi o controle da minha velocidade e caí de cara no chão, o coração acelerado e a respiração desregulada, olhei em volta tentando prestar atenção em algo, tentando focar.

 — Tem um exercício para quando se sentir assim. — Lembrei-me da voz doce da minha mãe, quando tive meu primeiro ataque de pânico. 

— E-eu não consigo. Não consigo. — Abracei meus joelhos, perdendo o controle da respiração.

— Vamos querida, olhe ao seu redor. Me diga cinco coisas que consegue ver. — Suas mãos envolveram as minhas, fazendo-me prestar atenção.

As árvores. Engoli em seco, o corpo trêmulo e fora de controle. As folhas. Nunca fiz isso sozinha antes, mas não estava nem perto de me acalmar. O ninho em cima da árvore.

— Merda. Que merda. — Resmunguei apertando a terra com força. A terra. Consigo senti-la com as minhas mãos... minhas mãos.

— Quatro coisas que pode tocar. — Ela me abraçou, deixando um beijo na minha cabeça.

 A terra, as folhas, meu casaco, meu rosto... minha respiração começou a regular, mas a minha mente ainda não conseguia processar, minha vista insistia em destorcer-me da realidade. 

— Três coisas que pode ouvir. Vamos querida, está indo bem.

 Posso ouvir mil coisas, mas ela me pediu só três, as três coisas mais próximas de mim. A brisa fria soprando as folhas, o canto dos pássaros, minha respiração.

— Isso meu amor, muito bem. — Minhas lágrimas mancharam sua roupa, mas ela nem se importou com isso. — Duas coisas que possa cheirar.

— Muitas coisas. Argh. — Coloquei as mãos na cabeça e fechei os olhos, tentando me concentrar apenas no olfato, tentando me lembrar de quando era um lobo, de como utilizava bem meus sentidos. — E-eu sinto cheiro da terra molhada. E-e da gasolina fresca de um carro recém abastecido.

— Uma coisa que possa sentir o gosto.

 O açúcar que comi pela manhã em forma de cereal, seu sabor ainda estava presente na minha boca. Quando olhei em volta a memória havia desaparecido, eu estava sozinha, a lembrança da minha mãe me fez bem... mas me trouxe uma saudade que deixou-me triste pelo resto da manhã.

— Obrigada mãe. — Sussurrei para mim, levantando do chão.

 Estava voltando pra casa quando pisei em um folheto, parecia colocado recentemente. Era um cartaz de procurados com o desenho de um ninja, ao menos era o que se parecia, ele vestia um manto preto e uma máscara de samurai.

— Quando foi que isso aconteceu? — Olhei em volta, todos os sons altos desapareceram, as ruas estavam vazias. O que de certa forma me fez arrepiar, senti um desconforto e corri até em casa. — Pai! Papai!

 Chamei, ele não estava em casa, devia ter saído logo cedo. Subi para tomar um banho e me arrumar para a escola, escovei os dentes e coloquei um pouco de maquiagem no rosto para não parecer zumbi na primeira aula.

A Maldição do Lobo, Teen WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora