CAPÍTULO - 16

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Os diversos tons de cinza do búnquer ao meu redor, traziam um ar meio claustrofóbico pro ambiente, por mais que a temperatura fosse aconchegante, o contraste da iluminação com o concreto do piso, paredes e teto deixava tudo mais denso, como se houvesse uma energia pesada ali dentro.

Fora da sala de comando, haviam outros corredores e portas, deviam levar a outros locais do abrigo e de certa forma, eu cultivava um sentimento de buscar conhecer cada centímetro desse lugar.

Comecei a descer as escadas e enquanto dava cada passo, busquei organizar tudo o que eu tinha ouvido na reunião, por mais que a maioria ali dentro parecessem plantas, eles claramente escondiam muitas informações e se eu usasse as peças certas, poderia ganhar uma cadeira só para mim no conselho. Já Luiza estava um tanto perdida quanto a missão de liderar e ser respeitada, ela era pacifica demais e governar um lugar como esse, exige mãos mais firmes.

O papai sempre manifestava um olhar e um jeito diferente quando ia falar dos seus amigos, tudo que eu tinha ouvido sobre a relação dele e dos moradores daqui era simplista demais, não podia ser só isso. Durante a reunião, Luiza pareceu estar bem interessada nele e se tinha alguém que podia me dar mais informações, era ela e eu certamente vou dar um jeito de arrancar dela.

Mais alguns passos....

- Está perdido ?

- QUE SUSTO GAROTA !! - tropecei de leve num dos degraus e me escorei com a mão esquerda na parede.

A garota estranha da cozinha estava mais abaixo no caminho da escada.

- Te assustei? - ela perguntou, subiu mais três degraus e depositou a mão sobre meu ombro.

- Não, não me assustei - aproveitei que o caminho estava meio escuro e fiz uma cara de infelicidade.

- Perdão, sou Felicia.

- O que ?? - eu ainda me recuperava da cena de terror que eu acabara de presenciar.

- Quando nos conhecemos mais cedo, você não perguntou meu nome e estou te dizendo agora - ela completou e isso me fez sentir um pouco culpado.

- Desculpa, eu estava cansado de ontem e de tudo que...

- Não precisa se desculpar, é regra da casa. Só me chama de Felicia agora.

- Pode deixar - respondi e logo continuei a descer as escadas ao lado dela.

O clima que tinha se formado e que agora nos acompanhava não era um dos melhores e desde que eu havia chegado, ela parecia não querer se desgrudar de mim, eu mal conhecia ela e não tinha interesse em conhecer.
Talvez você discorde de mim, mas esse sou eu.

Finalmente tínhamos chegado ao fim da escada e agora estávamos expostos a uma iluminação melhor, Felecia ainda mantinha suas duas tranças laterais por cima de seus ombros e só agora conseguir notar que ela possuía um broche em formato de sorvete sobre seu peito esquerdo.

- Fiquei responsável por te mostrar os dormitórios....

- Irei visitar minha mãe primeiro - respondi prontamente cortando-a.

- Você ainda não tem permissão para fazer visitas, os médicos estão cuida....

Paramos de andar e olhei para ela.

- Você pode conseguir essa autorização para mim e talvez a gente possa sair juntos - falei, buscando transparecer que eu tinha algum interesse nela.

Ela sorriu meio tímida.

- Posso conseguir para você, mas só depois de te apresentar o dormitório. - Felicia se aproximou de mim e por uns instantes achei que ela ia me beijar, porém sua boca se direcionou ao meu ouvido direito e sussurrou - Ordens são ordens !!!!.

TEMPORADA DE CAÇA Onde histórias criam vida. Descubra agora