CAPÍTULO - 22

0 0 0
                                    

Todo o verde estava de volta e aqui fora, eu parecia estar livre novamente, mesmo que alguns caçadores pudessem, e certamente estavam à espreita pela região só esperando para que alguém cometesse uma bobeira.

Como os caçadores não tinham permissão para usar armas de fogo, nos matar ou nos machucar. Eles precisavam usar técnicas mais primitivas para nos encontrar.
A pergunta é : Como se caça um ser humano ?

Por mais que eu e muitos outros vivessem em condições extremas de sobrevivência, ainda sim vivíamos em uma país tropical e com muita biodiversidade, mas sempre pensei nos outros de nós que vivem em países desérticas, gelados ou até mesmo com poucos recursos.

O papai sempre me falava das zonas mortas, elas eram regiões espalhadas pelo planeta onde algumas bombas nucleares foram usadas e após os impactos, lugares que antes eram cheio de vida, agora se encontram em ruínas e totalmente contaminados por inúmeros componentes radioativos. Algumas regiões da floresta Amazônia, Estados Unidos, China e Iraque estavam assim, devem haver mais locais, mas esses eram os únicos que eu sabia.

Com olhos atentos, armas em punho e com o ritmo do coração passando a ficar acelerado, caminhamos juntos em direção a saída do aeroporto. A maior parte da estrutura de embarque dele estava aos pedaços, muita relva cerceia por todos os lados. Dois aviões estavam parados sobre a longa pista que percorria todo o cenário a nossa volta. A grama alta se espalhava quebrando o concreto e deixando a paisagem com uma mensagem dita apenas por imagens : Vão embora humanos !.

Tínhamos chegado ao muro-limite do aeroporto, atravessamos por uma rachadura e logo, estávamos diante de uma floresta. Nem um sinal de caçador algum por enquanto.
Mais alguns passos e Tony que ia mais a frente parou e se ajoelhou oberavando algo.

- Cães selvagens - ele tocava algumas pegadas que estavam no chão molhado -, são recentes.

- Estranho, eles dificilmente aparecem por aqui - Pike se aproximou, baixou a cabeça e olhou para as pegadas.

- O mundo está cada vez mais estranho - Luiza completou a conversa e passou a andar mais a frente, forçando-nos a continuar a caminhada.

O céu estava começando a ficar limpo e as nuvens escuras já não mais existiam, o sol vai ficar mais alto e se dermos sorte, vamos voltar o quanto antes.

- Acha que algum dia vão encontrar uma cura para o vírus? - Letícia falou, ela andava ao meu lado.

- Quer uma resposta sincera? - ela me encarou -, creio que sim. Uma hora ou outra, o império vai encontrar a solução para isso tudo, eles matam tantos por lá que alguma dessas mortes deve servir para alguma coisa.

- Você tem uma visão um tanto ruim do mundo.

- Não, eu estou sendo apenas realista. O mundo não é um bom lugar para se viver é por mais que existam pessoas boas...- parei por um momento recordando algumas memórias -, elas não são suficientes para mudá-lo.

- E se ensinarmos a próxima geração a cuidar das feridas desse mundo ? - Letícia retrucou, arrumando uma das mechas do seu cabelo liso.

- A próxima geração vai morrer como a atual e se formos depender deles... - decidí não finalizar a frase, pois vi naquele momento que Letícia tocava a barriga dela e essas palavras não eram para serem ouvidas por uma grávida -, desculpa... eu.... .

- Tudo bem Léo, só espero que um dia possa encontrar algo ou alguém que faça você ter fé em dias melhores - Ela finalizou e em seguida se adiantou mais a frente para perto de Erik.

Eu evitei falar comigo mesmo, não era hora para que minhas vozes entrarem em conflito.

A floresta era bastante semelhante a da reserva, altas árvores para todos os lados, diversos cantos de pássaros diferentes e muito aromas dominavam o ambiente. As folhas verdes eram bem mais numerosas que as secas que cobriam o solo e aqui e ali eu podia ver a luz da manhã adentrar pelas copas das maricás, cambucis, embaúbas, palmiteiros, pitangueiras e muitas outras.

TEMPORADA DE CAÇA Onde histórias criam vida. Descubra agora