CAPÍTULO - 29

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O 15° andar dos alojamentos, ou melhor "Maré baixa " como um dos guardas mencionou, é bastante acomodado. Uma bela visão para a cidade que se estendia a perder de vista lá fora, o brilho das estrelas e uma lua tímida que ocultava-se em algumas nuvens espassas. 

Já era noite e como porcos para o abate, o império iria realizar um baile de gala antes da nossa partida amanhã. Pessoas influentes de todos os lugares iriam vir para prestigiar os recém chegados e talvez embarcar no jogo de apostas da caçada. Quem será o primeiro à morrer? Quem vai capturar mais pessoas ?. Tudo isso me causava nojo, é desprezível.

- Acha que estou bem, Léo? - Marco perguntou se olhando no espelho próximo a cortina do quarto, tentando posicionar a gravata-borboleta azul.

- Dar para o gasto - respondi, estava deitado na cama.

- Obrigado.

- Não foi um elogio - retruquei me levantando depressa e indo até a janela onde Nicolas se mantinha parado.

- No que está pensando?

- Não sei dizer - Ele se inclinou para frente na barra da janela, parecia cansado -, tudo parece teatral nessa cidade. Os sorrisos programados, a comida é esquisita, o clima é diferente e essa roupa... - ele puxou o colarinho junto com a gravata-borboleta para o lado.

Olhei para o ponto mais longe que consegui avistar no horizonte.

- Acha que tem como fugir daqui? - falei sem pensar se poderiam estar nos ouvindo.

- Sim, acho que existem, mas não tentarei - ele me olhou, sorriso preguiçoso.

- Mas, você vai simplismente aceitar tudo isso ? Nós estamos sendo usados como máquinas, não percebe ? - Declarei, talvez um pouco rude.

- A tatuagem implantada nas nossas costas está diretamente ligada à nossa medula e sistema nervoso, se tentarmos fugir, morremos eletrocutado na mesma hora. Não quero pagar para ver.

Fiquei quieto por uns instante. Fugir estava fora dos planos, então iamos ter que aceitar o nosso destino e pronto. Parece covarde a idéia, mas para Nicolas e Marco era o mais sensato a se fazer.

Victoria concerteza diria para  arriscar uma saída, mamãe ficaria na zona de conforto, já o papai.... bem, pela primeira vez, não sei o que ele decidiria fazer. Era realmente uma terra estranha.

A capital havia no dado um conjunto de roupas de gala padrão. Sapatos, calças, camisas, coletes e ternos pretos sociais e uma gravata-borboleta azul para cada. Eu nunca tinha vestido algo assim e não gostei nada da sensação de estar sendo apertado o tempo todo. Não me sentia feio em frente ao espelho, mas não era eu ali, não o Léo de verdade.

Desde que fomos guiados até o quarto, Nicolas passou a maior parte do tempo, de frente as janelas. Ele era curioso e sempre tinha um plano B, mas dessa vez não, ela apenas acatou a nossa infeliz situação.

- Falta muito para irmos para o banquete ? Estou com fome - Marco veio até nós e se jogou na cama.

- Também estou - Nicolas emfim saiu a caminhar até um pequeno canto do recinto e sentou-se numa cadeira, desabotoando o terno.

- Quero comer até estourar, as três próximas semanas vão ser bem difíceis e não quero ter que sair desse progama por esse motivo - Marco dobrou as pernas, posicionando o travesseiro atrás da cabeça.

- Isso não é uma competição - falei irritado. As lembranças do quão cretino era o Marco estavam começando a voltar.

- Não somos nós que decidimos isso Léo. Existem regras, formas de ganhar e perde e ainda tudo isso aqui, é transmitido para a TV. Se encaixa perfeitamente num tipo de competição - Ele rebateu.

TEMPORADA DE CAÇA Onde histórias criam vida. Descubra agora