CAPÍTULO - 31

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Diversas filas foram sendo formadas ao longo do grande pátio de decolagem. A nossa volta, mais uma floresta de grande árvores frondosas e algumas colinas.

- Vamos ficar perto - Indiquei, enquanto caminhei para uma das filas mais ao centro.

Nicolas posicionou-se ao meu lado, em outra fila. Estávamos calmos e dentro de mim, um pequena esperança e um grande pessimismo batalhavam. A Leona tem que ter aceito... tem que ter.

Nenhum sinal do Marco.

Mais e mais recrutas iam chegando nos vagões ao longo dos minutos que se seguiram. Toda a movimentação a nossa volta nos destraiu por um bom período. Devem ter se passado quarenta minutos ou mais.... Eu me sentia pequeno.

- Mais de mil pessoas - Nicolas falou, mexendo em sua prótese.

- E não param de chegar mais - olhei mais uma vez ao meu redor e me espantei com o mar de corpos. Conversas paralelas, rostos cansados, confusos e medrosos. Presas que iriam se tornar predadores.

Na frente do começo das filas, havia um palco. Nele, fora montado um púlpito de madeira e alguém então passou a subir pelos degraus ao lado da plataforma. Um homem baixinho seguiu até o microfone. Seus passos eram imponentes, certamente alguém tão ou mais importante que a Leona.

- Humm humm - a voz pigarrreou -, sou Dário, 12° comandante do império, responsável pela paz e ordem da capital. Serei breve e explicarei algumas informações indispensáveis.

Após isso, uma tremenda bajulação para o sistema ao qual ele jurava garantir a paz e ordem começou.

- Notou que o pescoço dele é interrado ? - Nicolas sussurrou.

Segurei o riso e encolhi um pouco minha cabeça para me esconder do campo de visão do comandante.

O discurso era tão duro quanto ao de Leona. As palavras, ou melhor, a adoração para com o império eram boas inspirações para mentes fracas e amargas palavras para os que iriam ser caçados.

Fomos instruídos à unir as duas mãos num círculo na região da medula. O símbolo da capital agora estava sendo reproduzido por centenas de pessoas no grande pátio. Obediência e controle.

- Agora, repitam os dez juramentos que regem a Temporada de caça - a voz volátil ao microfone deixou todos ainda mais atentos.

- 1° JURAMENTO. PROMETO NÃO FERIR MINHA PRESA.

Não repeti a frase. Não me sujeitaria a isso e não fui o único. O coro das vozes a minha volta havia chegado à umas quatro centenas. O restante de nós, aparentemente não estava pronta para assumir esse caminho de carnificina.

- Peço gentilmente que repitam esses juramentos. Todo o império está assistindo vocês nesse momento, vamos orgulhar-los. Contamos com cada um de vocês - Dário abaixou a folhinha que segurava em sua mão direita.

" 1° JURAMENTO - O comandante repetiu mais alto  -, PROMETO NÃO FERIR MINHA PRESA ".

Em minha rebeldia, permaneci calado e não disse uma só palavra. Passei a sentir um formigamento em minhas costas.....

" PROMETO NÃO MATAR MINHA PRESA " - todo um coral de variadas vozes pronunciaram em alto e bom tom.

O formigamento ficou mais intenso. Então sem esperar, um calafrio iniciou-se em minha nuca e percorreu toda minha coluna até a região da tatuagem. Um pequeno choque atingiu minha medula e respondi contorcendo minhas costas.
Não sou um idiota, sei que isso foi um aviso. Não posso me esquecer que eles controlam parte de mim.

Meu coração passou a pulsar mais forte e aparentemente eu não tinha sido o único a levar a descarga elétrica no organismo. Um grande silêncio nos rodeava, Nicolas estava de joelhos dobrados no chão, ele se tremia.

TEMPORADA DE CAÇA Onde histórias criam vida. Descubra agora