Ele não me olhou ou pareceu me reconhecer. Sua barba negra ainda estava lá, seu rosto denso e sério continuavam no mesmo lugar.
Se ele estava aqui, o que deve ter acontecido com os outros ? A mamãe... o menino que resgatamos da mãos do velho canibal e até mesmo, os feridos da invasão ?.
- Gosta de suco de flores ? - Leona levantou o braço para pegar a taça da bandeja, era um líquido vermelho.
Não dei atenção para a pergunta, eu só conseguia fitar Roger. Posso dizer que sou horrível em disfarçar, mesmo que minhw falta de cuidado possa me atrapalhar. Papai uma vez havia me dito que o segredo para uma zebra virar comida, era se o leão soubesse brincar certo de esconde-esconde.
- Fiz uma pergunta Léo.
- Ahh sim, claro - voltei-me para sua direção.
Roger deu alguns passos e estendeu o tabuleiro para mim. Peguei a taça e levei até minha boca.
- Obrigado, pode ir - A capitã voltou-se ao banco. Ainda não sabia como começar a tocar no assunto.
- Sabe que eu tenho todos os motivos do mundo para tentar me vingar de você, não é? - Disparei, tomando o primeiro gole.
- Sei, mas é uma pena que as trilhas de caça daqui são estranhas para um peregrino como você.
- Posso aprender e descobrir os pontos fracos - rebati.
- Também posso criar emboscadas e fazer de você um passarinho preso numa arapuca - Ela já estava na metade da taça, o sabor era diferente, mas era bom.
Sorrimos ao mesmo tempo.
- Agradeceria se não fizesse círculos. Ainda preciso voltar para ouvir dezenas de assuntos inúteis com os convidados.
- É simples, quero que meus amigos e eu sejamos realocados para outra missão. Quero voltar para o meu país - tentei parecer o mais confiante possível.
- Acha que isso está em minhas mãos?
- Sei que basta uma palavra sua, e até mesmo essas plantas obedeceriam - Olhei para ela, tomando mais um gole.
- Amanhã, irei conduzir uma nova missão em busca de outro grupo de rebeldes - sua voz de comandando surgiu.
Pensei banstante em cada letra que saía de sua boca. Tomei o último gole e percebi que no fundo da taça, havia um pequeno papel com uma escrita em letras miúdas.
" Sou eu Roger. Estamos infiltrados na capital. Volte para os seus. Sua mãe e Luiza estão te esperando. Após ler isso, engula o papel "
Engoli parte da minha saliva, meu pulso tremeu em seguida. Levantei o cálice o mais inclinado que pude e o bilhete desceu garganta abaixo. Roger não estava apenas servindo suco.
- Por uma questão lógica - ela continuou -, não faz sentido alguém que diz odiar tanto este lugar se aliar à uma víbora como eu e juntos, irmos caçar seus aliados.
- Falta um X em sua equação - Me aproximei mais dela, erguendo a peça de vidro para um brinde -, eu posso ajudar você e os outros caçadores à encontrar os outros rebeldes.
- A traição às vezes pode ser admirada. Mas não sinto que este seja seu verdadeiro propósito.
- Quando você e os outros invadiram meu antigo refúgio. Fugi com minha mãe o mais depressa que consegui, apenas nós dois. Naquele momento salavar nossa pele era a única coisa que importava. Eu poderia ter ficado e ajudava meus amigos, mas andar em bando é sempre mais complicado.
Ela entendeu sua taça. Brindamos.
- Não quero ter que viver mais fugindo ou lutando todos os anos para encontrar um novo lar, posso viver com um cidadão de Paradisus, mesmo que os muros dessa cidade me causem nojo. Posso aprender a conviver.
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TEMPORADA DE CAÇA
AksiPlagio é crime. Previsto no artigo 184 do código penal, fica proibido a violação dos direitos autorais. No ano 2035, a 3ª Guerra Mundial estorou e nos conflitos foram usados diversas armas nucleares acarretando em inúmeras nações dizimadas e terri...