TEMPORADA DE CAÇA

CAPÍTULO - 5

O barulho da sirene durou cerca de 15 segundos e tocou duas vezes, não dava para acreditar que a caçada já seria amanhã !! AMANHÃ !!!

Quando você pisa em cima de uma trilha de formigas, elas enlouquecem rapidamente ao perceber que existe um obstáculo no caminho, elas se espalham em várias direções para encontrar uma nova rota e contornar o obstáculo. Nesse momento me senti semelhante à essas formigas, sem saber para onde ir, ou melhor, para onde fugir.

Assim que a sirene foi tocada pela primeira vez, victória despertou assustada como se tivesse saído de um pesadelo, mas ela havia acabado de acordar para viver um.
Nós três nos olhamos buscando que alguém falasse algo, mas ninguém soltou palavra sequer .

- Léo, você sabe para onde devemos ir - victória diz.

- Silêncio, preciso pensar - falo enquanto ando de um lado para o outro coçando o cabelo.

A fogueira continua a arder .

- Léo, sua irmã tem razão, sei que dói pra você voltar para aquele lugar, mas saiba que vai doer mais em mim , não temos tempo para nos preocupar com mágoas do passado, mas sim em pensar na nossa sobrevivência no futuro.

Olho para a mamãe e vejo em sua face uma expressão calma, ela não expõe nenhum medo ou preocupação.
Dentro da minha cabeça, existe um espaço que está entendendo ela e dizendo que ela tem razão, mas a outra espaço que perguntas do tipo perambulam: porque durante todos esses 5 anos, esses amigos do papai nunca nos procuraram? porque nós deveríamos perder um dia de jornada para chegar ao distrito C, se poderíamos usar esse tempo para achar um novo lugar para nos abrigar, ou talvez procurar o máximo de comida?.
Continuo a andar pela sala, até que victória me surpreende e me segura.
Ela agarra meus braços e me olha nos olhos ,sua pele clara, assim como a minha, exala um odor de suó.

- Léo, o que o papai disse a você pela última vez?

- Torça para que sempre seja o dia da caça e nunca do caçador - respondo.

- Onde ele nos disse que tinha ouvido essa frase ?

- No distrito C -

- Então??.... -

Ela me olha com uma expressão de questionamento, eu sei o que ela quer que eu diga, mas a voz da minha cabeça ainda se mantém contrária.
Eu estava sendo atacado por inúmeras dúvidas neste momento, diversas pensamentos otimistas e pessimistas ocupavam minha consciência lutando para ver quem venceria.
Ficar ou correr ?
Tentar chegar ao distrito C ou esperar ?
Esperar o que?
Não sei ....
ahhhh.... cala a boca...

Começo a suar, ergo minhas mãos e limpo uma das minhas têmporas, até que em meio ao turbilhão de idéias, abro minha boca e dela saem as palavras:

- Ok, tudo bem, vamos ao distrito C - falo com a voz ofegante .

Ao ouvir minha resposta, ela abre um enorme sorriso e logo depois me abraça .
Olho para nossa mãe, ela ainda se mantém calma, mas também está feliz.
Depois de algumas conversas, decidimos partír pela manhã, logo depois de termos preparado tudo que certamente iríamos precisar.
Então voltamos a dormir, para que assim estejamos o máximo descansado e prontos para a viagem.

Não sei quanto tempo se passou mas sou acordado por victoria.

Talvez você também se pergunte qual é o sobrenome da nossa família, a resposta é: não temos.
Depois de tantos e tantos anos após o apocalipse, muitas coisas antigas deixaram de ser necessária, como por exemplo os sobrenomes, isso não quer dizer que você não possa escolher um para você ou quem sabe seus pais , mas simplesmente não é mais obrigatório, então sou apenas o Leonardo, ou melhor apenas Léo .