Preço Da Fama (AyA)

Cap. 20

POV ALFONSO

Deitado no sofá que ficava no centro do meu quarto olhando pra televisão.

Apresentador: Se Alfonso Herrera não se recuperar até junho.. haverá uma quebra de contrato dele com os Lions.. Vocês acham que ele consegue esse retorno? Entrem em nosso site e respondam a enquete.

Respirei fundo desligando a televisão e jogando o controle longe.

Droga, droga, droga!

Ouvi uma batida na porta.

Alfonso: Quem é? - perguntei sem paciência.

Ucker: Tem uma visita pra você.

Me virei para encará-lo, ele estava com a metade do corpo pra dentro.

Alfonso: Quem?

Ele tirou a cabeça provavelmente falando algo com a pessoa do lado de fora. E sumiu deixando a porta aberta.

Anahí: Olá. - falou tímida.

Ela apareceu entrando, estremeci por dentro. Dos pés, a cabeça. Passando obrigatóriamente pelo coração.

Alfonso: Any.. - sussurrei, pra mim.

Ela estava sem graça parada ainda próxima a porta.

Alfonso: Pode entrar - falei me ajeitando no sofá e colocando meu pé com cuidado na mesa de centro.

Ela assentiu e veio até a mim.

Ela estava lindamente, linda.

Os cabelos caídos pelos ombros.. os olhos, ah, os olhos..

Menina mulher..

Alfonso: Pode se sentar. - falei tentando não gaguejar, mas gaguejando.

Acabei de descobrir que ela causava esse efeito em mim.

Então ela se sentou, na ponta do sofá segurando as mãos.

Alfonso: Não sabia que estava em Miami

Anahí: Recebi um convite de sua irmã.

Alfonso: Ela não me contou que era você

Falei sem acreditar.

Anahí: Ucker me pediu pra falar contigo. - ela falou meia sem jeito.- Soube que não quer fazer a fisioterapia - fez uma careta.

Supirei apoiando o braço nas costas do sofá pra tentar ficar ao máximo de frente pra ela.

Anahí: Porque?

Alfonso: Tenho oitenta por cento de chance de nunca mais entrar em campo

Anahí: E os outros vinte? - perguntou tranquila.

Dei uma risada abafada.

Alfonso: Acho que não entendeu..

Anahí: Eu entendi sim. E acho que não deve desperdiçar esse mínimo de chance que tem.

Alfonso: Não acho que vale a pena me iludir. Lutar e não conseguir.

Ela suspirou.

Anahí: Quando eu tinha dezesseis anos, enquanto as meninas da minha idade estavam escolhendo seus vestidos da sua tão sonhada festa.. eu estava internada.

Estreitei a testa.

Anahí: Eu.. tive anorexia na adolescencia. Anorexia nervosa, junto com bulimia.

Alfonso: Tá falando sério?

Ela assentiu.

Anahí: Eu.. bom, meus pais perderam um filho antes de mim, em um acidente. Então eles sempre foram, super, mega protetores, como te disse uma vez - assenti e ela se ajeitou ficando de lado.- Então, as meninas me zoavam porque eles me buscavam na escola e me levavam todos os dias, já tinham um certo preconceito com isso, e eu nunca fui dessas meninas magrinhas quando criança, sempre fui um pouco acima do peso normal pra sociedade, de uma menina adolescente. Então eu queria me enturmar.. e com quatorze anos, comecei com a loucura de emagrecer.. fiquei cada vez mais fascinada..

Continuei a olhando atento, à cada palavra.

Anahí: Eu não tinha noção do quanto aquilo estava me fazendo mal.. não só por fora, como por dentro, nem tinha conhecimento da doença. Até parar em um hospital..

Ela respirou fundo e olhou pra cima, provavelmente para impedir das lágrimas caírem.

Anahí: Por pura bobeira, capricho.. eu estava jogando minha própria vida fora, e dando uma infelicidade eterna aos meus pais de sentir a dor de estar perdendo mais um filho. - ela respirou fundo novamente.- Eu tive um princípio de parada cardíaca, eu morri por oito segundos.

Abri os lábios surpreso.

Anahí: E se tem uma coisa que eu não me esqueço naquele dia. É a imagem de meus pais me olhando através do vidro, derrotados, com medo, dor.. e eu sabia que a culpa era totalmemte minha. - meneou a cabeça.- Assim que eu acordei, tinha uma enfermeira segurando minha mão, e ela disse pra mim: Só você pode lutar por você mesmo.

E uma lágrima escorreu por seu rosto..

Tentei me aproximar ao máximo dela, amaldiçoando aquela perna difícil de se mover.

Toquei seu rosto o secando com o polegar.

Ela mordeu os lábios.
Uma mania que ela tinha e me deixava louco.

Ela tocou minha mão com a sua a afastando de seu rosto. Mas de uma maneira gentil.

Alfonso: Me desculpe. Por tudo..

Anahí: Não vim falar disso..

Alfonso: Eu devo  falar. Me desculpe.

Ela me encarou por alguns segundos e de repente se levantou.

Anahí: Tenho que ir.

Alfonso: Fica até quando?

Anahí: Segunda, de manhã.

Alfonso: Onde está hospedada?

Anahí: Em um hotel próximo - falou colocando uma mecha do cabelo pra trás da orelha.

Me toquei de que ela não queria falar. Decidi não insistir.

E um silêncio tornou o ambiente constrangedor.

Peguei minhas muletas e me levantei ficando de frente pra ela.

Alfonso: Pode me dar um abraço?

Sem delongas.. ela me pegou pela cintura afundando sua cabeça em meu peito.

Me atingindo com seu cheiro, aquele cheirinho só dela.

Soltei uma muleta e a abracei com um braço mesmo, fazendo carinhos em seus cabelos e enterrando minha cabeça em seu ombro.

Só então percebi..

Eu realmente gostava dela.