Opostos que se atraem

Capítulo 4: Porquê?

O show terminou e eu fui para o meu camarim exclusivo onde a Luana  me esperava.

Luana: eu tava morrendo de saudade de você – ela falou já me abraçando.

Rodolffo: eu também tava Luana...

Luana: o show foi lindo. Cada dia cê tá mais maravilhoso, sabia?

Rodolffo: cê também tá muito linda. Fez boa viagem?

Luana: fiz sim e obrigada por ter mandado irem me pegar no aeroporto. Hoje eu quero muito te fazer um convite. – ela sorriu animada.

Rodolffo: faz uai... convite de quê?

Luana: uma prima minha casa daqui um mês lá no Paraná e eu queria muito que você fosse comigo. Minha família quer muito te conhecer Rodolffo. – ela falou acariciando meu rosto.

Rodolffo: não sei Luana. – falei me afastando dela.

Luana: meu bem... Nós somos amigos, não é assim que você me chama? Ela disse que eu posso levar um amigo e quero te levar comigo.

Rodolffo: eu vou pensar e te digo. – falei de forma seca.

Luana: por que esse medo todo de ser visto comigo? Os seus fãs sabem do nosso lance. Estamos juntos desde junho. Eu sempre tô contigo para o quê der e vinher. Porque você não quebra esse gelo? Rodolffo, eu estou apaixonada por você e nunca te escondi isso.

Rodolffo: não vamos dá passos maiores que as pernas, entendeu? Ainda não é tempo.

Luana: tá bom. Eu espero o tempo que for pra te ter todinho pra mim.

Ela veio me abraçando de novo e acabamos nos beijando. Eu até gosto da Luana, nosso lance é legal,  ela é uma garota bacana mas amar... Amar não. Eu, as vezes, sinto que a estou iludindo mas eu nunca disse que a amava ou que quero casar com ela.
Depois de conversarmos um pouco, resolvo ir com ela para o camarim onde estão os demais e incrivelmente ao fim do corredor vejo a moça de cabelo ruivo sumindo. – o quê ela veio fazer aqui? – por falar nela, por trás é que parece a Juliette mesmo, é as curvas dela perfeitamente, muito bonita por sinal.

Luana: que foi?

Rodolffo: que foi o quê?

Luana: cê ficou plantado aí igual uma estátua.

Rodolffo: né nada não.

Fomos até o camarim e lá encontro um cochichado com a minha chegada.

Rodolffo: que tá pegando? Cês tão tudo assombrado quando me viram.

Israel: cumpadi... Posso conversar com ocê um minutinho a sós? – ele chega me chamando de lado.

Rodolffo: ih que aí vem bomba. Vamos.

Israel e eu voltamos a sala que eu estava com a Luana.

Israel: cê não sabe quem apareceu no nosso camarim hoje? – ele falou entusiasmo.

Rodolffo: quem? – perguntei tenso.
Israel: Juliette. Era ela na peruca ruiva. Cara, ela veio assistir o show.

Rodolffo: sério? – me ergui surpreso. – eu sabia que era ela. Eu conheço aqueles olhos. Será que ela ainda tá aqui?

Israel: acho que não. Mas acho que ela queria te ver. Cumpadi, ela ainda gosta docê.

Rodolffo: não cumpadi.

Israel: cara abra os olhos... Não se engana.

Rodolffo: eu não quero mais. Já deu. Foi melhor assim.

Sabe quando sua boca diz um negócio e por dentro seu coração grita outra coisa. Eu lutei contra as minhas pernas para não sair correndo atrás dela. Sim... Em outro tempo eu iria mas hoje mesmo querendo eu não me permito, não tem futuro... São dois mundos diferentes e não dá.

...

Sai da ala dos camarins e fui atrás de Preto, eu precisava ir embora.

Preto: ai graças a Deus tu apareceu.

Juliette: me leva para o hotel. Eu quero dormir Preto.

Preto: eita Deus. Vem.

Fomos o caminho inteiro até o hotel em silêncio. Eu não queria falar e muito menos ouvir opiniões. Eu fui uma burra de achar que ele me receberia, óbvio que não. Ele não quer ver minha cara e agora que certamente está muito ocupado, aí sim que não iria querer mesmo.
Eu estava com raiva mas não tinha motivo. Ele nunca me prometeu nada, faz muito tempo que ele não me dá um ‘oi’ sequer e tá tudo bem, eu não devia ter vindo. Não vai mais acontecer e ponto.

Insistente eu pego o meu celular e olho o Whatsapp. É a minha última esperança, quem sabe não vem uma mensagem de educação da parte dele. Mas olho e não vejo nada, é não veio... Não deu. Acabo bloqueando a tela.

Preto: cê ama ele mesmo né mana?

Juliette: eu? Deus me livre. Tu tá é doido. Eu me amo.

Preto: ôh Ju... Por que tanto orgulho?

Juliette: eu odeio ele. Odeio. Pronto, falei tô leve.

Preto: credo. Que horror. Cê tá muito azeda.

Juliette: me deixa preto.

Assim que chegamos eu subi para o meu quarto e fiquei refletindo, terminei chorando e se eu tivesse algo alcoólico em vista, com certeza, teria ficado bêbada.

Dormi com o celular aberto olhando edits de nós dois. Ah se as rodettes soubessem o quanto tudo vai ruim e muito ruim mesmo.

...

Depois da badalação do show fomos para o hotel. Luana estava comigo na suíte e óbvio que passaríamos a noite juntos.

Luana: eu tô louca por você hoje. – falou enquanto beijava minhas costas.

Rodolffo: e é? Hum.

Luana: sim... Meu gostoso.

Nossos amassos terminaram na cama e depois tomamos um banho juntos e deitamos para dormir. Como a adrenalina estava em alta eu não consigo dormir logo e a Luana bem sabe disso. Ela dormiu bem antes e eu fiquei agarrado nas minhas lembranças e pensamentos.

Coloquei uma playlist de músicas aleatórias e que mistura de tudo um pouco e de repente entra uma bem antiga que me toca profundamente e me leva a quem eu só quero esquecer. A ‘sinto sua falta’ do Ferrugem me lembra do quanto nós fomos felizes. Sorrimos juntos e nos amamos por demais por noites que jamais serão esquecidas. 

Eu decidi seguir a minha vida mas não consigo superar isso. Ninguém tem aquele sorriso, aquele carisma... Aquele beijo, um toque único, só ela tem. Como superar isso? Por que não superar isso?

Vou no WhatsApp e vejo que ela esteve online a pouco tempo.  Resolvo mandar um mensagem. Escrevi muitas e muitas vezes, apaguei todas elas. Não dá! Simplesmente não consigo, falo levando as mãos até o meu cabelo e fico pensativo por longos minutos. Por fim, resolvo escrever uma breve mensagem:

Oi. Soube que cê teve no show. Obrigado por ter ido.

Nossa que mensagem seca. Talvez ela nem veja. Mas eu também não deveria tá mandando mensagem pra ela. Eu tô com a Luana aqui do lado. Que merda é essa que eu tô fazendo? A quem eu tô enganando? Não há futuro com a Luana porque eu tô morrendo de vontade de correr para os braços da Juliette, que inferno!