Capítulo 18: Buscas e realizações - 2

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João Pessoa, Paraíba.

Chegamos na casa de shows e foi uma loucura mas tudo sob controle, ainda consegui cumprimentar alguns fãs e estava me sentindo tão feliz de estar naquele ambiente. Enfim, aqui eu serei feliz e esquecerei um pouco dos dissabores dessa vida.

Entramos e fomos ao camarote. Hoje a grande atração da noite será uma dupla que eu amo desde as antigas, Jorge e Matheus. Mas antes, tem forró sim sinhô.

Preto: vamos dançar mana.

Juliette: agora. – e eu dancei muito com meu irmão.

Dali a pouco chegou um paquera do Rallyson com ele e dancei com o boy também, percebemos que já tinha gente nos fotografando mas nem liguei, afinal o cara não está comigo e sim com o meu amigo.

Já tinha bebido bastante e estava alegrinha.

Camila: aquele gato ali não tira os olhos de tu... Disfarça que ele tá olhando agora. – ela falou no meu ouvido.

Eu apenas sorri e dei uma leve olhada para o rapaz mas nada além disso. Eu não queria nem brincar de paquerar. Meu coração ainda tá ferido e eu cansei de me enganar. Agora quero de fato seguir carreira solo por um tempo e sem participações especiais.

A festa seguiu e eu segui curtindo muito. Até que começou o show mais esperado da noite, Jorge e Matheus começaram sua apresentação e a galera se animou.

Muitas músicas lindas e românticas que dancei e cantei junto. Até que eles começam a tocar “fogueira” e como ouvir essa música sem lembrar que já cantaram para mim essa linda música.

Lembranças de início de setembro de 2021.

Estava em mais uma viagem a Goiânia, na bonita casa de Rodolffo.

Era noite de lua e ele recebeu alguns amigos em casa, óbvio que todos sabiam que era proibido filmar ou divulgar qualquer foto e assim fizeram porque Bella fazia questão de reafirmar que os celulares estavam proibidos.

Rodolffo: cê não precisa se preocupar... Não vão filmar nada Ju. – ele me disse segurando minha mão.

Juliette: mas talvez eu devesse ficar aqui em cima. – disse receosa. – tem amiga sua aí, vai que pensam que a gente... – ele me interrompeu colocando um dedo nos meus lábios.

Rodolffo: eu quero você comigo lá embaixo. Não tem nada a ver, se é isso a sua preocupação, a única que me interessa aqui é você. Agora vamos.

Ele me deu a sua mão e descemos. Mas quando eu vi a galera ali reunida, resolvi soltar sua mão. Acho que foi de forma bem brusca e senti que seu semblante ficou um pouco triste mas ele não falou nada. Eu cumprimentei a Bella e todos os demais. Fingi que era a primeira vez que estava ali e reafirmei que éramos apenas bons amigos. Mas Rodolffo não estava muito querendo segurar esse personagem. E quando eu estava conversando com sua irmã, ele veio por trás e colocando suas mãos na minha cintura, deu um beijo na minha bochecha, coisa que ele fazia comumente quando estávamos a sós e não na presença do povo.

Eu briguei com ele na hora e tirei suas mãos de mim.

Juliette: tu tá ficando doido é?

Ele me olhou com um olhar de estranhamento e se afastou de mim.

Rodolffo: eu só queria te chamar para a roda de  música que estamos organizando lá fora. Cê pode cantar também. – ele me disse com uma voz baixa.

Bella: vamos Ju vai ser muito bom. – ela me falou tentando quebrar o clima tenso.

Juliette: sim... Vamos. Mas ninguém vai filmar né?

Bella: não. Ninguém vai fazer isso, fica tranquila.

Rodolffo foi na frente sozinho e eu fui atrás com a Bella, resolvi sentar ao seu lado e não ao lado de Rodolffo, como ele gostaria.

Mas óbvio que todas as músicas que ele cantava sempre dava uma olhada para mim. Porém em ‘fogueira’, ele estava fixo e olhava dentro dos meus olhos.

Não para de chover
E eu preciso do sol pra lembrar seu calor
Se eu te magoei
Desculpa, estou aprendendo o que é amor
Nas noites mais escuras
Nos bares, nas ruas, tudo é solidão
Não me deixe sozinho, falta de carinho
Rima com nova paixão
Eu quero o seu amor
Eu quero ser seu homem, se você quiser
Se eu tiver seu amor
Juro, não preciso amar outra mulher
Não deixe apagar a fogueira do meu coração.

O pessoal presente bateu palmas para aquele homem bonito e um engraçadinho disse: ‘se casem por favor'... Bella começou a rir e nós não dissemos nada, só ficamos nos olhando.

A noite foi animada mas acabei sentindo que ele estava triste e mais calado.

Com a saída da galera de casa, ele foi organizar as coisas dentro e fora da casa.

Juliette: amanhã a gente faz isso. Vamos curtir um pouquinho o resto da noite. – falei o interceptando no meio do caminho.

Rodolffo: eu detesto bagunça e cê sabe. Não vou fazer tudo, só dá uma organizada. Licença.

Para ele falar todo seco comigo assim, com certeza estava chateado e eu sei que errei.

Subi até o quarto e fui vestir algo mais leve. Quando vi pela janela que ele tinha saído da área externa, desci as escadas.

Juliette: Rodolffo... Terminou?

Rodolffo: quase tudo.

Juliette: tu quer ajuda?

Rodolffo: não precisa.

Ele estava com a mania das duas palavras.

Juliette: eu sei que tu tá chateado comigo. Vamos conversar um pouco?

Rodolffo se virou pra mim e sério me perguntou:

Rodolffo: eu te faço mal Ju? Me diz.

Juliette: óbvio que não. Tu me faz muito bem.

Rodolffo: e porque tem que ser assim? Eu te causo vergonha? É o meu jeito que te causa isso? Eu sei que não sou um cara perfeito, muito pelo contrário, mas não é legal o quê cê faz comigo. – ele desabafou.

Juliette: não fale assim.

Rodolffo: cê luta contra mim Juliette... Não ver isso não?

Juliette: eu só não quero dá passos maiores antes do tempo. Não é legal o quê a gente tem? Então não vamos estragar isso e nem deixar influências externas nos atrapalhar.

Rodolffo: já imaginou os cactos sabendo que cê tá aqui? – ele falou com um deboche chato.

Juliette: para de pensar neles... Eles não mandam em mim.

Rodolffo: não é o quê eles acham né? Cê já avisou isso pra eles?

Juliette: Rodolffo, não vamos brigar. Eu não vim aqui pra isso.

Rodolffo: então por que cê veio? – ele me perguntou com a voz embargada e eu sabia que ele buscava um pouco de paz na minha resposta.

Juliette: eu vim porque... – e fui me aproximando dele.

Rodolffo: por quê?

Juliette: porque estou com saudades de tu... - falei colocando meus braços sobre o seu ombro... – saudades do seu cheiro... – falei lhe dando um no seu pescoço... – saudades do seu beijo... – lhe dei um selinho – e saudade de dormir agarradinha com você. Foi apenas por isso que eu vim piruca.

Rodolffo: Ju... – ele falou acariciando meu rosto. – as vezes eu só queria que a gente conseguisse estar em paz.

Juliette: é só isso que eu quero para nós piruca, tu que se preocupa demais com coisas bobas.

Rodolffo: não são coisas bobas Juliette. Será que você não entende?

Juliette: e o quê eu preciso entender? Nosso lance é legal, a gente se curte quando dá e tudo certo, não é necessário que a gente se preocupe com nada.

Rodolffo: é o nosso lance é legal. – ele falou tirando os meus braços dos seus ombros e se virando para a pia.

Juliette: eu gosto de tu, entenda que no momento não posso te oferecer mais que isso.

Rodolffo ficou em silêncio e eu o abracei por trás.
Juliette: vamos lá pra cima agora. Amanhã a gente termina de organizar.

Rodolffo: Juliette, talvez fosse melhor... – ele falou se virando para mim.

Juliette: eu te agarrar aqui mesmo. – falei sedutora.

Dei um beijo gostoso naquela boca macia de coração e nem subimos naquele momento. O arrastei até o sofá e o aticei com meu fogo.

Rodolffo: eu vou ter que ir lá em cima buscar a...

Juliette: eu coloquei o diu... Deu tudo certo.

Rodolffo: mas eu não confio nesses trem não. Vai que falha, aí cê me mata. Eu volto num minuto.

Ele subiu a escada e eu fiquei pensando no quanto ele pensava em mim. Mesmo eu falando que não tinha mais risco ele não queria arriscar.

...

Camila: ei Juliette... Amigaaa... Tu tás dormindo criatura?

Juliette: não mulher... É só que essa música me levou pra longe. Longe demais, inclusive.

Camila: vamos no banheiro?

Juliette: vamos sim.

Fomos até o banheiro e o show estava a todo vapor. Quando retornamos ao nosso lugar no camarote, sou convidada a dançar pelo rapaz que me olhava desde mais cedo mas recuso a sua proposta e digo com Camila.

Camila: mulher ele é gatinho. Só uma música não faz mal.

Juliette: dança tu com ele. Acho que vocês combinam.

Camila: mulher... – ela me falou diminuindo os olhos.

Juliette: oxe é verdade.

Camila: mas ele quer tu...

Juliette: mas se eu não quero, tem quem quer. Vai lá.

Camila foi até o boy e ficou dançando com ele por um tempo, enquanto eu virava todas com o resto do povo.

Resultado, sai bêba cega de lá e Preto me segurando para que eu não caísse e ninguém desconfiasse da minha embriaguez.

Chegamos no hotel e eu tava bem mal mesmo.

Preto: meu Deus Juliette... Quê cê tomou? Nunca te vi nesse estado.
Juliette: me deixa.

Meus pensamentos não me deixam recordar tanto mas eu tava bem comprometida.

Acordei no dia seguinte me sentindo acabada. Uma dor de cabeça que não me deixava nem comer.

Juliette: eu perdi a mão... Aguento mais beber não. Aff tô veia Preto.

Preto: Deus me livre. Tua cachaça foi braba. Já pensou se eu não tivesse contigo? Cuidado com essas misturas.

Juliette: vou parar de beber. Não tenho condições pra isso mais não. Valha. Parece que um trator passou por cima de mim.

Preto: nossa... Mana não é bom beber tanto, perder a consciência é terrível, tenha mais juízo.

Juliette: eu tenho tu pra me levar quando eu tiver mal, relaxe homi.

Preto: olha que um dia eu posso não estar junto viu. Tenha cautela.

Eu sei que o quê ele tá falando faz sentido, tenho que me cuidar mesmo, principalmente se ele não estiver do lado.

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