Capítulo 36: O silêncio.

431 47 11
                                    

Tentei muito me posicionar sobre a calúnia do Paulo contra mim mas simplesmente me disseram que era melhor deixar o assunto morrer. Dentro da equipe da dupla a opinião era a mesma e eu vi Rodolffo contrariado.

Essa matéria nos abalou muito e óbvio que ele queria desmentir aquele absurdo mas não foi possível e resolvemos nos calar por que aquilo abalava muitas outras pessoas além de nós.

O vi triste, calado, não comunicativo, e só desejava que ele não ficasse dessa forma.

Juliette: não fica assim... Ele é um louco. Não fizemos nada de errado.

Rodolffo: eu não me importa que digam nada contra mim Juliette... Eu já levei tanta porrada nessa vida mas eu não suporto ver ou ouvir nada que te faça sofrer. Me arrebenta inteiro por dentro.

Juliette: a gente vai passar por isso Rodolffo, o quê importa é que estamos juntos. – falei pegando em sua mão.

Rodolffo: eu não sei Ju... Sinto que ainda vão tentar muito contra nós. Isso foi só o início, cê já pensou o quê vai ser no dia que assumirmos o namoro para o público?

Juliette: vamos superar tudo dessa vez... Não vamos desistir. Eu não quero mais viver sem você.

Rodolffo me abraçou e me deu um beijo na testa.

Rodolffo: eu não vou suportar te ver sofrer e não vou permitir que isso aconteça. Se um dia eu perceber que a minha presença te trás dor...

Juliette: não termine. Não pensa nisso, pufavô.

Eu me aconcheguei no seu abraço e senti que ele já pensava em me deixar para que eu não sofresse mas se ele for, aí sim eu sofrerei.

Passamos um dia a mais na Paraíba e depois partimos. Ele foi pela manhã com destino a São Paulo e eu embarcaria a tarde com destino ao Rio. Sempre era duro a nossa despedida, acho que estávamos tão mais envolvidos dessa vez que a sua ausência doía muito.

...

Senador Canedo, residência de Rodolffo.

Cheguei em casa e como era bom retornar a minha casa mas como era ruim me despedir dela. Sempre saia com vontade de trazê-la comigo mas sei que a realidade é tão diferente das expectativas.

Fui visitar meu Bob e a sua mel que tinha dado 4 cachorrinhos lindos. Agora a minha família animal estava completa e o Bob estava todo animado.

Lá para as três da tarde meu pai chegou na minha casa e podemos conversar um pouco e claro que ele notou que eu não tinha o melhor dos semblantes.

Juarez: cês sabem que são honestos, então não liga para isso meu filho. Isso é uma loucura daquele ex da Juliette.

Rodolffo: eu odeio ver o povo falando mal dela como estão. Meu sumiço da internet se deve por que nas redes sociais tem muito comentário tóxico e eu  simplesmente não aguento ver nada.

Juarez: cês não tão bem? Não se gostam? Ela não aceitou namorar ocê? O quê cê quer mais? Homem acorde, ela te ama, esqueça esse povo do mal. Não vale a pena sofrer por isso Rodolffo.

Rodolffo: é difícil esquecer esse povo e ainda tem outra coisa... pai ela quer engravidar. – falei em forma de desabafo.

Juarez: mas que coisa mais boa. E aí já encomendou o menino?

Rodolffo: eu queria tanto que fosse simples assim.

Juarez: uai... E cê não tá dando no côro mais não? O que tá havendo?

Rodolffo: pare de brincar pai. Cê sabe que não é fácil assim, principalmente para ela. – baixei o olhar e respirei fundo.

Juarez: cê não quer? É isso?

Rodolffo: eu quero. Só Deus sabe como eu quero e quase fraquejei mas eu não posso fazer isso com ela.

Juarez: eu hein? Que conversa esquisita filho, cê não tá oferecendo ela em sacrifício não cristão. Rodolffo se ela quer e você quer qual o problema? O quê impede?

Rodolffo: ela vai querer vir pra cá? Possivelmente não. Eu vou querer ir pra lá morar com ela? Acredito que não. Eu não vou ter filho pra viver longe de mim. Eu não vou ter filho pra ser pai de fim de semana, não aceito isso pra mim. – disse convicto.

Juarez: aí cês tem que entrar num acordo. Mas cê não pode ficar aí cheio de indecisão e não contar pra ela. Esse seu jeito fechado demais nunca foi bom para sua felicidade, sua mãe já te falou tantas vezes sobre isso. Abra o jogo com ela, não custa nada.

Rodolffo: Juliette não é como as outras mulheres. Ela é muito difícil de entrar num acordo, o senhor acha que se eu disser que quero assim ela vai aceitar? Óbvio que não. Ela odeia ser controlada.

Juarez: pois o trem tá complicado. Eu não acho que isso aí tenha muito sentido por que se ela quer ter um filho contigo é porque te quer do lado mas em caso de dúvidas  conversa com ela. Não deixa que a cabeça dura que cê tem ultrapasse o seu sentimento.

Rodolffo: tá bom pai. Eu preciso pensar e realmente conversar sobre isso com ela. Obrigado.

Juarez: conta sempre comigo filho. Seu velho pai sempre estará aqui procê. 

Com o cair da noite o meu pai foi embora e eu fiquei sozinho de novo.
Vou até a área externa e levo comigo o meu telefone. Estou a espera de uma ligação dela. Afinal, por essas horas, ela já deve ter chegado no Rio  mas ainda nem pegou no celular. Eu sinto falta dela e me pergunto se nada der certo dessa vez o quê será.

Fumo um cigarro enquanto escuto um passarinho cantando, nem sei que pássaro canta essa hora mas gosto da melodia. O céu está estrelado e eu penso nela enquanto lhe escrevo uma mensagem:

“ Juli, me dá notícias quando der. Fez boa viagem?”

A mensagem nem foi entregue e aquilo deixa meu coração um pouco aflito. Resolvo ligar pra ela mas só cai na caixa postal. Não estou achando normal mas espero que nada de ruim tenha acontecido.

Resolvi entrar pra casa após as 10 horas da noite e nada dela me dá notícias. Liguei para o seu irmão e ele também não atendeu. Que porra aconteceu? Penso extremamente preocupado.

Quando estou ligando para a Bella para ver se ela pode me ajudar com isso, vejo um carro na frente da casa. Ué, não estou esperando ninguém.
Até que vejo ela descer do carro. A Juliette acabou de chegar aqui e eu não entendi mais nada.

Caminhei até ela e nos abraçamos forte.

Rodolffo: cê quase me mata de preocupação. Por que não me avisou que vinha?

Juliette: eu sou sua namorada e tava com saudade. Mudei minha viagem pra cá. Eu precisava do seu abraço. – ela me disse com os olhos já cheios de lágrimas.

Rodolffo: não fica assim. Vamô entrar. Me daqui aqui sua mala. Cê tá com fome?

Juliette: tô com fome, quase não comi nada o dia inteiro.

Rodolffo: eu vou fazer um lanche procê.

Ela estava triste e precisava de mim assim como eu precisava dela. Como era bom ter ela aqui comigo.

Fiz um lanche para nós e ela se alimentou bem. Quando lavamos a louça e estávamos secando ela me falou:

Juliette: posso ficar até quinta-feira aqui com você?

Rodolffo: ué... Claro que pode. Eu vou amar mas e os seus trabalhos?

Juliette: vou fazer a grande maioria aqui mesmo. Não tenho uma demanda muito alta e eu estou desacelerando um pouco.

Rodolffo: isso é bom. Cê trabalha demais.

Juliette: eu já trabalhei muito mas agora eu quero que minha vida vá além do que jamais foi. Eu tenho novos sonhos e novas metas e para conseguir eu tenho que adaptar a minha vida para a sua chegada.

Eu a olhei longamente e entendi o quê ela queria dizer com aquilo mas preferi me manter em silêncio.

Juliette: Rodolffo...

Rodolffo: oi Ju... – falei enquanto guardava umas coisas no armário.

Juliette: eu quero estar pronta para quando gerarmos o nosso bebê. Eu quero curtir cada minuto da minha gravidez. Até me sinto ansiosa só de pensar.

Rodolffo: Ju, um dia isso vai acontecer mas não tenha pressa...

Juliette: eu já tenho 35 anos Rodolffo, de certa forma eu tenho que ter uma certa pressa... A mulher não é como o homem.

Rodolffo: justamente. Cê vai sofrer um pouquinho na gravidez, Juliette não é como no Instagram, não é tão simples. Gravidez é algo bonito porém também é um momento delicado para a mulher.

Juliette: nossa, que balde de água fria. Obrigada por me animar. Se tu quer me tocar terror, de fato tá conseguindo.

Rodolffo: só estou dizendo a verdade. Não precisa levar a ferro e fogo. Mas cê não pode se iludir com as coisas Ju, sua vida vai mudar muito.

Juliette: eu sei que vai mudar mas eu me sinto pronta para isso. Eu sei que o parto dói mas eu não tenho medo. Na vida eu já sofri bastante, principalmente pelos outros e por que eu haveria de ter medo de sofrer para ter o meu bebê? Ele vai ser a única coisa que eu poderei dizer que é meu até o fim... Até quando eu não estiver aqui nessa terra, ele continuará sendo meu.

Rodolffo: eu sei Ju... Desculpa se eu fui duro nas palavras.

Juliette: eu só queria que a gente tivesse na mesma sintonia e que você quisesse tanto quanto eu quero isso.

Rodolffo: me desculpa se te passo essa impressão. Eu só não quero que nada te faça sofrer. É só isso.

...

A cada dia se torna mais evidente que o assunto gerar um bebê incomoda Rodolffo. Ou ele tem muito medo ou simplesmente não quer e não tem coragem de me dizer.

Nesse momento ele dorme aqui do meu lado após uma rodada de sexo incrível mas que não nos oferece risco de uma gravidez. É incrível como tudo é tão intenso com ele mas só em pensar que talvez nunca teremos um bebê meu coração dói um pouco.

Na juventude eu havia decidido que não queria engravidar mas algo em mim despertou para isso e com a chegada da idade isso se tornou um fator que me preocupa um pouco.

Conversando esses dias com a minha médica, ela me falou maiores detalhes da fertilização artificial e sinceramente mesmo sendo algo muito bem estudado e que tem eficácia ela me aconselhou, se for possível, a gravidez de forma natural. E óbvio que agora essa é minha opção afinal eu tenho um homem para chamar de meu e meu filho terá um pai e não um doador de material.
O silêncio dele me incomoda um pouco mas sei que no fundo ele só sente receio pelo futuro mas eu vou conseguir tirar isso do coração dele, sei que irei.

Opostos que se atraem Onde histórias criam vida. Descubra agora