Capítulo 12: Holofotes - Parte 3

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Enquanto isso em Senador Canedo...

Cantar é algo que me faz tão bem e eu sempre canto para expressar o quê eu sinto.

Depois daquela visita ao quarto do lado e ao quadro, eu senti vontade de cantar uma música dos meus parceiros Edson e Hudson, a porta-retrato.

Resolvo abrir uma live breve para agradecer aos fãs pelo carinho de sempre e o engajamento nas músicas novas e de quebra canto essa que estou querendo muito. A participação na live foi massa e eu antes de cantar essa música resolvo falar umas coisas para o pessoal.

Rodolffo: essa próxima aqui eu canto porque acho ela foda demais. É uma música que fala de inconformismo e eu sei que a gente tem que se conformar com as vitórias e derrotas mas perder alguém que a gente gosta não é fácil e talvez nunca seja. Presta atenção nessa letra.

Porta-retrato

Parecia um sonho

A gente ficar junto

Andar a pé na chuva

Sem medo de amar

Lembra

De tudo que vivemos

Das tardes de domingo

Da mágica no olhar

Aceitar que tudo se perdeu

Amor, não dá

Ouvir meu coração pedindo

Pra você voltar

Vai passando o tempo

E eu não sei me controlar

Não dá

Ficar sem você, não dá

No porta-retrato

A gente se abraçando

Momentos que ficaram

Difíceis de esquecer, uou, ou

Te amo

Sei que ainda me ama

Bateu saudade, chama

Que eu volto pra você

Aceitar que tudo se perdeu

Amor, não dá

Ouvir meu coração pedindo

Pra você voltar

Vai passando o tempo

E eu não sei me controlar

Não dá

Ficar sem você, não dá..."

Terminei a live e ascendi um cigarro. A lembrança que eu tenho da gente ao ouvir e cantar essa canção é tremenda. Como esquecer daquela tarde de domingo que tomamos um belo banho de chuva seguido de muito amor? Foi ali, naquele lugar que eu entendi que eu a queria para sempre, que por mais que desse tudo errado, eu nunca a esqueceria e de fato eu nunca a esqueci.

Rodolffo: êh boca de chupa péda... Onde estará você agora?

...

Voltando a casa de Juliette no Rio de Janeiro.

Eu estava sentada no balanço que coloquei na minha área de estar e lágrimas teimosas caem no meu rosto. Meus pensamentos voam longe demais e como não chorar? Eu não consigo controlar.

Fátima: a noiva mais triste que eu já vi na minha vida todinha. - mainha surgiu ao meu lado.

Juliette: não diga isso mainha.

Fátima: ôh minha fia... Tu pode até tentar se enganar e enganar esse rapaz mas se você casar com ele, tu já sabe que não terá felicidade. Quem já viu uma pessoa que foi pedida em casamento tá numa cadeira sozinha, enquanto o noivo está no quarto e pra piorar está num pranto de choro terrível desses. Juliette minha menina abra teu olho. Enxergue que não vai ser bom esse matrimônio.

Juliette: ele me ama mainha.

Fátima: sim... Eu não duvido. Mas o problema não está nele e sim em você que não consegue amá-lo porque ama outro. Fia desde o programa eu sabia que tu gostava daquele rapaz... Coração de mãe, minha fia, não se engana.

Eu me abracei na minha mãe e seu abraço era uma das melhores coisas da minha vida e só nele eu conseguia verdadeiramente ter paz.

Juliette: vamos prali... Eu vou te falar todos os motivos pelos quais eu aceitei casar com o Paulo.

Caminhei com minha mãe até um banco de frente ao jardim e lhe falei sobre tudo que eu queria viver.

Juliette: mainha a senhora sabe que eu já tenho 35 anos. Não sou uma jovem na flor da idade e eu desejo muito ser mãe, Paulo gosta muito de mim e deseja ser pai, nossa união gerará bons frutos e filhos lindos, eu tenho certeza. Nós também temos os gostos musicais, literários e de ideologia bem parecidos. As pessoas dizem que somos almas gêmeas.

Fátima: ih quem diz isso tá é doido. Eu não vejo nada disso. Vejo ele querendo mudar você. Ele não gosta que você dance, nem que você beba, nem que use batom vermelho. Minha fia, tu fica tão linda de batom vermelho. Também repara das suas roupas. Mulher no dia que tu casar com ele, nem fazer show tu vai poder fazer. Juliette, Paulo não vai te dá felicidade e se um dia tu engravidar dele, ele vai te fazer de prisioneira.

Juliette: tu não quer tanto um netinho. Eu vou poder te dá um mainha.

Fátima: minha filha sabe o quê mais quero nessa vida?

Juliette: o quê?

Fátima: que tu seja feliz. Eu quero muito ser vó mas não as custas da sua infelicidade. Tu merece um homem que seja companheiro, que lhe faça sorrir e não um homem que te vê como um prêmio. Esse daí ama te exibir por aí e agora é que a coisa vai piorar.

Juliette: ai mainha não tem jeito mesmo. A senhora não gosta dele e nada vai mudar isso. Eu vou tentar dormir visse. Vai dormir também, eu te amo. - falei lhe dando um beijo na testa.

Fátima: Deus te abençoe minha fia. E que ele te leve ao bom caminho.

Voltei para o quarto e Paulo seguia pleno dormindo igual uma pedra. No pouco espaço que tinha na cama eu me deitei e tentei dormir.

Opostos que se atraem Onde histórias criam vida. Descubra agora