Capítulo 21: Muitos compromissos

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No hotel com Juliette.

O dia em São Paulo hoje foi frenético. Cheguei aqui bem cedo, fui na médica e logo depois fiz gravações de vários comerciais e como sempre termino o dia tão cansada que só Jesus.

Juliette: Rallyson tu vai pedir o quê pra gente comer? Eu tô morta de fome.

Rallyson: japonês?

Juliette: pode ser. Depois que eu jantar vou estudar mais sobre a inseminação artificial.

Rallyson: Ju... Tu sabe que além de assessor eu sou teu amigo. Amiga tu não acha loucura tentar isso?

Juliette: não Rallyson. Eu quero muito ser mãe, tu sabe que eu iria começar as tentativas com o Paulo mas tudo teve fim e pra mim foi um livramento, ele nunca foi um bom homem pra mim e mulher nenhuma deve se sujeitar a isso.

Rallyson: mas tu já parou pra pensar na possibilidade de ter vários bebês ao mesmo tempo?

Juliette: sim... Acho que por isso a médica me pediu para ler e estudar bastante o assunto. Mas mesmo com o risco, eu quero tanto Rallyson e não desejo adiar mais isso.

Rallyson: mulher pega um boy anônimo e faz esse menino com ele. O quê tem? Você não vai precisar dele pra nada, precisa nem revelar quem é o cara, o método tradicional não falha e pelo menos tu sabe que será só um.

Juliette: não é assim. Acho que eu só conseguiria se fosse alguém que eu estivesse envolvida. Não qualquer um, entende? Óbvio que eu queria que o meu bebê fosse concebido num contato corpo a corpo, que eu pudesse sentir o prazer do momento mas isso não é fácil. Rallyson nem o próprio Paulo me dava prazer ultimamente.

Rallyson: ai que horror. E tu ainda queria casar com ele Ju. Você tinha era coragem, por que noção. Paulo era um ciumento agressivo e manipulador. Eu tô tão feliz que aquele defunto desencarnou, credo.

Juliette: nossa quando eu lembro. Eu tava bem louca e imaginar que eu o julguei o homem ideal para ser pai do meu filho. Ah Deus obrigada por ter misericórdia de mim, tu conhece o meu coração e sabe que eu não merecia aquilo. No início Rallyson, eu achava o Paulo um cara tão massa. Nossa história era baseada nos gostos em comum, nos princípios de vida similares, no fato dele ter uma vida comum e não ser um pop estar, e principalmente por ele me trazer uma nova esperança.

Rallyson: tu falou de tantas coisas que vocês tinham em comum mas não falou no principal: o amor. Você não o amava né Ju?

Juliette: não... ele não tinha o meu amor, o quê me atraia nele Rallyson, era a relação tranquila que tínhamos no começo. Mas desde sempre nunca tivemos aquele fogo todo. Acho que a idade vai tirando isso da gente.

Rallyson: Juliette, que idade? Tu não se acha velha né? Pelo o amor de Deus. Se vocês não tinham tesão um no outro beleza, mas culpar a idade aí já é demais.

Juliette: amigo eu já tenho 35 anos e sei lá, não é como eu era a anos atrás.

Rallyson: o problema não era você e sim ele. Ih Ju graças a Deus tu caiu fora... Esse macho dito perfeito tava com nada. Já foi tarde esse daí.

Juliette: é verdade. Ainda bem que me livrei dele pra sempre.

Rallyson: Eu vou lá no meu quarto e volto pra gente jantar.

Juliette: tá bom amigo.

Rallyson saiu e eu fui pensar nas coisas que ele havia me dito. Não sei onde me perdi e nem sei se um dia me encontrarei totalmente de novo. Paulo me podava tanto que eu duvido até da minha própria sexualidade e sensualidade de mulher. Quantas vezes ele só me usou para o seu prazer e cadê o meu? Ele nunca foi um homem preocupado em me fazer feliz ou pelo menos sentar comigo e dialogar sobre certas coisas.

Eu fui tão burra que hoje vendo isso e lembrando dele destruindo tudo no meu quarto eu vejo que ele poderia ter sido até pior. Mas eu acreditava nas suas declarações disfarçadas de abusos, nas suas chantagens baratas e em como a ideia de ter uma família com ele me alienou.

Mas eu vou superar, sou forte e isso não vai me fazer fraquejar no propósito, terei minha família e cuidarei com muito amor. Isso será bastante e suficiente, não terei dúvidas.

O pedido chegou e Rallyson veio jantar comigo.

Juliette: ah tá tão gostoso. Uma maravilha.

Rallyson: realmente está divino, nunca decepciona.

Juliette: será que grávida pode comer japonês?

Rallyson: ah não sei mas tu tá grávida por acaso?

Juliette: ainda não. Mas já vou procurar saber pra quando eu estiver visse.

Rallyson: amiga... Tu não pensa em ter outro namorado, outro amor?

Juliette: amigo namorado eu posso ter sim mas se será meu amor, eu não sei. Tentei muito sentir amor por esse ex mas ao fim conclui que eu não era nem apaixonada por ele quanto mais sentir amor.

Rallyson: Ju... Se teu amor é o Rodolffo bate na porta dele. Vai pro Goiás e abre o coração. Fala que nunca esqueceu dele.

Juliette: não amigo. Rodolffo seguiu a vida dele. Nesses dias li que ele está com uma médica veterinária.

Rallyson: tá nada. Ele declarou que continua solteiro. Ele nunca superou você também, tenho certeza. Ah Juliette, por que tanto orgulho? Que besteira.

Juliette: ah se fosse simples amigo. Como seria incrível.

Comemos e depois ainda conversamos um pouco e logo depois eu fui dormir, o cansaço me abateu.

Estava deitada sobre a cama quando ouço batidas na porta do meu quarto.
Levanto atordoada e penso: quem será a essa hora?

Olho no olho mágico e não consigo ver ninguém com nitidez, resolvo abrir a porta e dou de cara com quem eu menos esperava ver na vida.

Juliette: Rodolffo?

Era ele mesmo. Estava lindo, tinha um sorriso sedutor nos lábios, usava uma calça jeans e uma camisa de botão que mostrava seu peitoral másculo.

Rodolffo: eu sabia que iria te encontrar. Posso entrar?

Juliette: claro que pode.

Ele fez entrada e eu não tinha muita reação.

Rodolffo: eu vim te pedir para ficar comigo. Eu nunca te esqueci Ju.

Ele falou isso caminhando até mim e ficou perto demais do meu corpo.

Rodolffo: eu continuo um louco apaixonado por você... Eu preciso te amar.

Juliette: eu sou doida por tu igual. Eu preciso do teu amor.

Ele me amassou contra a parede e me deu um beijo apaixonado. Seus carinhos desceram sobre o meu pescoço e colo, onde ele começou a desabotoar a minha roupa de dormir.

Rodolffo: cê quer que eu pare?
Ele me falou de forma lenta e sedutora.

Juliette: continua por favor... – falei enquanto lhe dava outro beijo demorado.

Rodolffo: Ju, eu te amo.

Juliette: o quê?

Rodolffo: eu precisava vir aqui pra te dizer que te amo.

Juliette: eu também te amo. Te amo muito Rodolffo.

Eu pulei no seu colo e cruzei minhas pernas no seu quadril e ele me levou até a cama, ficando por cima do meu corpo. Com tranquilidade ele me falou: todos os caminhos que você andar te levarão a mim, porque está escrito e tem que ser assim."

Acordei e percebi que se tratava de um sonho. Acabei chorando, e em todos esses tempos longe eu nunca havia sonhado dessa maneira com ele. E foi tão real que até o meu corpo reagiu, estou claramente prejudicada. 

Juliette: ôh meu Deus, por quê? Eu tô carente e sozinha aqui, sonhar um negócio desses logo com ele. Será que nunca vou esquecer esse homem? E também nunca mais poderei amá-lo pelo menos em sonho, só uma vez mais.

...

Em Senador Canedo, na casa de Rodolffo.

A noite já caiu tem tempo mas o sono não vem. Já deve ser mais de meia noite. E eu aqui relembrando sucessos antigos da nossa dupla, “fecha o porta mala “ pra mim é uma moda muito massa e o povo gosta muito até hoje.

Em 2016 lançamos essa canção no álbum sétimo sol e esse foi um ano bom. Dei grandes passos na minha vida pessoal e profissional mas dois anos depois em 2018, eu regredi no pessoal absurdamente. Sonhos foram literalmente enterrados mas pra mim é um caso superado. A verdade é que outras coisas doem muito mais que o fim de um casamento.

Um caso mal resolvido é mais traumático e sofrido que um divórcio. É como se o “comum acordo” não tivesse havido e aquela ferida nunca cicatrizasse de verdade. A gente vai fazendo curativo daqui e dali e pensa que superou mas não superou porra nenhuma.

Hoje li sobre o digital influencer que me convidou para o navio e uma coisa me chamou atenção sobre ele, o tal Matheus Barcelos, se diz apaixonado na Juliette... E eu achando que o cara era gay,  isso me deu uma quebrada tão grande que estou tentado a não ir mais nesse rolê.

Numa entrevista ele afirmou que a única mulher que ele consideraria para deixar a vida de solteiro pela de casado seria a Juliette. Mas tanta muié que tem no mundo esse homem quer logo a Ju? Não duvido ele dá em cima dela agora, que droga!

Mas perai... eu não tô com ciúmes da Juliette. Eu não tenho ciúmes de ninguém. Ora é só que ele é um metido. Quem já viu? - “ só me caso se for com a Juliette, ela sim é digna de uma aliança no dedo” – esse sujeito é um biscoiteiro, a cara dele nem treme.
Mas não vou desistir de ir no navio por isso. Vou mesmo assim e quem sabe eu dou umas dicas a ele sobre como não biscoitar tanto em cima do povo. Até parece que ela iria querer alguma coisa com ele... Eu não acredito que ele seja o tipo dela. A Juliette sempre foi exigente e ela tem moral pra isso. É linda e se garante mesmo, se conhece e sabe o quê quer, e não é com qualquer cara que ela se entrega assim não.

Ela é uma mulher forte, decidida e além de linda é muito sabia, até parece que um mauricinho recalcado desse iria conquistá-la.

Êh Rodolffo por que cê foi tão covarde hein? Tudo poderia ter sido diferente. Ela me queria mas eu cabeça dura resolvi cortar tudo. Não resolvi nada, não fui feliz e continuo aqui me revoltando com coisas que podem acontecer e eu não ficar nem sabendo. Ela é bonita, jovem e saudável, óbvio que agora que ela tá solteira, ela vai se divertir muito e eu nunca mais vou poder tê-la comigo. Mas não é tempo mais para lamentar, já nem devia mais lembrar disso, quem sabe eu não encontro alguém para me fazer esquecer esse passado?

Para esfriar minha cabeça eu vou para o chuveiro tomar um banho frio, preciso parar de pensar nisso de uma vez por todas.

Mas quando a água fria escorre sobre o meu corpo, eu lembro de nós e do nosso amor.

Lembranças...

"Na minha antiga casa, o ano era 2021.

Juliette: é rapidinho... Prometo. – ela falou indo para o banheiro.

Rodolffo: eu vou te esperar mas não demore.

Juliette sempre gosta de me atiçar e ela sabe muito bem o quê fazer pra me deixar doido por ela.

Vejo que ela está tirando a roupa lentamente só pra me provocar.

Juliette: vira pra lá Rodolffo. Fecha o olho. – ela fala me provocando.

Rodolffo: olha, eu já vi tudinho que tem aí... – falo fazendo graça.

Juliette: tá bom safado. Eu também já vi tudinho que tu tem aí... Digamos que eu vi “ o seu melhor “ – ela fala rindo.

Rodolffo: cê não cansa de me provocar não? – falo indo até o interior do banheiro.

Juliette: nunca cansarei. – ela fala enquanto ensaboa seu corpo.

É irresistível, eu me livro das minhas roupas e vou para o chuveiro com ela.

Juliette: passa shampoo no meu cabelo pufavô. – ela fala manhosa e eu obedeço.

Rodolffo: será que você não cansa de ser linda? - falo encostando meu corpo ainda mais no dela.

Juliette: eu só sou linda? – ela fala mordendo seu lábio inferior.

Rodolffo: linda e gostosa... – falo a encostando no box e nos livrando um pouco do chuveiro.

Juliette: linda e gostosa... E o quê mais? – ela pergunta e eu sei o quê ela quer que eu diga.

Rodolffo: linda, gostosa e minha...

Juliette: todinha sua...– ela fala com a voz trêmula.

Nesse momento eu a tomo num beijo gostoso, ela me move para a outra parede e eu apoio nela as minhas costas. Enquanto isso, Juliette fica de frente a mim e entrelaça suas pernas no meu quadril, lhe dando o apoio necessário para aquele momento. Nos amamos ali mesmo, movidos pelo desejo, nosso fogo queima até debaixo d’água."

Essa recordação é algo que mesmo que eu tente, nunca esquecerei. Nossa história foi breve mais intensa. Sempre lembrarei do tempo que fui seu Juliette.

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