Eram exatamente 23:59 quando tomei uma decisão.
Não ando bem, não mesmo. Parando pra pensar, faz anos que eu não estou bem, mas a verdade é que de uns tempos pra cá eu venho piorando. Minha vida não foi terrível, só que também não foi fácil, por escolhas erradas que eu mesma fiz. Me abrindo um pouco com vocês, eu fui me perdendo na adolescência e até hoje eu não me encontrei. Hoje, com 26 anos e uma filha de 5 anos, depois de terapia, medicação (que também abandonei, como tudo que faço na vida), eu sei onde e por que errei, eu vejo o caminho para a melhora, mas eu simplesmente não consigo dar o primeiro passo.
Passo horas ociosa no meu já pouco tempo livre, deslizando o feed do instagram mesmo estando de saco cheio de fazer isso. Sabendo que eu poderia estar estudando e principalmente escrevendo, mas sem fazer isso. Abandonei JS, abandonei vocês por tantas vezes que tenho vergonha de mim mesma só de pensar, abandonei a escrita, abandonei meus sonhos e principalmente, abandonei a mim mesma. Apenas vivendo uma vida que eu não queria e sendo infeliz para dar uma resposta a sociedade de que eu faço algo. Mas eu cansei.
Entretanto, não posso exagerar e dizer que tudo tem sido um horror 100% do tempo. Esse ano conheci meus amigos virtuais, amigos que conheci através dos animes e fanfics de Fairy Tail, amigos que são muito mais importantes pra mim, mesmo estando a quilômetros de distância e só termos nos visto uma única vez, do que muita gente que já esteve bem aqui do meu lado e depois foi embora. Depois dessas duas viagens, para Porto Alegre pra ver a Minn, minha primeira fã como leitora, e São Paulo pra ver a Hina, a louca que me chamou para um grupo de ficwrites, eu tomei a primeira decisão: Eu não iria mais viver assim.
Passei um tempo com essa verdade apenas para mim, com medo de estar cometendo um erro. Mas o tempo foi passando, eu odiando cada vez mais meu trabalho (o trabalho, não as pessoas) e percorrendo o penúltimo período da faculdade de Administração que nunca quis fazer, eu vi que realmente não dava. Não dava mais para continuar assim.
Então eu falei sobre minha decisão pro meu marido, falei pros meus pais e amigos mais próximos e acho que colocar isso pra fora me deu força pra continuar só mais um pouquinho, até que eu tenha uma base para largar tudo e seguir um outro caminho. Mas mesmo assim, mesmo assim, está sendo tão difícil...
Não consigo escrever como antes. Ando cansada de tanta coisa e quando sento na frente do computador, minha cabeça está rugindo e rugindo tanta coisa ruim, e eu coloco música e tento me concentrar, até conseguindo por algum tempo. Mas aí eu releio e acho tudo uma porcaria. Faz meses que tenho o próximo capítulo de JS pela metade, mas não consigo gostar do que vejo. Sinto saudades da época que escrevia até pelo celular, frenética e animada por colocar pra fora a história incrível que se passava pela minha cabeça.
O tal do escritor é um bicho estranho. Ao mesmo tempo que ele sabe que é bom, ele também pensa que não é. O termo síndrome do impostor deveria ser chamada de síndrome do escritor. Achamos que não merecemos, que somos uma fraude, que a qualquer momento alguém vai perceber que tudo que fazemos é uma bela porcaria. Essa merda toda vaza por tantas outras áreas da minha vida, que é insuportável ser eu em alguns momentos. Ter ansiedade e muitos pensamentos intrusivos não ajuda em nada, também.
Acho que o que piorou tudo com a minha relação com JS, além dos diversos hiatus não explicitados, é que eu coloquei na minha cabeça que ela não poderia mais continuar sendo apenas uma fanfic. E quando eu percebi a dimensão do que é fazer um livro dela, de que o mundo literário é um lugar de lobos onde eu sou apenas uma ovelhinha, eu fiquei apavorada. Eu não poderia mais errar, por que a diversão e hobby se tornariam um trabalho sério em que um deslize apenas acarretaria no meu fim. O medo da rejeição, do cancelamento, de não ser boa o suficiente me dá uma crise de ansiedade só de pensar. E tudo isso me trava pra continuar a história como fanfic. Talvez também o fato de eu ter preenchido na minha cabeça todas as lacunas e ambientado a história para uma coisa mais real, eu também fico com esse pressentimento de que estou enganando vocês entregando algo incompleto e isso me mata.
É por isso que não vou mais escrever Just Sex. Não como fanfic.
Essa história tem mais 300 mil palavras. Vocês tem noção de quanta coisa é isso? E que ainda falta escrever 1/3 para terminar? Por isso não posso mais continuar. Nesse meu processo de auto conhecimento, vou dar um exemplo simples: Muita vezes, eu com a minha prepotência e arrogância, ficava relutando em apagar algo que escrevi. Eu ficava travada por dias naquele ponto, sabendo que o caminho que eu estava seguindo não estava bom, mesmo assim eu não apagava. Quando passei a entender que eu precisava ter uma visão global e crítica e me perguntar se aquela cena estava agregando a história, tudo mudou. Apagar e recomeçar foi o me fez realmente começar a caminhar. Tanto na vida, quanto numa história que estava guardada desde 2016 e consegui retomá-la esse ano, por exemplo, e agora ela já tem 18 mil palavras.O que estou querendo dizer é: Vou começar o processo de edição de JS. Quando comentei isso com a Hina, ela me disse a V2 de JS (agora para original), comeria meu cool de quatro ainda por cima kkkk. Ela não está errada, mas eu sinto que é algo que preciso fazer. Muita gente que me acompanhava aqui em 2015 já foi embora. Gente que chegou depois, também. Tenho conhecidos que deixaram de ler fanfics. E tem aqueles que só leem fanfics. Eu perdi várias coisas nessas minhas idas e vindas aqui. Perdi leitores, perdi o top 10 do Social Spirit (pra mim era o auge kkk), mas perder a emoção de escrever foi a pior coisa que me aconteceu.
Eu amo JS. Foi aqui que me aperfeiçoei em tanta coisa, errei e aprendi e criei a minha primeira personagem sólida: a Lucy. Eu não sei se vocês percebem, mas eu sou obcecada por ela. Na minha cabeça, ela é muito mais incrível do que eu consigo colocar em palavras quando escrevo. Quero que ela conheça o mundo e que o mundo a conheça. Agora, não mais com o nome Lucy, mas isso é uma conversa pra depois.
Falando especificamente sobre a história agora, JS ainda tem tanto para oferecer. Quando ainda movimentava minimamente o insta de autora que criei, eu soltei lá que havia ambientado a história em um lugar do Brasil e que o lugar tinha tudo a ver com os mistérios da história. Sem ter por que não dizer agora, falo a vocês que será em Santa Catarina. Pensa comigo: aquelas cenas incríveis de sol e mar da Lucy e do Natsu, nas ilhas ao redor de Floripa? Eu quero fazer isso, quero tanto e espero conseguir. Tô com medo de desvincular a imagem do anime a eles, de criar novos nomes, outros títulos, mesmo que a essência deles seja exatamente a mesma, mas eu quero fazer isso. Eu preciso.
A fanfic vai continuar sendo a base. Não vou reescrever tudo do zero, apenas acrescentar ou retirar algumas coisa, ambientar e detalhar melhor. Eu acho que vai dar certo. Espero que quando eu voltar com notícias, vocês ainda estejam aqui. Se é que alguém conseguiu chegar até o fim desse monólogo depressivo e confuso kkk.
Sobre vocês:
Não sei se vocês tem ideia de quantas vezes me salvaram de desacreditar completamente em mim mesma e me fizeram chorar de emoção. Eu sempre digo que a gente deve escrever para nós mesmos, mas olha, sem os leitores para apreciar, o que seria tudo isso se não um grande diário solitário? O escritores podem balançar o mundo, mas são os leitores que continuam fazendo com que ele se mova e se mova e se mova.
Obrigada, apenas obrigada ❤️
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Just Sex
ChickLitEntre brigas e provocações, Natsu e Lucy não conseguem evitar sentir algo a mais que ódio. Se vendo presa num jogo perigoso e excitante, Lucy descobre que ainda existem muitos mistérios sobre os incidentes do passado, especialmente quando coisas es...