capítulo 8

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Maraisa

Depois daquela conversa desastrosa, fomos pra nossa casa ter um pouco de paz e descansar da intensa semana de shows. Entrei no meu quarto, largando minhas coisas no chão e indo direto pro banho. Enquanto me molhava, fiquei pensando nas palavras da minha mãe. Ela acha que eu sou a vilã da história apenas por ter defendido a minha irmã, e tenho quase certeza que também me acha louca, contudo, faz muito tempo que parei de me importar com o que ela fala, afinal, nunca fui a filha mais amada.

Seco meu cabelo, coloco um pijama bem folgado e ligo a tv, procurando alguma série pra assistir. Estava no meio de um episódio quando minha irmã abre a porta e fica na minha frente, com sua naninha rosa nas mãos.

Mai: primeiro, precisamos conversar, e segundo, posso ficar aqui com você? Meu quarto tá cheio de poeira...

Mara: deita aqui — dou tapinhas no colchão — e sobre o que precisamos conversar exatamente?

Ela mexe no cabelo molhado e respira fundo, olhando pra mim.

Mai: a gente tá bem encrencada com a mamãe

Mara: e eu ligo? Nós temos 34 anos, Maiara, ela não manda mais na gente — pego o controle da tv —

Mai: mas eu ligo! E se ela te internar em um hospício por que acha que você enlouqueceu de vez? Eu tenho medo, irmã!

Mara: para de ser paranoica, irmã — digo em um tom de tédio e ajeito os óculos — você sabe que eu não tô louca, e nunca vou ficar

Mai: por que você é tão confiante?

Mara: por que eu tenho você comigo — toco na ponta do nariz dela — e sei que você não vai deixar nada acontecer comigo

Mai: você tem toda razão — sorri —

Nos abraçamos, eu fecho os olhos e respiro fundo, sentindo o perfume doce marcante da minha metade. Ficamos assim por alguns segundos, nos separamos e deitamos pra assistir filme. 

Maiara

Estamos na metade do filme e eu estou mais focada na minha irmã do que na tv. Ela nunca pensou muito pra me defender de alguma coisa, e indo fundo na minha memória, lembro que também não foi a primeira vez que ela machucou alguém pra isso.

Levo minha mão ao rosto dela e acaricio sua bochecha, deixando um sorrisinho bobo escapar. Ela vira a cabeça e sorri olhando pra mim, fechando os olhos pra aproveitar o carinho. Passeio com os dedos pelas suas bochechas, nariz e boca, da mesma forma que fazia quando éramos pequenas. O toque sempre foi nossa linguagem de amor e carinho.

Mara: posso saber o motivo desse carinho tão bom?

Mai: nenhum... — a olho — eu tava pensando aqui e me dei conta de que você ainda me defende do mesmo jeitinho de quando éramos crianças...

Mara: machucando as pessoas?

Mai: é, você nunca pensa quando o assunto é me proteger, mas eu gosto...

Mara: seu olhinho tá brilhando... — dá uma risadinha — você sempre fica assim quando olha pra mim, é o mesmo jeitinho desde criança, sabia?

Mai: algumas coisas nunca mudam... — sorrio envergonhada —

Mara: — se aconchega em mim — é o nosso jeitinho né, nunca vai mudar...

Mai: nunca — dou uma risadinha —

Nunca ● Maiara e MaraisaWhere stories live. Discover now