Nunca ● Maiara e Maraisa

capítulo 36

Maiara

Passamos o resto da manhã brincando com a Mel e voltamos pra casa depois do almoço. Querendo deixar tudo resolvido antes de viajarmos, minha irmã achou melhor irmos hoje mesmo em uma das escolas que vimos na nossa pesquisa.

Mara: tá pronta, irmã? — entra no quarto —

Mai: quase, só falta o cabelo — faço um rabo de cavalo — prontinho! Tô pronta!

Eu optei por uma calça jeans, tênis e uma blusa branca com uma frase, já a minha irmã está usando uma blusa preta, calça jeans, tênis e o cabelo solto com o boné pra trás. Prontas, fomos pra garagem e pegamos o carro, deixando a Mel aos cuidados do Bruno e do rabinha.

No meio da estrada, paramos em um sinal e notei que a Maraisa tá nervosa. Tentando acalmá-la, coloquei minha mão em sua perna.

Mai: nervosa, metade?

Mara: um pouquinho, tenho medo de como as pessoas de lá vão reagir — diz com o olhar fixo no semáforo —

Mai: por que?

Mara: Maiara, nós duas mulheres responsáveis por uma criança e ainda por cima famosas, as pessoas de lá podem não vão gostar nada... — me olha —

Mai: deixa de paranoia, irmã, eu tenho certeza que vai dar tudo certo — sorrio — se acalma...

Ela sorri pra mim e volta a dirigir.

Maraisa

Chegamos na escola, ela é bem maior do que vimos nas fotos, tudo é muito limpo e chique, parece mais um hotel de luxo. Mal entramos e um funcionário veio nos receber.

— boa tarde, senhoritas! É um prazer receber celebridades como vocês aqui na escola!

Mai: para, não precisa falar assim — fica sem graça — nos chame de Maiara e Maraisa, não tem problema. Poderia nos levar até a sala da diretora, por favor?

— claro!

O rapaz simpático nos guia pelos corredores até uma sala com porta de vidro e uma mulher séria e muito bem vestida nos convida pra entrar.

— sejam muito bem vindas, eu sou Cecília, diretora dessa escola. — se senta — o que trás duas celebridades referências no sertanejo até aqui?

Mara: nós estamos interessadas em saber mais sobre essa escola... — sento do outro lado da mesa, de frente pra ela —

Mai: estamos procurando o melhor lugar pra matricular nossa filha — senta ao meu lado —

— me desculpe, eu não entendi bem o final sua fala, senhorita Maiara, como assim filha de vocês?

Mara: como assim não entendeu? Eu e minha irmã estamos procurando um lugar pra nossa filha estudar, minha senhora — elevo a voz —

Minha irmã segura minha mão e continua falando.

Mai: como já deve ter visto nas nossas redes sociais, nossa pequena tem 4 anos, nós a adotamos a pouco tempo e estamos em busca de uma boa educação pra ela.

Ce: receio que não poderei aceitá-la nessa escola, infelizmente — apoia os braços na mesa —

Mai: por que? — arqueia a sobrancelha —

Ce: bem, pra começar, na alfabetização a participação ativa dos responsáveis é essencial para o aprendizado da criança, bem como a presença nas apresentações e afins, mas receio que como vocês viajam bastante, não poderiam fazer isso...

Mara: a gente viaja pra trabalhar, como você acha que vamos pagar a escola? Vendendo arte na praia? — me exalto e a Maiara me beslica —

Mai: o que a minha irmã quer dizer é que o nosso trabalho na estrada não interfere nas nossas responsabilidades como mães. — fica séria —

Ce: bem, outro ponto importante é que as crianças não estão acostumadas a ver uma família como a de vocês, isso pode causar algum contransgimento pra menina...

Mara: pra mim chega, vamos, irmã! — levanto e caminho até a porta de mãos dadas com a minha irmã — nossa filha não vai estudar nesse lugar!

Mai: mais é muito preconceito numa pessoa só — olha pra diretora e faz uma careta —

Fechamos a porta com força e caminhamos até o carro.