capítulo 19

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Maraisa

Parece que a minha irmã leu meus pensamentos. Chegamos em casa e eu me joguei na cama, encarando o teto. Será que eu devo adotar a menininha ou tô indo rápido demais? Será que é só coisa de momento? Adotar uma criança não é uma tarefa fácil e muito menos rápida, não posso me dar ao luxo de me arrepender no meio do processo.

Confusa, bati na porta do quarto da minha irmã.

Mara: podemos conversar?

Mai: claro! Eu já ia no seu quarto ver como você tá — se senta —

Mara: eu acho que tô bem, na verdade só um pouco confusa...

Mai: com? — cruza as pernas —

Mara: eu acho que você tava certa — sento na frente dela —

Mai: certa sobre o que?

Mara: aquela coisa de instinto materno... — gesticulo — eu quero adotar a Melissa

Mai: você o que?

Mara: quando eu olhei pra ela e ela olhou pra mim eu senti uma coisa estranha no meu peito, um sentimento diferente sabe? Parece que...

Mai: o seu coração escolheu ela, irmã — sorri — você sempre quis ser mãe

Mara: mas não é loucura eu ter sentido isso quando vi ela?

Mai: são coisas do coração — sorri levemente — vamos fazer assim, eu vou ligar pro orfanato e a gente organiza tudo pra Melissa vir passar o fim de semana com a gente, o que acha?

Mara: perfeito! Obrigada, metade! — pulo da cama —

Mai: é bom ver você alegre desse jeito — sorri —

●●●●

A Melissa chega amanhã a casa tá um caos. Eu e a Maiara ficamos empolgadas com a ideia de ter uma criança em casa e já começamos a preparar tudo, começando pelo lugar onde ela dormiria.


Mara: vamos dormir no seu quarto, ele é mais organizado

Mai: ela pode dormir na cama com a gente!

Mara: e se ela não quiser?

Mai: a gente coloca ela no quarto de hóspedes, é do lado do meu, se ela precisar de nós estaremos perto.

Mara: eu não sei se é uma boa ideia, mas é o que temos

Demos uma checada na cozinha, nos armários e estava tudo pronto. Tínhamos comida pra criança, lugar pra dormir e pra ela guardar os brinquedos. Nos trocamos, pegamos a Melissa no orfanato e fomos na sorveteria. 

Mai: olha que lugar lindo, pequena! Você gostou?

Mel: é muito cololido, titia! Tem até parquinho! Eu quelo binca!

Mara: quer escolher o sorvete primeiro? Depois você pode ir brincar

Mel: eu podo tomar sovete?

Mara: é claro que pode... — mostro o cardápio — mostra pra titia, qual você quer?

Mel: eu quelo esse!

Mara: tá bom, eu vou lá pedir e a titia Maiara vai levar você pra brincar

Mel: eeeeee!

Ela se lambuzou de sorvete e sorriu o tempo todo. Chegamos em casa e levamos ela direto pro banho, na banheira pra ficar mais divertido. Como não temos produtos infantis usei os da Maiara mesmo. A Melissa adorou o banho, como ela não tem pijaminha, vesti nela o que compramos no caminho, e ficou uma fofura.

Estava penteando o cabelinho castanho dela quando deixei uma lágrima cair, pensando na ideia de adotá-la. Eu tenho medo de não ser uma boa mãe ou de estar fazendo isso por algum impulso emocional.

Meus pensamentos vão embora quando sinto uma mãozinha gelada acaricia minha bochecha.

Mel: não chola, titia Malaisa...

Mara: tá tudo bem, meu amor, tudo bem... — pego ela no colo — vamos ver se a titia Maiara quebrou alguma coisa na cozinha?

Ela sorri. Após horas de brincadeira, chegou a hora de dormir. Eu e a Maiara estávamos terminando de arrumar a cama quando uma pessoinha tossiu, segurando seu ursinho.

Mai: oi Mel, a gente só tá termimando aqui e vamos te colocar pra dormir

Mel: eu quero mimi com vocês, titia...

Eu e minha irmã nos olhamos surpresas.

Mara: tu-tudo bem, você pode dormir com a gente

Me deito e a Maiara pega a Mel no colo e sobe na cama. Desligo o abajur e sinto uma pessoa se aconchegando em mim, quando olho pra baixo, vejo a Melissa agarrada em mim.

Mel: bo noite titia Malaisa, bo noite titia Balala...

Nunca ● Maiara e MaraisaWhere stories live. Discover now