capítulo 30

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Maraisa

Acordamos cedo e nos aproximamos do rio pra tomar banho.

Mara: pronta pro banho? — tiro a blusa —

Mai: nasci pronta, tô doida pra tirar esse fedor de mim — tira o tênis —

Mara: eu não tô falando desse banho, tó falando desse aqui ó — jogo lama na cara dela —

Mai: eu não acredito, Maraisa! — faz uma cara de indignada — a gente tá no meio da floresta e você ainda consegue pensar nisso?

Mara: ficou com nojinho foi? — dou risada da cara dela —

Mai: boba! — joga lama na minha cara —

Mara: vai ter volta, Maiara!

Iniciamos uma guerrinha de lama, em segundos ficamos parecendo duas porquinhas. Pulamos no rio pra tirar toda a sujeira e brincamos de guerrinha de água, rindo da cara uma da outra.

Mai: foi divertido — recupera o fôlego e calça o tênis — mas é melhor irmos logo, temos muito o que caminhar

Mara: verdade — calço meu tênis e visto a blusa — é melhor não perdemos mais tempo

recolhemos nossas coisas e continuamos nossa caminhada, sempre de mãos dadas. Parece que quanto mais a gente anda, mais longe a estrada fica.

Mai: essa floresta não acaba não? - puxa assunto -

Mara: calma, eu tenho certeza que estamos mais perto do que longe

Mai: como você consegue ser tão confiante estando no meio do mato?

Mara: eu costumava brincar no meio do mato perto da fazenda quando era pequena, lembra?

Mai: me lembro muito bem, você era um macho

Mara: eu era uma criança livre!

Rimos e continuamos a andar, chegando numa parte menos densa da floresta. Nos sentamos pra descansar um pouco, eu estava olhando pros lados quando senti o toque da Maiara na minha mão e voltei minha atenção pra nós duas, sorrindo levemente ao ver nossas mãos uma sobre a outra, apoiadas na minha coxa.

Mai: o que foi? — me olha sorrindo e com os olhos brilhando —

Mara: eu acabei de me dar conta de uma coisa — olho pra ela —

Mai: que coisa?

Mara: que não tem nada nesse mundo que faça a gente se separar — rio levemente — a gente provavelmente vai morrer nessa floresta esperando que encontrem a gente e mesmo assim estamos juntas

Mai: não fala assim, metade...

Mara: metade, nós só temos 5 mangas e um cantil de água pela metade, se não conseguirmos sair daqui logo, vamos morrer de fome e sede...

Minha irmã suspira e deixa uma lágrima cair.

Mai: se a gente morrer... — fala com a voz embargando — eu quero que você saiba que é a pessoa que eu mais amo no mundo e foi uma honra ter nascido com você...

Mara: foi muito bom ter dividido essa vida louca com você, irmã... — tento não chorar — eu te amo...

Mai: Maraisa, você me promete uma coisa?

Mara: o que?

Mai: eu quero que você me prometa que nós vamos continuar na próxima vida — segura minhas mãos — que não importa se sairmos daqui vivas ou mortas, você e eu vamos estar juntas na próxima vida, nós somos metade uma da outra e não podemos ficar separadas.

Mara: eu prometo, metade... — colo nossas testas — se nada mais der certo nessa, podemos tentar na próxima...

Nunca ● Maiara e MaraisaWhere stories live. Discover now