VI.

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Acho que, de certa forma, ler aquele livro me ajudou. Agora eu tinha algumas perguntas respondidas e algumas coisas claras. Mesmo assim, me surgiu um pensamento que me manteve acordado por mais algum tempo.

Meus pais. Será que eram almas gêmeas? Naquela noite eu iria me permitir um descanso, então, a partir daquele dia, passei a acreditar que meu pai conhecia o verde dos olhos da minha mãe e o vermelho de seus cabelos. E minha mãe, admirava o tom único e bronzeado da pele dele. Também adoravam o verde dos meus olhos, que herdei da minha mãe.

Sim, eles eram almas gêmeas. E aquele pensamento me alegrou. Fui dormir sorrindo naquela noite.

Acordei no horário certo no dia seguinte. Não estava tão cansado como nos dias anteriores, mas agora eu tinha mais uma coisa para tentar resolver: como eu poderia recuperar minha varinha?

Na verdade, eu já tinha uma ideia. Então era um problema a menos, no meio de uma bola de neve de problemas. Eu só não tinha certeza se daria certo.

Odiava pensar que encontraria Malfoy o tempo todo, então me convenci de que essa parte do livro, poderia não ser verdade.

E eu faria de tudo para não cruzar o caminho daquele loiro insuportável.

- Bom dia! - Desejei para os que se sentavam na mesa da grifinória, a animação presente em minha voz. Tinha a impressão de que seria um ótimo dia.

- Mas que animação toda é essa? - Hermione riu, me olhando desconfiada.

- Ora! Não posso acordar de bom humor? - Respondi no mesmo tom.

Talvez eu só estivesse daquele jeito porque havia dormido bem, mas queria acreditar que minha intuição me dizia que algo bom estava por vir. Tomei meu café, comendo tudo o que tinha direito, fazendo questão de demorar mais do que o normal.

- Vamos, Harry! A aula começa em poucos minutos. - Foi Ron que falou, dessa vez.

- Já estou quase acabando, vocês podem ir na frente.

Hesitantes, Hermione e Ron se levantaram e foram para as masmorras juntos. Aula de poções, com Slughorn. Esperei mais um tempo ali, me certificando de que não os encontraria no caminho, precisava recuperar minha varinha.

Meu plano era simples: Esperar que um sonserino entrasse na comunal e entrar logo atrás dele. Depois eu procuraria o dormitório de Malfoy e substituiria as varinhas. Tenho certeza dd que ele não levaria a minha com ele, já que não o obedeceria.

Quando estava perto o bastante da comunal vizinha, abri minha mochila e comecei a vasculhar o fundo, precisaria da capa da invisibilidade. Mas, não senti nada que tivesse uma textura parecida com o tecido da capa, então meti a cabeça dentro da bolsa, acreditando que dessa forma seria mais fácil achar.

- Merlin, por que essas coisas só acontecem comigo? - Joguei a mochila no chão, sem sucesso.

Agora eu me lembrava, tinha deixado ela sobre uma cadeira do dormitório. Me xinguei mentalmente, eu não poderia simplesmente desistir.

Suspirei na intenção de manter a calma, tentaria entrar do mesmo jeito. Com esse pensamento, me encostei em uma parede próxima, de forma que ficasse escondido e esperei ali.

Não muito tempo depois, vi que uma aluna se aproximava. Parece que seria mais fácil do que tinha imaginado. Me agachei, porque dessas forma eu ficaria menos visível e, na medida em que a garota dava seus passos, ficava mais ansioso. Precisava fazer isso logo e...

- Potter? - A "aluna" era McGonagall. - Você não deveria estar na aula de Poções agora? O que está fazendo aqui?

- Bem, eu... - A responsta franca seria: estou tentando invadir essa comunal para pegar minha varinha de volta, porque parece que tudo que tem para dar de errado, acontece comigo. E a senhora? Mas eu não podia dizer isso, então não terminei minha frase.

- Vá logo para a sala de aula! Menos cinco pontos para grifinória.

Eu bufei e me levantei. Não tinha percebido o quanto eu parecia idiota daquele jeito, só chegando a essa conclusão quando mantive meu caminho para a sala de Slughorn.

- Senhor Potter? Qual o motivo do seu atraso?

- Eu... hã... estava falando com a professora McGonagall. - Não era completamente mentira.

Ele fez um sinal para que eu entrasse. Quando pisei na sala, minha expressão facial se transformou em uma careta quase imperceptível. A sala toda exalava um aroma que me lembrava muito a colônia enjoativa que Malfoy usava, era tão enjoativa que tive de cobrir meu nariz com a manga da minha capa. Não era o único cheiro que sentia, mas ele sobressaía os outros, só consegui distinguir ele.

Me dirigi até o fundo da sala, onde Hermione se encontrava. Para a minha sorte, era a única que não se sentava em dupla. Joguei minha mochila sobre a cadeira mais próxima e mantive meu nariz coberto.

- Oi, Harry! - Ela falou animada, mas a animação abandonou seu rosto, dando lugar para uma certa curiosidade, misturada com confusão. - Por que está cobrindo o nariz?

Agora que ela tinha dito, fiquei confuso também. Olhei para os lados e percebi que todos pareciam gostar do cheiro que sentiam.

- brincando? Esse cheiro é tão enjoativo que me dá ânsia. - Eu poderia ter parado por aí, mas continuei: - Parece até o perfume de Malfoy!

- Parece o quê?! - Ela reagiu como se eu tivesse acabado de confessar um crime. Apesar de seu tom indicar, claramente, que tinha algo que não era bom em minha frase, não suspeitei.

- O perfume de Malfoy. - Repeti inocentemente.

Percebi que existia algo de errado naquilo quando vi o rosto de Mione se iluminar, como se tivesse juntado todos os pontos e finalmente percebido algo que estava, praticamente, embaixo de seu nariz. Ela não sorriu, mas parecia que ia, exibia um ar de vitória.

- Harry. - Ela me chamou e eu levantei as sobrancelhas, para mostrar que estava ouvindo. - Isso é amortentia.

Tive impressão de que a expressão em meu rosto ficou ainda mais confusa. Franzi o cenho e deixei que minha feição falasse por mim. Hermione revirou os olhos ao perceber que eu não tinha entendido o que aquilo significava e continuou:

- É a poção de amor mais poderosa. Cada um sente um cheiro diferente de acordo com o que se sente atraído. - Ela falou devagar, como se explicasse para um bebê. - Você tem certeza de que está sentindo o cheiro de Malfoy?

Merda. O que eu faria agora?

Abaixei o braço e encenei uma inspirada exagerada. Era difícil enganar Hermione, mas não custava tentar. Parei alguns segundos e fingi que estava tentando me lembrar de algo que tinha relação com o cheiro que sentia.

- Na verdade, - Comecei. - É só o cheiro de um perfume caro, mas não o dele.

Ela estreitou um pouco os olhos quando olhou para mim, desconfiada. Sustentou aquele semblante por pouquíssimo segundos e, sem seguida, sorriu. Parecia convencida, fiquei aliviado.

- Tudo bem. Pode me passar aquele frasco vermelho? - Me pediu, apontando a bancada com a cabeça.

Peguei o frasco solicitado e a entreguei. Ela agradeceu, deu um sorrisinho, e despejou um pouco da poção no recipiente. O professor nos dispensou depois que ela o entregou a poção.

Almas Coloridas | DRARRY - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora