X.

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Eu não me lembro muito do que aconteceu depois. Sei que consegui voltar para Hogwarts, não faço ideia de como, mas quando me dei conta, estava me apoiando nas paredes para ter equilíbrio.

Me recordo de, de uma hora para outra, decidir afrontar Malfoy. Se era como Hermione havia dito, ele finalmente teria o que queria: eu estava indo ao seu encontro.

Sabia que era monitor de sua casa, então provavelmente estaria fazendo sua ronda nesse horário. Me escorando nas paredes, fui dando um passo de cada vez, tentando não fazer barulho para não atrair a atenção de ninguém.

Tenho muito clara em minha mente a lembrança de ter que parar algumas vezes, quando sentia que iria vomitar ou cair no chão. Ficava parado, cravando as unhas no relevo das pedras na parede ou, na maioria das vezes, sentava no chão por segundos, e só retomava minha caminhada no momento em que minha cabeça parasse de girar.

Eu estava andando sobre um corredor reto, mas fazia o mesmo esforço que faria para subir uma rampa muito íngrime. Não me lembro exatamente da rota que fiz, mas assim que olhei para os lados e vi que estava no corredor que dava acesso para a comunal dos sonserinos, ouvi um miado.

Já sabendo o que me esperava, eu olhei para baixo. Madame Nora me olhava fixamente com seus olhos avermelhados quando me curvei para ficar mais próximo de sua altura.

- Oi, Madame Nora. - Sussurrei, tentando ser simpático. - Você poderia não contar para ninguém que estive aqui? É nosso segredo, shh...

Levando meu indicador até o lábios, fiz o sinal universal que representava silêncio. Assim que percebi que ela não iria parar de me encarar, decidi acreditar que manteria o tal segredo e lhe mostrei o polegar, acompanhado de um sorrisinho.

- Ei! -Uma voz gritou, fazendo o som ecoar por todo o corredor.

Meio que sem pensar, olhei na direção da voz, por não conseguir reconhecer de quem ela vinha. Me endireitando, apertei um pouco os olhos para poder focar minha visão.

Não foi difícil identificar o corte de cabelo e a face de Pansy Parkinson.

- O que foi, Pansy? - Não precisei de muito esforço para identificar o dono da frase. Draco Malfoy surgiu no mesmo corredor, sua expressão se desmanchando quando os olhos caíram sobre mim.

- Ah! Você! - Foi minha vez de falar. Apontei para o loiro, tentando andar em linha reta até ele.

- O que você quer, hein? - Parkinson perguntou em seu tom de deboche.

- Não é com você que eu quero falar. - Fiz um gesto com uma das mãos. - É com esse otário aqui!

Apontei de novo para Malfoy - que pareceu ofendido com o adjetivo com que escolhi me referir a ele -, ao mesmo tempo que semicerrava meus olhos em sua direção, numa tentativa falha de intimida-lo. Admito ter me distraído um pouco do meu objetivo, acabando por me concentrar apenas na cor acinzentada de suas íris, o que resultou em uma encarada longa demais.

- O que você fazendo? - Ele perguntou, com aquela sua expressão típica de nojo.

- Além de covarde, consegue ser sonso! - Tentei não me embolar nas palavras, e não tenho certeza se consegui, mas pude ver o rosto de Malfoy ficar confuso.

- Do que você falando, esquisito? - Pansy interferiu novamente.

- Ele não te contou que no jogo de quadrib... - Senti o choque da mão do mais alto contra o meu rosto, antes mesmo de poder terminar a frase.

- Pansy, faz a ronda pelo outro lado do corredor. Vou dar um jeito nesse... bêbado. - Ela olhou para ele de um jeito desconfiado, mas não contestou e saiu.

Almas Coloridas | DRARRY - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora