Acordei com alguém me chacoalhando e repetindo meu nome diversas vezes seguidas. Minhas costas e pescoço doíam e a luz que refletia em meu rosto incomodava meus olhos fechados.
Levei um tempo para raciocinar onde eu estava, acordando abruptamente ao identificar um dos dormitórios da sonserina e Malfoy tentando me acordar a todo custo.
Agora eu entendia porque meu corpo doía, eu acabei dormindo sentado sobre o chão gelado do quarto, apoiando a cabeça sobre a cama muito mais baixa do que a altura da minha cabeça.
- Bom dia. - O sonserino desejou, cobrindo o próprio rosto com um travesseiro.
- Merda. - Foi a única coisa que consegui dizer.
Me apoiando na estrutura da cama, eu me levantei. Estava me sentindo um idoso com toda aquela dor. Levei um tempo para raciocinar o que deveria fazer em seguida, observando Malfoy que nem tinha se levantado ainda.
- Me lembro de você ter dito que só ficaria aqui até eu dormir. - Ele riu, finalmente se sentando.
- Que horas são? - Perguntei, ignorando seu comentário.
Ele me apontou o pequeno despertador ao lado de sua cama. Os ponteiros marcavam 8:15, o que significava que as aulas começariam em quarenta e cinco minutos.
- Como eu saio daqui? - Perguntei, concluindo que todo o salão comunal estaria cheio naquele horário.
- Pela porta?
- Não, seu idiota. - Não consegui conter um pequeno riso. - Como eu saio sem ninguém me ver?
- Hum... - Ele fez uma pausa. - Você pode esperar até a segunda aula, não vai ter ninguém lá embaixo.
Mas eu não poderia faltar em mais nenhuma aula, já que eu tinha deixado de ir em várias nos últimos dias e as provas finais se aproximavam.
- Não posso esperar, ainda tenho que buscar as minhas coisas. - Falei, andando de um lado para o outro. - Vou precisar ir agora. Se eu for bem rápido, nem vão notar minha presença!
Ele me olhou com uma cara de descrença, mas eu não tinha nenhuma outra opção. Passeei com os olhos pelo quarto, checando se eu não tinha deixado nada que me pertencia para trás. Concluindo que, obviamente, não tivesse nada, fui até a porta do dormitório e parei antes de sair.
- Enfim, estou indo. - Acenei. - Beba bastante água, para diminuir a ressaca. Se cuida.
Assim que girei a maçaneta e coloquei um pé para fora, fui impedido de prosseguir com meu caminho.
- Espere! - Malfoy exclamou.
- O que foi?
- Você dorme comigo e não me da nem um beijinho de despedida?
Decidi não responder ele. Em vez disso, lhe mostrei o dedo do meio e saí andando. Consegui ouvir uma risada antes de começar a descer os degraus.
Parecia um percurso gigante entre a porta de saída e as escadarias que tinha acabado de descer, então eu andei nos passos mais rápidos e evitei levantar a cabeça para não cruzar com o olhar de nenhum sonserino.
Soltei um suspiro de alívio quando já estava no corredor, mas não poderia parar, porque ainda existiam muitos sonserinos do lado de fora. Mantive meu trajeto até a torre da grifinória, tendo consciência de que eu poderia chegar extremamente atrasado para a primeira aula.
Ditei a senha para o quadro da Mulher Gorda e saí correndo em direção ao meu dormitório. Vesti o uniforme de qualquer jeito, peguei meus materiais e novamente corri para o lado de fora.
Minha primeira aula era história da magia. O que era uma péssima coisa, porque não tinha conseguido terminar de ler o livro, graças a Malfoy.
Quando eu entrei na sala, felizmente a tempo, procurei pelos meus amigos. Conforme andei até o fundo da sala, ouvi alguns risinhos e sussurros e todos olhavam para mim. Algumas pessoas mais discretas, outras tão indiscretas que chegaram a apontar em minha direção.
- O que está acontecendo? - Perguntei em um tom baixo, enquanto me sentava perto de Ron e Hermione.
- Ficaram sabendo que você estava na comunal da sonserina. - Hermione contou. - Muitos estão dizendo que você pode estar tendo um caso com alguma garota da sonserina.
- Mal sabem eles... - Ron falou, rindo.
- Só isso? Achei que pudesse ser pior. - Dei de ombros.
- E parece que você e Malfoy se resolveram, hein? - Hermione perguntou, desconfiada. - Você até dormiu lá.
- Em minha defesa - Comecei, levantando um dedo. -, eu acabei dormindo sem querer. Só fui retribuir o favor que ele me fez quando eu estava bêbado.
- Sei...
- É serio!
***
A aula passou muito rápido, a parte mais difícil foi ter que responder as perguntas que o professor fez sobre o tal livro. Por sorte, Ron e Hermione tinham lido e sussurravam a resposta para mim.
- Tenho aula de aritmancia agora, encontro vocês depois. - Hermione avisou, antes de se afastar.
Nós acenanos e nos despedimos. Nossa aula seguinte seria Adivinhação, então teríamos que subir uma grande quantidade de escadas até o sótão de Trelawney.
Para o meu azar, Cedric estava descendo a mesma escada que nós. Eu não estava a fim de conversar com ele e era melhor que eu não falasse mesmo, porque eu não queria mais um problema para mim.
Fingi que estava conversando com Ron quando ele passou por nós e, assim que ele percebeu o que estava fazendo, o ruivo retribuiu aquilo e puxou um assunto aleatório. O que não funcionou, porque Cedric parou no mesmo instante em que nos viu e tocou meu ombro.
- Oi, Harry. - Falou sem animação. - Queria te perguntar se os boatos são verdadeiros.
- Bem, depende de quais você está falando.
- Sobre você ter dormido no dormitório sonserino e que tem um caso com alguma garota de lá.
- Na minha opinião, eu acho que esses boatos nem fazem sentido! Como é que Harry conseguiria entrar no dormitório feminino? - Percebi que Ron estava tentando ajudar, mas acabou fazendo o contrário.
- Um garoto, então? - Cedric perguntou, me encarando.
Eu acabei não respondendo, estava ocupado pensando em alguma desculpa que pudesse explicar o motivo de eu ter passado a noite lá.
- É Draco Malfoy, não é?
- O quê!? - Quase me engasguei, a pergunta saiu em um tom que me entregava. Não que eu tivesse alguma coisa com ele.
- Isso explica o motivo de ele ter ido embora me encarando feio, bem depois de eu ter te beijado. - Ele falou mais para si mesmo do que para mim e saiu.
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Almas Coloridas | DRARRY - HIATUS
FanfictionHarry Potter sempre acreditou que a história para justificar o motivo da maioria dos bruxos não enxergarem mais do que quatro cores, não passasse de uma lenda. Já acostumado com a vitória em quase todos os jogos de quadribol, não esperava nada dife...