XXVII.

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Não poderia negar que a ideia de Hermione fez meu corpo gelar dos pés a cabeça. Mesmo com Draco dizendo que não havia problema em esperar, uma vozinha na minha cabeça dizia que eu estava sendo exagerado. Mas eu queria muito que minha relação com ele desse certo e, junto disso, queria que as coisas fossem especiais.

Quero dizer que se precisávamos nos beijar para recuperar o que tínhamos, não queria que isso acontecesse de qualquer jeito. E, além de tudo, eu ainda não sabia se estava confortável em beijar Draco de novo. A lembrança da última vez não era uma das melhores.

Ele pareceu sincero quando disse que não iria me forçar, e eu sabia que aquilo não era muita coisa, mas uma pequena chama se acendeu dentro de mim.

Na verdade, o que mais me preocupava, era o motivo disso acontecer. Eu sabia que existia alguma chance de simplesmente não sermos almas gêmeas e, só de considerar essa opção, algo em mim parecia doer fisicamente.

Depois que Draco foi embora, eu não quis ficar ali embaixo por mais tempo, então eu fui para o meu quarto.

Como eu queria que tudo aquilo se resolvesse logo e eu pudesse viver normalmente.

Foi muito difícil pegar no sono naquela noite.

***

A única coisa que garantiu que eu saísse da cama de manhã, foi o encontro com Draco.

Tomei banho assim que acordei e coloquei roupas parecidas com as que eu sempre usava: uma camisa xadrez de botão, calças pretas e o par de All Star de sempre. Numa tentativa falha, tentei arrumar meus fios de cabelo teimosos, até concluir que era inútil continuar tentando.

Meu primeiro instinto, ao sair da comunal, foi dar um pulo para trás e levar as mãos ao peito, quando a primeira coisa que vi foi Draco parado ali.

- Te assustei? - Ele perguntou, entre risinhos.

- Nem um pouco. - Cruzei os braços.

Ele riu de novo. Observei como estava vestido, me praguejando por perceber que tudo o que conseguia pensar era no quanto ele estava bonito. Estava usando uma blusa de lã com gola alta, calça e sapatos, tudo era preto. Era raro vê-lo usando qualquer cor além de preto, mas isso não era algo negativo, porque parecia se misturar muito bem com ele.

Não sei quanto tempo fiquei olhando para ele, mas Draco parecia ler meus pensamentos quando disse:

- Sei que sou irresistível, mas não posso ficar aqui parado para você ficar me observando o dia todo.

Arregalei levemente os meus olhos com sua frase, mas não consegui dizer nada para contradizer. Me recompondo, tomei a iniciativa de seguir para o portão de Hogwarts, para evitar ter que olhar em seu rosto.

Foram necessários poucos minutos para que pudéssemos ver a entrada fofa do lugar. Fiquei tão distraído com o episódio anterior, que só consegui pensar na possibilidade de tudo dar errado quando nos sentamos.

Mas é claro que existia um lado bom também. Se tudo corresse bem, significava que ainda éramos almas gêmeas, graças ao encantamento do local que havia descoberto há pouco tempo.

Nós nos sentamos em uma mesa, fiz questão de ser uma diferente da que me sentei com Cho e Ginny, e olhei nos olhos dele pela primeira vez depois de sua provocação mais cedo. Batuquei os dedos sobre a superfície e me mantive em silêncio por poucos segundos.

Almas Coloridas | DRARRY - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora