III.

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Eu não tinha falado com Ginny desde o acidente no quadribol, fazia só um dia, mas não era algo comum de se acontecer entre nós. Andávamos grudados sempre que possível.

Sorri e fechei os olhos quando a abracei, sentindo o seu perfume floral invadir minhas narinas. Eu adorava o cheiro dela e estava feliz em vê-la. Deixei um selinho em seus lábios assim que nos separamos do abraço, para simbolizar aquilo que sentia.

- Fred e George trouxeram o novo doce da dedos de mel - Ela me contou, alegre. Segurando minha mão, Ginny me levou até os doces e me entregou um. - Prova.

E eu fiz o que ela havia pedido. Era estranho, explodia na boca e ficava explodindo por um tempo. O gosto era bom, mas eu ri do efeito de explosões que causou dentro da minha boca e me alegrei quando a ruiva riu junto de mim.

- Ah! Descobri qual era o seu problema! - Hermione chegou, sorridente. Acho que ela se referia ao fato de que eu não parecia bem mais cedo, provavelmente achou que tivesse ligação com Ginny.

Eu apenas ri e concordei com a cabeça, essa opção era melhor do que a verdade. Conversei com mais algumas pessoas ao longo da festa, por alguma razão tinham um ou dois lufanos e uns quatro corvinos lá, entretanto, nenhum sonserino. Nós três dançamos juntos, rimos um pouco mais, comemos e fizemos coisas que geralmente se fazem em festas.

- Ei! - Chamei a atenção de Hermione. - Cadê o Ron? - Perguntei, ao perceber que não havia visto ele durante toda a festa.

O sorriso que tinha no rosto dela se desmanchou quando apontou para um sofá em um cantinho. Lá estavam Ronald e Lilá, eles se beijavam de uma forma... estranha. Parecia que ele não queria estar ali, mas Lilá estava dando tudo de si. Quando os dois pararam de se beijar, Ron percebeu que eu olhava e me ofereceu um sorrisinho envergonhado.

- Desde quando eles estão juntos? - Indaguei, achando estranho.

- Acho que não estão juntos, mas Lilá sempre gostou dele. - Me senti bobo por nunca ter percebido isso. - Eu vou subir, tá? Preciso terminar umas lições...

Eu concordei, mas alguma coisa me dizia que Hermione estava mentindo, mesmo assim, deixei que tivesse privacidade, ela me contaria se quisesse. Acenei para ela e no instante seguinte, Ginny estava me puxando de novo.

Dessa vez, me levou para um canto da comunal, longe da multidão do centro. Ela me indicou a poltrona com uma estampa cafona que estava próxima, como se pedisse para eu me sentar. Eu me sentei e, na sequência, Ginny se sentou em meu colo. Admirei o rosto dela, estava cada dia mais bonita. Me sentia muito feliz de estar com ela.

Por impulso, eu deixei que um sorrisinho escapasse, com esse pensamento, e cruzei minhas mãos atrás das costas dela. Sem que conseguisse reagir antes, ela me beijou.

Foi um dos melhores beijos que já recebi em toda a minha vida.

Mas, eu não senti nada. Nada mesmo. Nenhuma borboleta no estômago. Meu coração não acelerou. Eu não senti vontade de beijar ela na mesma intensidade.

E ela pareceu perceber, porque logo se separou e me encarou preocupada.

- Tem alguma coisa errada, Harry?

- Não! - Respondi de imediato. - Não, claro que não. Eu só fiquei surpreso. - Esbocei um sorriso falso.

Ela sorriu de volta e me beijou de novo. Eu me xinguei mentalmente. Eu me sentia um mentiroso, me sentia sujo. Eu não podia beijar ela, eu não teria a audácia de beijar ela enquanto eu estava escondendo uma coisa tão extrema. Eu não merecia tudo aquilo, não mesmo.

Eu me afastei.

- O que acontecendo? - Ela parecia... irritada?

- Desculpa...

- A Mione disse que você estava esquisito. Você não vai me contar o que está acontecendo?

Eu pressionei meus próprios lábios um contra o outro, por nervosismo. Parei de olhar para ela e fitei o tapete no chão, tentando pensar em uma desculpa plausível. Não queria que ela pensasse que fosse alguma coisa com ela, já que era ao contrário.

- Não vou te forçar a me contar. - Ela ainda tinha aquele tom irritado quando saiu do meu colo e marchou até a multidão. Tenho quase certeza de que ela tinha criado expectativas para hoje, eu me senti muito mal.

Fiquei mais alguns instante sentado na mesma posição. Eu deveria ir atrás dela, e faria isso se não estivesse a enganando, então eu não me mexi durante uns minutos.

Porque não existiam mais motivos para permanecer lá, me levantei do estofado e subi as escadas até o meu dormitório. Me joguei na cama ainda vestindo o uniforme e calçando meus sapatos, sentia vontade de gritar até não ter mais voz.

Eu não sei quanto tempo eu fiquei olhando para o teto, deixando o sentimento de culpa e todo o resto do que sentia me consumir, junto dos pensamentos que não me abandoavam nem por um segundo.

Na mesma posição em que me joguei, eu dormi.

Almas Coloridas | DRARRY - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora