XIII.

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O dia seguinte foi completamente tomado por ansiedade. Eu não consegui me focar nas aulas, porque tudo me levava a pensar sobre o compromisso com Malfoy. Eu não conseguia entender como uma coisa tão simples poderia causar uma preocupação tão grande em mim, exclusivamente porque envolvia o loiro insuportável da sonserina.

Eu não sabia se aquilo era por conta dos efeitos que a quebra da maldição causava, mas eu não suportava mais. Não era porque a presença, ou a ideia dele me causava ansiedade, na verdade, acontecia o contrário. A ansiedade antecedia o sentimento de conforto que ele me proporcionava, o que era irônico, porque eu ainda sentia raiva por trás disso.

Ao mesmo tempo em que eu desejava que a última aula acabasse logo, eu nunca quis tanto que durasse mais tempo. Eu tentava me acalmar, me focando em outras coisas, mas não funcionava, porque a minha cabeça não me deixava em paz.

Quando o professor nos dispensou, tive aquele sentimento familiar de frio na barriga. Eu não esperava que o tempo andasse tão depressa.

Me despedi dos meus amigos e eles, automaticamente, me desejaram boa sorte, cientes do que estava por vir. Fui até a sala de Slughorn e pedi acesso para sua dispensa, que me foi concedido. Peguei tudo que era necessário e guardei com cuidado em minha mochila, demorando o máximo que podia.

Quando segui o caminho para o lugar combinado, tive alguns deja-vus do momento em que fui atrás de Malfoy. Os flashbacks foram clareados, como se uma chave tivesse girado em meu cérebro, me fazendo relembrar. Era humilhante me lembrar de precisar me segurar nas paredes para conseguir andar normalmente.

Afastei esses pensamentos assim que meus olhos pousaram sobre o loiro de pé em frente à entrada da comunal. Suspirei ao longo do que me aproximava, parando quando achei que estivesse em uma distância considerável.

- Oi, Potter - Ele me cumprimentou. - Trouxe as coisas?

- Está tudo aqui. - E levantei minha mochila, para que ele pudesse ver.

Ele balançou a cabeça mostrando que tinha entendido. Na sequência, fez um gesto com sua mão, em um convite silencioso para que eu o seguisse, e assim o fiz. Ele ditou a senha para o acesso e me conduziu até um canto da comunal, onde havia sofás e uma mesa com pergaminhos e livros sobre ela.

- Quer começar fazendo a poção? O professor recomendou que fizéssemos a pesquisa antes, mas não é obrigatório. - Eu assenti, não fazia diferença para mim.

Coloquei a mochila sobre o sofá mais próximo e retirei de lá tudo o que havia pegado no depósito do professor, os colocando gentilmente sobre a mesa. Malfoy pegou suas anotações e leu em voz alta os ingredientes e modo de preparo, apenas para refrescar a memória.

Não poderia negar que trabalhamos bem ao fazermos a poção juntos, mesmo que existisse um ar horrível de tensão entre nós, como se fossemos estranhos. Eu sabia que parte daquilo era porque eu havia decidido.

- Parece que fizemos certo. - Falei, observando o conteúdo transparente dentro do pequeno recipiente de vidro. O cheiro que exalava era muito atraente, por isso, fiz questão de aproximar do meu nariz, deixando que o aroma adentrasse minhas narinas. - Cheira isso.

E entreguei o frasco em sua mão. Observei Malfoy repetir a minha ação, cheirando o líquido de aspecto levemente pastoso.

- Não sabia que veritaserum tivesse um cheiro tão bom. - Ele comentou.

- Cheira melhor que a minha amortentia. - Soltei um risinho soprado, porque sabia que ele não entenderia.

- Como sua amortentia cheira?

Almas Coloridas | DRARRY - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora