XVII.

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Agora eu estava decidido a nunca mais beber. Eu não tinha bebido tanto na noite passada, mas a dor de cabeça se fez presente desde o momento em que acordei.

Ron gritava no meu ouvido e batia com travesseiros em minha cabeça. Eu respirei fundo para não levantar e lhe jogar alguma azaração, eu já estava quase pegando minha varinha quando ele se afastou.

- Vou te deixar aqui! - Ele falou, impaciente.

- Mas que saco! - Levantei bruscamente, jogando a coberta de lado.

Saí marchando até o banheiro e escovei os dentes ainda irritado. Quando voltei ao quarto, Ron continuava a me esperar. Ele me mostrou uma careta feia ao perceber que eu ainda estava usando meu pijama, mas o ignorei completamente, como se não tivesse o visto. Peguei roupas novas em meu malão e voltei ao banheiro para poder me trocar, antes que Ron começasse a dar chilique.

- Satisfeito? - Perguntei, aparecendo em sua frente.

- Muito. - Respondeu, sorrindo.

Não teríamos aulas naquele dia, mesmo que ainda não fosse final de semana, porque era aquele dia em que todos nós íamos para Hogsmeade.

Nos últimos dois anos, nós decidimos não ir para Hogsmeade quando tivemos a chance, então talvez esse fosse o motivo para que Ron ficasse tão animado com a ida. Descemos as escadas e nos encontramos com grande parte dos grifinórios, todos esperavam que McGonagall aparecesse e, assim, poderíamos finalmente ir até o vilarejo.

Quando a diretora da casa chegou, se certificou de que estivessem todos ali e nos dirigiu até o lado de fora. O caminho já era conhecido por todo mundo, então não precisamos de ninguém para nos guiar. Estaríamos em Hogsmeade em poucos minutos de caminhada.

Não era a coisa mais divertida do mundo, mas era bom estar fora de Hogwarts. Nós fomos até a Zonko's e compramos algumas coisas que nos interessaram. Depois, fomos até a Loja de Penas Escribas, porque Hermione queria comprar uma pena nova. E, por fim, fomos até a famosa Dedos de Mel, porque sempre fazíamos questão.

A loja estava tão cheia que parecia que Hogwarts inteira havia decidido visitar aquele lugar ao mesmo tempo. Era difícil até mesmo para andar entre as prateleiras. Por conta disso, decidimos sermos o mais breve possível, pegando só o que sentíamos que era necessário, porque estava sendo insuportável ficar ali dentro.

Eu não peguei muita coisa, só alguns bombons explosivos, sapos de chocolate e delícias gasosas. Esperei até que Ron e Hermione escolhessem tudo o que queriam para enfrentarmos a fila enorme que nos aguardava em frente ao balcão de pagamento.

- Que coincidência você estar aqui!

- Cedric! - Exclamei, abrindo um sorriso.

- Eu já ia te procurar. - Aquilo me surpreendeu. Ele estendeu uma sacola da Dedos de Mel, me entregando. - Comprei para você.

Eu sei que havia dado alguns beijos nele na noite anterior, mas parecia que ele estava levando aquilo muito mais a sério do que eu estava. Achei que não manteríamos contato depois, porém não devia ser o que Cedric esperava.

Afastei aqueles pensamentos, pegando a sacola de sua mão. Com cuidado, retirei o adesivo que a mantinha fechada e retirei uma pequena caixinha de lá. Ao ver os pequenos chocolates que tomavam a forma de corações, minhas sobrancelhas se ergueram.

Olhei para Cedric e ele parecia extremamente ansioso para ver minha reação, então deixei que um sorriso falso transparecesse.

- Muito obrigado. - Fiz um esforço para parecer simpático, tinha medo do rumo que aquilo poderia tomar.

***

- Ele só está sendo simpático, Harry! - Hermione me disse.

- Mas que tipo de pessoa quer parecer simpática presenteando a outra com chocolates de coração? - Perguntei, arregalando um pouco meus olhos. - E, detalhe, logo depois de terem se beijado!

- Ele não está errado, Mione... - Ron comentou, levemente receoso.

- Bem, eu vou para o meu quarto estudar, antes que eu acabe falando demais. - Ela levantou as mãos, como se estivesse se rendendo. - Porque eu tenho umas opiniões...

E saiu nos deixando ali, curiosos. Não me restava muito mais o que fazer, então decidi imitar Hermione, para colocar em prática minha promessa de começar a levar meus estudos a sério.

Depois de subir muitos lances de escadas e finalmente chegar ao sétimo andar, fui rapidamente procurar os meus livros. Eu não conseguia entender como Hogwarts não tinha elevadores, visto que até o ministério da magia, que tem poucos andares, tinha!

Me dediquei a terminar as tarefas que estavam mais próximas da data da entrega. Ainda me sentia um pouco mal por saber que Malfoy acabou fazendo nosso trabalho de poções sozinho, mas agradeci aos céus que teria uma coisa a menos para fazer.

Meu pulso já estava doendo na primeira redação que fiz, sem falar no tédio que me consumia e me dava vontade de atirar tudo para o alto.

Quando cheguei no segundo parágrafo, eu já não sabia mais o que escrever. Já tinha usado as palavras mais longas que existiam, só para aumentar e parecer que eu sabia do que estava falando, e ainda faltava muita coisa para conseguir finalizar.

Soltando um suspiro alto demais, lancei o pedaço de pergaminho para longe. Era muito difícil essa coisa de ser estudioso. Mas eu ainda não iria desistir.

Peguei meu livro de estudo da magia e...

- Ei, Harry. - Graças a Merlin eu teria uma desculpa para fazer uma pausa. Ron estava ao lado da porta e me olhava.

- Sim?

- Ahn... Malfoy quer falar com você, disse que não sairia daqui até que eu deixasse ele entrar.

- O quê? - Me espantei, desgrudando as costas da cabeceira muito rápido.

Ron me lançou um olhar de "eu não podia fazer nada" e deu espaço para que o loiro entrasse. Malfoy olhou para o Weasley e balançou a cabeça, como se pedisse para que ele saísse, fechando a porta quando teve o que queria.

- Não era quem você esperava ver, não é, Potter? - Ele parecia um pouco alterado. Não respondi. - Queria que fosse seu novo namoradinho, o Diggory?

Ficar bêbado era a nova moda de Hogwarts?

Almas Coloridas | DRARRY - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora