VIII.

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Me peguei pensando sobre o início de tudo isso.

Parecia irônico pensar que o garotinho que dormia embaixo da escada dos Dursley e acreditava ser daltônico, jamais imaginaria o real motivo de não enxergar mais do que quatro cores. Muito menos que não era uma coisa definitiva.

Quem diria que a coisa que eu mais amava, quadribol, seria a responsável por fazer minha vida se tornar esse imenso inferno em que venho vivendo nos últimos dias? E pior ainda, a pessoa por quem eu tive antipatia desde o momento em que pisei em Hogwarts, supostamente, era minha alma gêmea.

Acho que isso se chama efeito borboleta, é quando um coisa minúscula, sem você perceber, influencia que uma coisa imensa aconteça.

Esses pensamentos me arrancaram uma risada, não uma risada animada, mas uma de descrença.

Sempre que pensava sobre tudo isso, eu me perguntava o que teria acontecido se Ritchie não tivesse batido na goles por engano. Ou se eu estivesse em outra parte do campo.

- Senhor Potter? - A voz de Flitwick interrompeu meus pensamentos.

- Sim, senhor? - Me endireitei na cadeira, me dando conta de não ouvi mais nada depois do "bom dia" do professor.

- Parece que não está prestando atenção na aula. Tem algo de errado?

- Estou passando um pouco mal. - Menti sem hesitar, esperando que ele deixasse que eu saísse da sala, já que eu não tinha nem varinha.

- Oh! Você quer ir tomar um ar?

Fiz que sim com a cabeça e ele me indicou a porta, gentilmente. Quando cruzei o arco da porta da sala de Flitwick, caminhei calmamente para onde os meus pés queriam me levar. Tinha o privilégio de saber alguns caminhos do castelo que poucos alunos sabiam, graças às caminhadas que fazia durante a noite.

Agradeci aos céus que pudesse sair da sala. Não porque eu não gostava da matéria, pelo contrário, eu até gostava de feitiços e o professor Flitwick era uma pessoa um tanto agradável, mas não era a mesma coisa quando o que você tem é uma varinha inútil.

Mas de hoje aquilo não iria passar, prometi para mim mesmo. Daria um jeito de recuperar a varinha até o fim do dia, já que eu só teria mais algumas aulas pela frente e, depois disso, teria o dia todo livre.

Ah não.

Na verdade não. De alguma forma, meus pés me levaram até a parte externa do castelo, então, aproveitei que já estivesse ali e me sentei bem embaixo de uma árvore. Apoiei minhas costas e cabeça contra o tronco. Tinha que me encontrar com Ginny.

Seria esse um assunto tão sério que ela não poderia simplesmente me contar em Hogwarts?

Não tive muito tempo para pensar sobre isso porque, de repente, fui retirado do meu transe por um som de choro.

Meus olhos rapidamente encontraram a dona dele, ao mirar através dos pilares, vendo uma juba de cabelos castanhos atravessar o corredor correndo. Usando das minhas mãos para limpar minha calça, me levantei em um salto e não perdi tempo ao correr para o banheiro da Murta.

Entrei, ignorando que fosse um banheiro feminino, pois sabia que a fantasma que habitava ali, mantinha todos muito longe.

- Hermione? - Chamei, minha voz ecoando pelas paredes. - Sou eu.

Não foi difícil achar ela, difícil mesmo foi descobrir se era ela ou a Murta quem estava chorando. Instantaneamente, me senti mal por esse pensamento, mas sabia que não era mentira, quem passasse por ali poderia facilmente confundir. Bom, menos mau, garantiria que ninguém entrasse.

Almas Coloridas | DRARRY - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora