Se me perguntassem quando foi que me apaixonei por Harry, eu não saberia responder.
Sinceramente, acho que sempre tive um sentimento a mais por ele. Quando éramos pequenos, não passava de uma raiva sem sentido, mas, conforme o tempo passava, mais eu tentava negar para mim mesmo motivo daquele sentimento.
Eu não conseguia suportar o fato de que ele não queria ser meu amigo, nunca tinha ouvido um não de ninguém. E, de repente, eu não suportava o fato de que ele nem olhava na minha cara. Tudo o que fazia, era para tentar chamar sua atenção.
Mas eu só percebi o porquê disso tudo, no terceiro ano. Estávamos no meio de uma aula de Defesa Contra as Artes das Trevas e, naquele mesmo dia, aconteceria um jogo da Grifinória contra a Lufa-lufa. Então eu achei que seria uma ótima ideia fazer um desenho zombando de Harry. Fiz um origami e o enfeiticei, exclusivamente para irritá-lo. - Eu deveria ter percebido a partir disso, ninguém tem todo esse trabalho só para ter o prazer de provocar alguém.
Quando ele abriu o papel, ele me encarou com uma expressão muito irritada. Eu o encarei de volta, mas, diferente dele, eu não queria intimida-lo, eu só queria aproveitar aquele momento para poder olhar para seu rosto por um tempo a mais. Me lembro de ter sentido um frio na barriga imenso, estava completamente perdido em seus pequenos detalhes.
Demorei para perceber que eu não conseguiria o que queria com insultos, então eu parei com isso.
E ele não ligava mais para minha existência. A saída que achei foi ignorar o que sentia, fingir que não existia nada dentro de mim que queimava quando ele estava por perto.
Eu estava quase convencido de que estava enganado, de que aquilo não passava de uma paranóia. Até que aconteceu o acidente no quadribol.
Me senti imensamente sortudo, a pessoa por quem sempre tive uma quedinha era minha alma gêmea e eu não poderia estar mais feliz.
Foi naquele dia que eu me convenci de que não deixaria aquela chance escapar.
No dia seguinte ao acidente, tivemos a aula de Herbologia em que eu e Harry acabamos nos esbarrando. Pela primeira vez, pude admirar a cor de seus olhos. Eram verdes e, de todas as cores que tinha visto nas vinte e quatro horas anteriores, nenhuma se comparava àquela. Bem, até hoje eu nunca achei nenhuma tão bonita.
Depois daquilo, minha cor favorita passou a ser verde. Mas não qualquer um, o tom específico dos olhos de Harry Potter.
Convenci Urquhart para deixar a grifinória treinar, só para poder assistir ele mais de perto. Ele ficava incrivelmente atraente assumindo a posição de capitão.
O dia em que ele me beijou provavelmente foi um dos melhores da minha vida, tirando a parte em que ele fugiu. Mas, no topo da lista, com certeza estava o que ele me disse que estava disposto a tentar fazer aquilo dar certo. Minhas esperanças estavam tão baixas sobre isso, que já tinha certeza de que ele nunca aceitaria.
Mas então eu não enxergava cor alguma e estava com medo de que ele poderia voltar atrás. Tinha a impressão de que ele só tinha aceitado porque não havia outra escapatória e, se, de algum jeito, não fossemos mais almas gêmeas, ele não teria mais nenhum motivo para continuar com aquela ideia.
Quando o vi vindo atrás de mim, uma chama se acendeu em meu peito e eu concluí que, talvez, ele pudesse gostar de mim tanto quanto eu gostava dele.
Eu me sentia muito bem por estar entre seus amigos, como se tivesse sido acolhido por todos eles, mesmo que o contexto daquilo não fosse um dos melhores.
- Eu tenho uma teoria... - Granger se pronunciou, abaixando o livro que segurava.
Todos, incluindo eu, olhamos para ela, esperançosos.
- Pode não fazer muito sentido - Ela explicou. -, mas, talvez, o tempo que ficaram sem manter muito contato físico, pode ter ocasionado a isso.
- Mas mantemos. - Harry se pronunciou.
Tinha impressão de que ela estava falando sobre mais do que toques.
- Não desse tipo, Harry. - Ela parecia explicar as coisas para ele como um adulto explica algo para uma criança. Achava graça nisso. - Quero dizer, faz quanto tempo desde a última vez em que se beijaram?
- Umas... três semanas? - Estimei, olhando para Harry enquanto buscava uma confirmação.
- Faria sentido que isso tivesse apagado o efeito? - Ela perguntou, incerta.
- Faz muito sentido, na verdade. - Weasley confirmou. - Talvez o fato de que Harry beijou Ced...
Vi Granger levar sua mão de encontro com a boca do ruivo, o calando imediatamente. Eu sabia do que ele estava falando, aquilo ainda me causava certo incômodo, mas o que me confortava era saber quem era a alma gêmea de Harry.
O Weasley parecia muito envergonhado e olhava pra Harry com uma expressão de quem pede desculpas.
- Isso também pode ter contribuído. - Confirmei, tentando ao máximo manter um tom de indiferença.
- Então, se eu estiver certa, o que vai fazer vocês voltarem a enxergar as cores - Ela começou, lançando um olhar na direção de Harry. -, seria um beijo.
Dessa vez, fui eu quem olhou para Harry. Ele não se pronunciou e não olhou para mim, imaginei o que poderia estar pensando. Estendi minha mão até sua perna, numa tentativa de conforto-lo.
- Não precisa se preocupar com isso. - Falei, num tom de voz mais baixo. - Sei que ainda não está completamente bem com tudo isso, não vou te forçar a fazer qualquer coisa que não queira.
Ele levantou o olhar e me observou. Dando um meio sorriso, colocou sua mão sobre a minha, como se agradecesse silenciosamente.
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Almas Coloridas | DRARRY - HIATUS
Hayran KurguHarry Potter sempre acreditou que a história para justificar o motivo da maioria dos bruxos não enxergarem mais do que quatro cores, não passasse de uma lenda. Já acostumado com a vitória em quase todos os jogos de quadribol, não esperava nada dife...