XXX.

953 115 36
                                    

Conforme o tempo passava, ficava impossível permanecer sentado no banco duro de madeira das mesas. Provavelmente porque eles não foram projetados para ficarmos sentados por tanto tempo. Então, foram providenciadas almofadas e os alunos começaram a se sentar em pequenos grupos no chão do Salão, ocupando as partes mais próximas da parede.

Eu me sentei num canto com Ron, Hermione e Ginny. Não demorou mais do que cinco minutos para que Luna surgisse ali, se enfiando embaixo dos braços da namorada e apoiando o corpo contra o dela. Ginny transparecia felicidade perto da loira, as duas compartilhavam risadinhas e, vezes ou outra, selinhos rápidos.

Elas exalavam paixão e era quase impossível não sentir inveja. Era perceptível que seu amor era completamente genuíno, de um jeito que qualquer um gostaria de presenciar algum dia.

Comecei a me sentir um pouco mal com tudo aquilo, como se desejar viver um pouco daquilo não fosse o certo. Mas, quando me virei para puxar assunto com Ron e Hermione e poder me distrair, percebi que os dois também estavam em sua própria bolha, conversando baixo e rindo entre eles, então tive que me conformar em ficar sozinho e esperando que nos liberassem logo.

Me sentei em posição fetal e apoiei o queixo entre os joelhos, enquanto fechava os olhos por um instante.

As coisas entre eu e Draco estavam caminhando para algo melhor, mas eu sabia que precisava ter paciência quanto a isso. Apressar as coisas não seriam bom. Principalmente porque passei grande parte da minha vida odiando ele, então não tinha como um romance lindo de filme surgir de repente.

Mas eu queria que ele me olhasse como Ginny e Luna se olham. E me abraçasse, beijasse, passasse tempo comigo.

Eu estava forçando a barra.

De relance, lancei um olhar na direção dos sonserinos que se reuniam na outra ponta do Salão. Draco estava entre eles, talvez contando alguma coisa engraçada, porque todos riam sem parar.

Acho que nem passou pela cabeça dele que Cedric possa ter usado a poção em mim, como ele estaria tão tranquilo e alegre? Talvez nem tenha lido o jornal.

Bufei quando mais pensamentos paranóicos começaram a tomar conta de mim. Queria que as coisas acontecessem de algum jeito mais fácil, mas isso não deve ser possível na minha vida.

***

- Harry! - Sinto alguém cutucar meu braço.

Era Hermione. Abri os olhos preguiçosamente, sem me lembrar do momento em que os fechei e permaneci daquele jeito. Meio perdido, olho para a garota em busca de uma explicação para ter me acordado, ela aponta para a porta do Salão, onde Hagrid estava parado.

Não pude deixar de notar seu semblante, uma mistura de emoções, parecia triste, decepcionado e confuso ao mesmo tempo. Pensei que talvez já tivessem examinado todos os quartos, o que me despertou.

Arrumei minha postura, ficando completamente alerta e a espera de qualquer pronunciamento.

Não demorou muito até que McGonagall colocasse sua varinha na garganta de novo, anunciando que listaria nomes daqueles que deveriam acompanhar Hagrid. Com certeza iriam direto para o Ministério da Magia.

Minha mão suava de nervosismo quando a diretora começou a anunciar os nomes, e a cada vez que ela chamava um novo aluno, eu torcia para que o próximo fosse Cedric. Me surpreendi quando olhei para a porta e vi que, pelas minhas contas, tinha uns dezessetes alunos junto com Hagrid.

- E, por último... - McGonagall fez uma pausa, encarou o pergaminho que segurava e levantou o olhar, surpresa. Tinha que ser Cedric. - L-Luna Lovegood.

Quando olhei para a loira, ela parecia tão confusa quanto todos os nossos amigos em volta. Assim como os outros, Ginny olhava para ela sem dizer uma única palavra, mas parecia que ela poderia desabar em lágrimas a qualquer instante.

Fiquei imóvel, duvidando da minha capacidade de audição. Eu poderia ter ouvido errado, talvez Cedric e Luna soasse muito parecido e acabei me confundindo.

Mas as dúvidas foram embora quando Luna se levantou e Hermione se prontificou a sentar ao lado de sua amiga ruiva, segurando sua mão como se quisesse lhe consolar. Ouvi ela sussurrar algo parecido com 'não deve ser nada de mais', mas Ginny não deu qualquer sinal de que acreditava naquilo.

Como era possível que Luna tivesse usado uma poção em Ginny? Nada indicava que aquilo fazia algum sentido. Além da loira não ter uma reputação ruim, qualquer um que ficasse perto das duas teria certeza que o amor delas é completamente verdadeiro. Pensei em dizer qualquer coisa para tentar consola-la, mas nada vinha e eu preferi ficar em silêncio a dizer algo tolo.

McGonagall, em cima da plataforma dos professores, fez um gesto para Hagrid e ele saiu seguido de todos os alunos chamados. No instante em que ele abandonou o Grande Salão, uma coruja atravessou o lugar, parando em cima do ombro da diretora, com uma carta no bico.

Depois de ler, devolveu a carta para a coruja que saiu voando, e pigarreou, novamente com a varinha na garganta.

- Acabo de ser informada de que o Hospital St. Mungus está sem leitos livres, devido ao grande número de pessoas sob o efeito da Poção da Alma Gêmea - Ela começou. - Então, peço que as pessoas que mantiveram algum tipo de relação com as pessoas que Hagrid levou, se encaminhem até a enfermaria do Castelo. Teremos uma médica de plantão para auxiliar Madame Pomfrey.

Ao finalizar, ela repetiu o nome de todos os alunos, agora ausentes. Não consegui acreditar que Cedric não estivesse na lista, porque não existia nenhuma justificativa que fizesse sentido para o meu atual estado, a não ser que eu estivesse sob o efeito da poção.

- Você não vai, Ginny? - Ron perguntou, se dirigindo à irmã. - Sabe, para a enfermaria.

Ela balançou a cabeça.

- Não faz sentido ir, a Luna não faria isso comigo - Ela contesta, com toda a certeza do mundo presente em sua voz. - Só vou se alguma prova concreta surgir.

--------------------

Surpresa!!
E vocês xingando o pobre Cedric esse tempo todo...

Almas Coloridas | DRARRY - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora