Mais tarde naquele mesmo dia, eu me encontrava no dormitório da grifinória. Já tinha tirado meu uniforme e vestia roupas que fossem apresentáveis para a ocasião com Ginny.
Eu estava mais tranquilo, mais leve, depois de saber que poderia contar com Hermione em relação ao que estava passando. Ficava feliz que pudesse conversar sobre isso com alguém sem ser julgado.
Olhei no relógio e chequei as horas. Como eu não havia comparecido na última aula, tive que me certificar se ela já tinha saído.
Peguei uma quantia de dinheiro e guardei no meu bolso. Saindo do dormitório, fui até uma das passagens que levava até Hogsmeade que conhecia graças ao mapa dos marotos. Atravessei o caminho e em poucos minutos, estava em meu destino.
Quando cheguei à Loja de Chá da Madame Puddifoot, pude identificar a silhueta familiar de Ginny, sentada em uma das mesinhas que ficava no lado de fora. Me aproximei esboçando um sorriso no rosto e, no momento em que me viu, ela se levantou e me deu um abraço.
- Oi, Harry. - Falou enquanto se sentava e eu fazia o mesmo. - Imaginei que fosse pedir o de sempre, então tomei iniciativa de pedir para você.
Sobre a mesa, havia duas xícaras: uma na frente da ruiva, não soube identificar o que continha dentro, e outra na minha frente, com o chá que sempre pedia e leite.
- Ah, muito obrigado. - Sorri em agradecimento, dando um gole em meu chá. Podia sentir que ela estava tensa. - E por qu...
- Beijei Luna na festa. - Falou me interrompendo de repente, como se tivesse acabado de receber um impulso de coragem.
Arqueei as sobrancelhas em surpresa. Não senti nada no começo, como se não tivesse ouvido o que ela havia dito, mas, assim que tive tempo de digerir as palavras, aquilo me acertou como um furacão.
- Tudo bem... - Falei, tentando manter a calma. - E...
- Logo depois que foi embora, eu não pensei muito. - Ela me interrompeu de novo. Parecia que iria chorar a qualquer segundo. - Não quero que se sinta culpado, a culpa não foi sua em momento algum.
Mas eu já me sentia culpado quando ela me disse isso. O momento em que ela me beijou naquele dia passava na minha cabeça repetidamente desde que havia acontecido. Sabia que se eu tivesse beijado ela, não estaríamos tendo essa conversa.
- Eu agi sem pensar - ela fez uma pausa. - Não estou tentando me justificar para fazer você me desculpar.
Eu permaneci em silêncio, apenas assentindo com a cabeça quando achei que fosse necessário. Ela continuou:
- Mas não foi só um beijo. - Suspirou. - Bem, foi só um beijo, mas o que aquilo causou foi muito além do que eu esperava.
Eu quase pude prever o que viria em seguida.
- Harry, quero terminar - Ela parou de olhar para mim. - porque, quando beijei ela, pude ver as cores. Luna é minha alma gêmea.
Fechei os olhos por um instante. Suspirei.
- Desculpa, Ginny. Eu não sei o que te dizer. - Mas eu não senti raiva dela, nem por um segundo.
- Quem te deve desculpas sou eu, Harry. - Ela se levantou. - Obrigado por me ouvir, me desculpa mesmo.
Fiz um aceno com a cabeça, como se quisesse dizer "não tem problema" e lhe mostrei um falso sorriso. Ela retribuiu a ação e saiu.
Ao me encontrar sozinho na mesa, apoiei minha cabeça entre as mãos, podendo refletir sobre o acontecimento.
Eu não poderia culpar Ginny, almas gêmeas são destinadas a ficarem juntas, de um jeito ou de outro. Até quando esse jeito for traindo seu namorado. Mesmo se ela me dissesse que não foi minha culpa, eu sabia que tinha contribuído para que aquilo acontecesse.
Levantei meu rosto a apoiei as costas no encosto da cadeira, olhando fixamente para um ponto aleatório. Sem pensar em nada, só olhei para onde quer que meus olhos pousavam, me dei conta de que não estava respirando quando meus pulmões deram sinais.
No quinto ano, trouxe Cho Chang para esse mesmo lugar. Ela chorou o tempo todo, me lembro do quanto fiquei irritado com ela. Nós brigamos e, quando ela saiu, fiquei do mesmo jeito que estava agora. Ri sem emoção ao fazer essa relação. Fiz uma anotação mental para nunca mais visitar aquele estabelecimento com ninguém.
Nada mudaria se eu ficasse sentado ali. Com esse pensamento, eu me levantei, e procurei pelo Cabeça de Javali.
Atravessei a porta do pub, ouvindo o sininho sobre a minha cabeça. Quando coloquei os pés ali, observando a minha volta, pude perceber que só haviam bruxos mais velhos. Ignorando esse fato, caminhei para o interior do local.
- Ei, com licença. - Falei para um bruxo muito alto, tentando chamar sua atenção.
- Permitiram a entrada de crianças aqui? - Ele Zombou, me olhando de cima. Ouvi seus amigos rirem, mas ignorei.
- Se não fizer comentários sobre minha idade e comprar uma garrafa de whisky de fogo para mim, te pago o dobro do valor. - Ofereci.
Olhei para o seu rosto, tentando identificar se parecia uma proposta que o agradava. Ele fez silêncio por alguns segundos, e respondeu:
- O triplo. - Ele afirmou, na tentativa de aumentar o preço da oferta.
- Fechado. - Ele sorriu e apertou minha mão.
- Me dê o dinheiro antes.
Retirei do meu bolso todos os galeões que guardava, entregando-os em sua mão enorme. Vi ele enfiar tudo em seu bolso e sumir no meio da multidão, indo até o balcão.
Esperei no mesmo lugar, inquieto.
- Aqui está. - Reapareceu segundos depois, com uma garrafa de líquido avermelhado.
Não senti a necessidade de agradecer, já que o dinheiro era todo meu. Peguei a garrafa e me sentei em uma mesinha no fundo do bar, dando um bom gole na bebida. O sabor e o efeito que a bebida causava, fez com que meu rosto se transformasse em uma careta, conforme o líquido descia queimando minha garganta.
Eu iria me acostumar com o efeito depois de alguns goles. Com esse pensamento, não demorei em repetir a dose, bebendo um grande volume do conteúdo da garrafa.
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Almas Coloridas | DRARRY - HIATUS
FanfictionHarry Potter sempre acreditou que a história para justificar o motivo da maioria dos bruxos não enxergarem mais do que quatro cores, não passasse de uma lenda. Já acostumado com a vitória em quase todos os jogos de quadribol, não esperava nada dife...