PS.: quando sua alma gêmea morre, se perde o privilégio de ver as cores.
A observação do livro foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça. Eu não conseguia ver nenhum tom de vermelho ou dourado, quando todas as cores que estavam naquele salão eram essas.
Não era justo que isso estivesse acontecendo logo depois de eu, finalmente, ter tomado uma decisão sobre Draco. Tentei me convencer de que nada muito grave pudesse ter acontecido com ele, tínhamos nos visto há poucos minutos. O que não estava funcionando. Eu me desesperava mais a cada segundo.
Meus pensamentos foram até Cedric. Ele não faria algo desse tipo, não é? Eu preferia acreditar que não.
Sem dar nenhuma explicação, me coloquei de pé e atravessei a moldura do quadro da Mulher Gorda. Era difícil andar em passos rápidos quando eu mal conseguia respirar, porém eu não estava nem perto de ceder.
Meu estômago se revirava e um nó se fazia presente a cada passo que eu dava, meu coração pulsar em todas as partes. Parecia que todos os meus órgãos estavam fazendo um esforço muito grande para que eu não desmaiasse. Meu corpo queria fazer o caminho contrário, mas eu não poderia continuar vivendo minha vida normalmente sabendo o que poderia estar acontecendo.
Estava acontecendo o que eu mais desejei, eu estava com muito medo de perde-lo, e poderia ser tarde demais para sentir aquilo.
Assim que atravessei o corredor da lufa-lufa, percebi que Hannah e Cedric não estavam mais fazendo seu trabalho. Aquilo me preocupava ainda mais, mais paranóias brotavam na minha cabeça.
Quando estava próximo da torre da Corvinal, quase caí de joelhos.
Todo o meu corpo foi tomado por uma onda de tranquilidade, mas não o meu coração. Ele batia tão alto que eu cheguei a considerar a possibilidade de Malfoy estar ouvindo.
Só voltei a respirar normalmente ao ter os braços de Draco envolvidos em mim, enquanto descansava sua cabeça em meu ombro. Quando ele se afastou e eu o observei, percebi que a ausência de cores não tinha alterado muita coisa em seu visual. Ele sempre vestia preto, seu cabelo era extremamente branco e a pele pálida, só uma coisa pareceu mudar: o azul único dos seus olhos tinja desaparecido, dando lugar para um cinza triste. Senti falta de poder ver as cores.
Nós ficamos nos olhando por muito tempo, em silêncio porque não eram necessárias palavras naquele momento. A presença dele já bastava. Mas, de repente, ele sorriu daquele jeito que sempre fazia e eu sabia o que estava por vir.
- Ficou com medo de me perder, Potter? - Ele perguntou sorrindo ladino, em tom de provocação.
- Para de ser tão idiota. - Ri, percebendo que ele estava tentando segurar um riso.
Foi naquele momento que percebi que eu estava gostando um pouco demais de Draco Malfoy. E não tinha por que tentar continuar negando aquilo, eu só poderia aceitar.
Mas ainda existia uma coisa que eu não estava conseguindo entender.
- Veio me procurar porque não está mais enxergando cor nenhum? - Perguntei, apenas para ter certeza.
Ele assentiu.
- Se eu estou aqui e você também, por que isso está acontecendo? - Eu não esperava que ele tivesse uma resposta para aquilo, mas senti a necessidade de perguntar do mesmo jeito.
***
Nós dois decidimos voltar para a comunal da grifinória, porque Ron e Hermione eram os únicos que sabiam que éramos almas gêmeas, Malfoy não tinha contado para nenhum dos amigos. Saber daquilo me chateou um pouco, mesmo sabendo que não era uma coisa que se podia gritar aos quatro ventos.
Estava bastante esperançoso, porque meus amigos eram muito inteligentes no quesito resolver-meus-problemas, e esperava que não fosse diferente daquela vez.
Assim que entramos, os dois vieram ao nosso encontro muito preocupados. Tinha me esquecido que eu tinha saído de lá sem dar nenhuma explicação.
- Está tudo bem! - Tentei tranquiliza-los. - Mas nós temos um problema.
Hermione me olhou desconfiada e Ron cruzou os braços.
- 'Nós'? - Ron repetiu. - Você tem um problema, eu só tenho um amigo que vive criando eles.
- Eu juro que dessa vez não foi minha culpa! - Falei, na defensiva. - Me tirem uma dúvida, vocês estão enxergando as cores normalmente?
Ron e Hermione se entreolharam, uma confusão em seus olhares, e voltaram sua atenção para mim de novo.
- Acho que sim... - Hermione deu de ombros. - Por que não estaríamos?
- Weasley e Granger são almas gêmeas?! - Malfoy perguntou, muito surpreso.
- Fale baixo. - O repreendi. - Eu e Draco não estamos.
No momento em que as palavras deixaram meus lábios, meu estômago afundou ao pensar na possibilidade de que a minha teoria sobre tudo aquilo ser só um grande mal entendido, ser real.
- Como assim? O efeito é irreversível enquanto sua alma gêmea estiver viva. - Hermione falou o óbvio.
Então eu me dirigi até a escada do dormitório masculino.
- Aonde você está indo?
- Eu já volto. previsão responde.
Em meu quarto. peguei todos os livros e as minhas anotações sobre aquele assunto e, em poucos minutos, estava no salão novamente. Eles estavam em silêncio, todos pareciam muito pensativos. Coloquei os livros sobre a mesa, dando um pequeno susto em todos eles.
- Por que você tem tudo isso? - Malfoy perguntou, admirado.
- Não importa. A resposta deve estar em algum desses livros, não é?
Eles concordaram e cada um pegou um livro ou pergaminho, eu fiz o mesmo.
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Almas Coloridas | DRARRY - HIATUS
FanfictionHarry Potter sempre acreditou que a história para justificar o motivo da maioria dos bruxos não enxergarem mais do que quatro cores, não passasse de uma lenda. Já acostumado com a vitória em quase todos os jogos de quadribol, não esperava nada dife...