VII.

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Me despedi de Hermione porque minha aula seguinte era adivinhação. Ela optou por não ter essa aula, é muito mente fechada para essas coisas. Confesso que não acredito muito, só escolhi essa matéria porque era a menos pior entre as opções que sobravam.

Me encontrei com Ron no caminho, e conversamos pelo resto dele. Chegamos na sala abafada de Trelawny que, independente do calor, ela sempre ligava aquela maldita lareira, e nos sentamos em um dos lugares vagos.

Trelawny começou explicando alguma coisa estranha, que não fiz questão de prestar atenção, com aquela sua voz lunática e grave. De repente, ela interrompeu sua explicação e soltou uma exclamação, parou no lugar e se virou para mim.

Era só o que faltava.

- Você perdeu algo recentemente, rapaz? - Perguntou, apontando para mim.

- Hã... - Fiz uma pausa. A varinha. Como ela sabia? - Não, acho que não. - Menti.

Ela estreitou os olhos da mesma forma que Hermione tinha feito mais cedo.

- Não minta. - Me pressionou.

- É... Talvez? - Ela pareceu ficar satisfeita com a minha resposta, mas não tinha acabado ainda.

- Oh, meu jovem rapaz... pare de tentar negar algo que, no fundo, você sabe que é inevitável. Você está propenso ao amor! Abra seu coração, se permita sentir! Se seguir meu conselho, vai começar a dormir melhor, te garanto. - Ela gesticulava enquanto falava, fazia mímicas que representavam o que ela falava no momento. Vendo que eu não responderia nada, ela prosseguiu com a aula.

Ela estava falando de Malfoy? Com certeza estava falando de Malfoy. Eu não iria acreditar naquela Charlatã.

- Do que ela tava falando? - Ron sussurrou, inclinando um pouco o corpo em minha direção.

- Ela é maluca, eu não faço ideia. - Menti de novo. Já estava virando um mentiroso profissional.

Fiquei avulso pelo resto da aula, eu sentia um frio na barriga todas as vezes em que Trelawny se aproximava minimamente de mim. Não queria ouvir mais nenhuma de suas previsões ridículas que não faziam o menor sentido!

***

Minha última aula do dia era Transfiguração. O que era um problema imenso, porque eu não tinha minha varinha e a de Malfoy não me obedecia. Mesmo assim, eu fui para a aula.

McGonagall pediu que nós transformássemos um alfinete em uma tartaruga. Eu não via como aquilo seria útil em algum momento da minha vida, na verdade, a maioria das coisas que a professora pedia que fizéssemos, era inútil.

- Muito... interessante essa sua tartaruga, Mione. - Elogiei quando ela conseguiu transfigurar seu alfinete sem complicações.

- Obrigada, Harry. Você não vai tentar? - Precisava aprender a ficar de boca fechada perto de Hermione.

- Eu... hã, não prestei atenção na explicação.

- Eu te explico. - Quase implorei para ela não fazer isso. Mas ela fez, me explicou como se eu fosse um bebê novamente. - Vamos, tente.

- Olha, é que...

- Senhor Potter, todos já conseguiram, ou pelo menos tentaram. Seu alfinete continua intacto, por quê? Parabéns pela sua tartaruga, Granger. - McGonagall apareceu de repente, ao lado da minha mesa. Abri a boca para inventar uma desculpa, mas fui salvo por Hermione:

- Não se preocupe, professora! Ele estava ansioso, se atrapalhou um pouco na hora de dizer o feitiço. - Ela sorriu para a professora, que pareceu aceitar a desculpa e se afastou. - Ande! Pegue sua varinha.

- Bom, eu pegaria, se estivesse com ela.

- Por Merlin, Harry! Você esqueceu sua varinha?

Muito pior do que isso, pensei. Eu neguei com a cabeça e comecei a explicar sobre o que tinha acontecido durante a aula de herbologia. Ela negou com a cabeça com indignação, cobrindo o rosto com uma das mãos.

- Senhor Potter! Chega de conversa, não estou vendo nenhuma tartaruga na sua mesa. - A professora falou no fundo da sala.

- Tartugofors - Hermione falou, apontando, discretamente, sua varinha para o meu alfinete.

Sussurrei um obrigado para ela, porque me senti imensamente grato pela ajuda. Peguei a tartaruga em mãos e mostrei para McGonagall, no fundo da sala. Ela parecia bastante surpresa e confusa, talvez duvidasse dos próprios olhos.

- Não se acostume. - Mione sussurou de volta, rindo.

Todos fomos dispensados no final da aula. Saí da sala rindo com Hermione, era raro ver ela daquele jeito depois de fazer algo "ilegal" em sala de aula. Ela valorizava muito o aprendizado e, fazer algo por mim, era o contrário disso.

- Harry! - Uma voz feminina me chamou.

Eu já sabia quem era, mas me virei para ver, de qualquer forma. Ginny estava acompanhada de Ron. Hermione também se virou, mas logo se retirou, me dizendo um "te vejo mais tarde". A ruiva se aproximou de mim, enquanto Ron ficou mais para trás.

- Me desculpa por te explodido na fedta. Eu não estava no melhor dos dias, por isso quero conversar com você. - As últimas palavras me fizeram gelar. - Você pode me encontrar na Loja de Chá da Madame Puddifoot, amanhã depois da aula?

- Claro. Claro que posso. - Confirmei. - Aconteceu alguma coisa?

- A gente se fala amanhã, bom? - Ela falou, ignorando completamente a minha pergunta. Não pude chamar a atenção dela para isso, porque, quando pisquei, ela já não estava mais ali.

Almas Coloridas | DRARRY - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora