XXIV.

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Não demoramos muito para terminar o trabalho e, honestamente falando, achava que seria um dos melhores da sala. Draco era muito bom em pações e eu não era ruim, então, o mínimo, seria fazermos um trabalho digno de um "O", de ótimo, que só ficava abaixo de "Excede expectativas" ou "E".

Me encontrei em um dilema conforme ele me guiava até a saída. Como poderia me despedir? Um aceno parecia muito pouco, um abraço era vergonhoso, um selinho era demais.

Só percebi que ele tinha parado quando quase esbarrei nele. Olhei para frente e percebi que a passagem não tinha sido aberta, por isso voltei meu olhar para o sonserino, procurando uma resposta.

- Se não for fazer nada amanhã, me encontre na Casa de Chá da Madame Puddifoot. - Aquilo não parecia uma pergunta.

- Não posso - Respondi.

- Por que não?

- Bem - Comecei -, tenho uma superstição boba.

- E qual é? - Ele perguntou de um jeito estranho, como se já soubesse o que viria.

- Acabei tendo um fim péssimo com todas as pessoas com quem estive lá.

- Harry, o lugar é encantado. - ele falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Como assim?

- Isso acontecia porque as pessoas não eram as certas. Apenas casais de verdade saem ilesos de lá. - Ele me explicou, pacientemente.

- Não somos um casal - Senti a necessidade esclarecer. -, não foi isso que quis dizer quando pedi para tentarmos.

- Eu sei disso, mas, mesmo que não sejamos um casal, ainda somos almas gêmeas.

Fiquei em silêncio porque ele tinha razão.

- Podemos tentar?

- Tudo Bem. - Cedi

Vi um sorriso se formar em seu rosto que, sem eu perceber, me provocou o mesmo.

- Agora eu deixo você ir - Ele brincou, abrindo a passagem.

Dei uma última olhada para ele e a ideia ele me despedir com um selinho pareceu muito boa, e eu teria feito isso, se Pansy não tivesse surgido atrás dele, lhe tocando o ombro.

- Eu já vou então - avisei, vendo loiro assentir.

Assim que pisei para fora da comunal, me lembrei da pior parte de ir para lá: o salão da sonserina ficava do lado oposto do grifano, o que significava que eu deveria atravessar grande parte do castelo para chegar até a torre. Não dava para ser sedentário em Hogwarts.

Só percebi que estava cruzando o corredor da lufa-lufa quando avistei Cedric conversando com Hannah Abbot, uma das monitores da da casa. Assim que pensei em dar meia volta, a garota apontou em minha direção e Cedric se virou.

Pela primeira vez, percebi a gravidade da decisão que havia tomado mais cedo. Se Cedric fosse mesmo minha alma gêmea, eu não saberia o que dizer para Malfoy, muito menos o que fazer. Estava tentando solucionar um problema, mas tinha conseguido um maior ainda.

Mas ainda precisava ter certeza de que Cedric não estava mentindo.

- Oi, Harry - Ele se aproximou. -, tentei falar com você durante a semana toda, mas, coincidentemente, acabamos nos desencontrando todas as vezes.

Não era nenhuma coincidência, eu só não queria falar com ele. Mas preferi não dizer nada disso.

- E o que queria dizer? - Perguntei, por educação. Por algum motivo, estava sentindo ódio da presença de Cedric.

- Queria te convidar para sair. Está livre amanhã?

- Infelizmente - mordi minha língua para não dizer "felizmente" -, vou estar ocupado amanhã.

- Posso te acompanhar, então? Só sua presença é suficiente para mim.

Tinha a impressão de que ele não desistiria tão fácil.

- Não dá. - Fiz uma cara falsa de descontentamento. - Vou sair com outra pessoa manhã.

- Ah, sim... - Seu tom de voz era triste. - Um amigo, imagino?

- Draco. - Sorri, tentando esconder que aquilo era uma tentativa de fazê-lo desistir de uma vez.

- É mesmo? - Ele cerrou os punhos ao lado do corpo, sua voz não era mais calma. Eu deveria ter poupado os detalhes. - Vocês andam bem próximos, não é?

- Desculpa, por que eu deveria te dar qualquer satisfação? - Aproveitei que já estivesse irritado com ele, descontando aquilo.

- Acho que não haveria necessidade de esconder qualquer coisa se não estivessem tendo algo.

- Volto a dizer que não preciso te dar satisfação alguma. - Dei de ombros.

- Não vejo um porquê de se aproximarem, achei que se odiavam.

- Éramos pequenos. - Respondi, simplista. - Cedric, eu tenho coisas para fazer, então se me permite...

Sem me despedir nem nada, continuei meus passos, seguindo o caminho que já estava fazendo anteriormente.

***

Como da última vez, quando eu cheguei na comunal, Ron e Hermione estavam me esperando nos sofás do salão. Eu não pude evitar um sorriso que escapou em meu rosto, repentinamente deixando para trás o que havia acabado de acontecer com Cedric. Eu amava tanto os meus amigos.

Nós nos sentamos juntos, em frente à lareira e eu contei tudo para eles. Com "tudo" eu quero dizer que contei o que tinha acontecido entre eu e Malfoy, deixando de lado o episódio com Diggory. Não queria preocupa-los mais do que já tinha feito nos últimos tempos.

- Ah, Harry! Eu fico tão feliz por você! - Hermione disse, o sorriso em seu rosto mostrava o quanto ela estava sendo sincera.

- Foi muito corajoso da sua parte, cara. - Ron comentou, dando tapinhas em minhas costas. - Também fico feliz!

De repente, senti uma leve tontura e fui obrigado a fechar os olhos por alguns segundos, enquanto sentia uma pequena pontada em minha cabeça.

- Harry? - Hermione me chamou, se aproximando mais. - Você bem?

Quando que os abri de novo, minha visão estava estranha, meio turva e as cores não estavam mais nítidas. Olhei para os lados, mas parecia que a tontura aumentava quando fazia isso, achei que a luminosidade do fogo pudesse estar influenciando na dor de cabeça.

Não respondi a pergunta, mas fechei os olhos de novo, até que a tontura e dor de cabeça se dissipassem completamente, como se há segundos atrás eu não estivesse sentindo nada.

- Gente... - Olhei para a minha volta e senti meu corpo todo congelar.

- O que foi?

Eu não estava mais enxergando cor alguma.

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Já foram ler minha nova fic? 😡

Almas Coloridas | DRARRY - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora