Capítulo 42- O pedido

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Sinto um aperto em minha mão que estava suada, não podia ser, olho para ela, e mesmo sem falar por causa da traqueostomia, seus olhos estavam abertos, meu pai. Seus olhos estavam abertos.

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Luiza PVO.

- Meu Deus, meu deus, você acordou. - Distribuo beijos por todo seu rosto machucado, tendo o cuidado para não a machucar mais. - Meu amor você está aqui eu não acredito. - Choro, choro forte, ela pisca os olhos duas vezes já que não podia falar em decorrência da intubação. - Espera um minuto. - Saio correndo em direção ao posto de enfermagem.

- Roberto, ela acordou. - O enfermeiro sai em disparada para onde estava Valentina.

- Charles, ela acordou. - Vejo ele ligando para o médico animado. Todos ali conheciam Valentina, seja de um jeito ou de outro, todos tinham alguma história ou algo para contar dela, eu amava essa mulher.

- Eu trabalho aqui a mais de 38 anos e nunca tinha visto nada assim acontecer, eu realmente não acreditava que ela fosse acordar. - Charles confessa para mim com pesar. - Valentina se estiver me ouvindo pisca uma vez para sim. - Ela pisca.

- Meu amor você tá aqui. - Gritos espontâneos saem dos médicos e eu seguro firme sua mão.

- Luiza, agora você precisa sair, temos que fazer alguns exames e testes. - Charles me pede.

- Por favor, deixe-me ficar. - Eu imploro.

- Eu prometo que será rápido e você poderá voltar logo. – Eu concordo sem querer ficar longe de minha amada, mas era necessário.

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Na sala de espera, todos choravam, ainda mais com as últimas movimentações na UTI, Tayla e Rodrigo se abraçavam chorando e soluçando, mas quando entro naquela sala com um sorriso de ponta a ponta todos olham para mim sem entender, sem entender o óbvio.

- ELA ACORDOU. - Grito mesmo. - ELA ESTÁ ACORDADA. - Corro para abraçar minha irmã. Rodrigo cai no chão agradecendo a Deus, Tayla me tira dos braços de minha irmã e me abraça, esse era sem dúvidas um dos momentos mais felizes de minha vida, minha Valen, minha Estrela, ficaria bem.

Valentina PVO.

Depois de todo o alvoroço de Luiza ao me ver acordada, tiram ela de perto de mim, mas eu não a queria longe, eu queria que ela ficasse comigo e me garantisse que tudo ficaria bem, eu estava com muita dor, minha cabeça, meu corpo, tudo em mim doía. Respirar doía, aquele tubo em minha garganta rasgava tudo por dentro.

- Está sentindo dor? - pisco uma vez para que ele entenda. - Morfina agora. Preciso que você nomeei a dor de 0 a 10 através de piscadas. - Pisco oito vezes. - Mais morfina. Minha querida amiga foi um acidente e tanto achei que tínhamos te perdido, preciso que mexa a perna que não está quebrada. Teve muitas lesões na mão tivemos que consertar quase todos os ossos metacarpais, vai ficar de molho um bom tempo. - Pisco para ele confirmando. - Meses de fisioterapia, não será fácil, mas você consegue, o pior já passou. - Enquanto conversa comigo, coleta meu sangue, faz alguns testes. - Vamos retirar a cânula agora para você respirar sozinha, isso pode doer um pouco.

Doer um pouco? Eu não era de reclamar de muita coisa, mas eu senti minha alma saindo do meu corpo e voltando para dizer adeus.

- Lu..ii..za.. - Tento, mas nada sai mais do que um sopro.

- Não faça força ainda mocinha, ainda está muito debilitada e ainda temos que estabilizar sua pressão que está muito baixa. - Charles me orienta. - Mas eu vou chamar sua amada.

Parecia um filme em minha cabeça, aquelas crianças com nossos rostos, Luiza mais velha, a paz em estar naquele sítio com as crianças brincando e andando de cavalo, Luiza resmungando como uma mãe protetora, Luiza mãe, eu mãe, nós casadas. Tudo vinha muito rápido, mas eu sinto uma mão me trazer de volta a realidade, aqueles olhos castanhos como mel me encarando chorosa.

Até o Para Sempre - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora